A Volvo pode mudar a sua estratégia de passar a ser uma marca 100% elétrica em 2030. E a mudança de plano está umbilicalmente ligada ao verdadeiro trambolhão que as vendas de modelos 100% elétrico sofreram nos EUA e na China. Hakan Samuelsen era um férreo defensor dos automóveis elétricos. Jim Rowan, o atual CEO é mais contido e com as vendas de elétricos a não descolarem… está a precaver-se!
Com toda a certeza não era isto que o anterior CEO da Volvo desejava para a casa sueca propriedade da chinesa Geely. Hakan Samuelsen defendeu até à sua saída que nada faria a Volvo tergiversar do rumo escolhido: ser uma marca 100% elétrica em 2030! O mercado roubou-lhe a razão e o lugar e o novo CEO, Jim Rowan (em baixo na foto) é bem mais cauteloso e já disse que não há linhas vermelhas.
Estratégia elétrica terá de ser recalibrada
Dizia a canção do 25 de Abril cantada por Zeca Afonso que “o povo é quem mais ordena”. Na mobilidade elétrica é mais ou menos assim “e o cliente é quem mais ordena”. E os clientes continua renitentes, seja por os carros são caros – e os “low cost” que vão inundar o Velho Continente não parecem ser capazes de mudar muito o cenário – seja porque a maioria torce o nariz à mobilidade 100% elétrica, seja por que razão for. E bem pode Ursula von der Layen, presidente da Comissão Europeia, dizer que não mexe nas datas para abolição das vendas de automóveis com motores de combustão interna. Inevitavelmente vai ter de mudar!
Volvo pode mudar estratégia… já!
Se a mais férrea defensora dos automóveis elétricos está a um passo de mudar, todos os outros construtores já têm planos para o mesmo. Jim Rowan já percebeu que a mais ousada estratégia do “elétricos ou nada” da Volvo é um suicídio.
Assim sendo, a marca sueca está a reorientar a sua estratégia. Em primeiro lugar porque o crescimento da tecnologia tem estado a ziguezaguear. Em segundo lugar, as vendas nos EUA e na China têm estado a cair.
Curiosamente, Bjorn Annwall, patrão das vendas da Volvo, tinha dito o ano passado que “a Volo não vai vender um único automóvel que não seja elétrico depois de 2030!” A grande verdade é que apesar de Jim Rowan declarar aos quatro ventos que é um enorme crente “na propulsão elétrica” dizendo, mesmo, que é uma melhor tecnologia que a centenária combustão interna, as coisas vão mudar. E o CEO da Volvo já reconheceu que “vai levar mais tempo que o esperado para que as diferentes questões do mundo da eletrificação total se possam resolver e unir.”
Híbridos podem ser a ponte para chegar à eletrificação total
Para Jim Rowden, “os híbridos formam uma solução robusta para os nossos clientes que não estão prontos para mudarem para a eletrificação total. Os nossos híbridos Plug-In e híbridos ligeiros continuam a ser muito populares e, por isso mesmo, continuaremos a investir nessas gamas.”
Por outro lado, os concessionários da Volvo nos EUA e na Europa esperam que a Volvo continue a vender híbridos depois de 2030. Um concessionário norte americano referiu à Reuters que “teremos de ter modelos híbridos de várias ordens porque se assim não for… morremos! A Volvo descarrilou quando decidiu seguir esta estratégia cega de ser marca apenas elétrica em 2030.”
Da mesma forma, todos os concessionários Volvo esperam que os governos encarem os PHEV como uma solução e os comecem a beneficiar tal como faziam com os elétricos. Também por isso a Volvo pode mudar de estratégia!
Por isso mesmo, não é com surpresa que a Volvo está a pensar atualizar a plataforma SPA1 (capaz de suportar sistemas híbridos e híbridos Plug-In) que serve de base ao XC60’ e XC90. Este último acaba a produção em maio de 2030 e não teria substituto sem ser um novo modelo 100% elétrico. Isso, claro, vai mudar até porque especialistas em engenharia reconhecem que qualquer modelo feito com base na SPA1 pode durar mais de uma década devido à tecnologia e à engenharia nela colocada. Basta mudar a roupagem que o resto é capaz de se manter em dia durante muitos e muitos anos.
