Foram 10 dias a percorrer alguns dos locais mais extraordinários do tesouro que é o território marroquino. Depois da primeira parte desta aventura com o resumo dos cinco primeiros dias, aqui fica a segunda parte do maior e mais longínquo evento do Clube Escape Livre, o Off Road Bridgestone First Stop Marrocos.
Boumalne Dades
O dia começou com um momento insólito e inesperado, com a tentativa de reanimação de uma das viaturas que já depois de percorrer os primeiros metros decidiu desligar-se sem motivo aparente. Após algumas tentativas sem sucesso, os ocupantes integraram outros lugares na caravana de forma a não perder tempo.
Uma das etapas desenrola-se na zona de Boumalne Dades, permitindo atravessar o belíssimo Jbel Saharo, uma das montanhas mais altas da cordilheira do Atlas, a mais de 2700 metros de altitude. As paisagens já eram conhecidas de alguns que confirmaram uma vez mais a sua beleza e raridade. Até lá, a subida das “Gorges du Dades” é sempre um momento que merece registo fotográfico uma vez no topo, onde se chega depois de uma série de curvas e contracurvas a 180º. Ainda antes, existem outras paisagens admiráveis, entre as suas aldeias pitorescas e a contrastante vegetação verde das margens e as montanhas áridas em redor, como a que contém uma zona de enormes rochedos arredondados. As culturas agrícolas predominantes também variam ao longo do vale.
O percurso voltou a levar-nos aos 2900 metros de altitude e onde é possível registar as cabras que trepam a montanha em manobras de malabarismo notáveis, nitidamente adaptadas aos terrenos montanhosos.
Depois do almoço em restaurante na aldeia de Agoudal, onde as crianças invadem as ruas na tentativa desesperada de receber mais alguma oferta à chegada da caravana, foi tempo de rever as “Gorges do Todra“, antes do regresso ao Hotel Xaluca em Boumalne du Dades. Foi aqui que decorreu o jantar e uma entrega de lembranças dos patrocinadores e da Federação Portuguesa de Futebol.
O incontrolável também acontece
Durante toda a noite decorreram tentativas sem sucesso por parte da equipa de mecânicos do evento e com a ajuda de alguns “profissionais” locais para reanimar o veículo da equipa Nº6. Depois de confirmado o problema elétrico, e sem que alguma solução tivesse sido conseguida durante largas horas, já muito de madrugada acabou por se decidir o reboque da viatura. Os ocupantes integraram outros lugares na caravana sem perderem nenhuma das experiências. Em três anos de Off Road Bridgestone Marrocos, esta foi a primeira situação não resolvida no local pela equipa de mecânicos.
Boumalne Dades – Zagora
Previa-se um dos dias mais duros, com 420 km a percorrer dos quais 80 seriam em terra. O destino era Zagora, onde a caravana foi recebida principescamente na Riad Lamane para um almoço que encantou todos em animado convívio. A parte da tarde foi em direção ao deserto do Sahara, mais concretamente ao Erg Chegaga.
No caminho deu para observar o maior palmeiral do mundo no Vale do Draa. Milhares de palmeiras numa extensão de cerca de 250 km fazem desta a região das Tâmaras e confirmam a presença de água, ainda que o rio Draa desapareça de vez em quando devido à grande permeabilidade dos solos, ricos em areia.
Antes da chegada ao acampamento, o momento que muitos esperavam. A entrada em terra depressa proporcionou as tão ansiadas experiências de condução em areia, e que depressa necessitaram de entreajuda entre participantes para retirar alguns menos experientes das areias do Sahara. Depois de um pequeno briefing da organização e de serem seguidas algumas regras básicas a caravana ainda atravessou, sem mais percalços, uma tempestade de areia até ao acampamento no Erg Chegaga.
Marrocos é feito Momentos atribulados
Entre os resquícios da tempestade, duas avarias mecânicas e mais um “atascanço”, resolvido com o guincho da Mercedes-Benz Classe X da organização, a chegada foi muito atribulada mas depressa se revelou memorável com o pôr do sol entre as dunas irregulares a proporcionar momentos únicos para registo fotográfico e de relaxamento e contemplação.
As avarias foram ambas contornadas com a equipa incansável de mecânicos. Desde a reparação do radiador da equipa Nº8 ao volante de um Porsche Cayenne, à resolução de um problema com a caixa de transferências de um Jeep Wrangler da equipa Nº23.
Depois de instalados nas tendas do acampamento em pleno Erg Chegaga, o jantar à luz da noite, das velas e de uma ou outra improvisação marcou o fecho de mais um dia que teve direito a animação típica e não só.
Erg Chegaga – Marrakech
A chegar ao último dia e também ao mais difícil desta aventura, a maioria aceitou o desafio de escalar às dunas do Erg Chegaga antes das 6 h da manhã, para apreciar o nascer do sol, mais um momento que marcou esta experiência.
Depois foi tempo de baixar a pressão dos pneus para condução em areia por longos períodos. Para além de atravessar o maior lago seco de Marrocos (Iriki) a caravana tinha no caderno de encargos para este oitavo dia, percorrer cerca de 450 km dos quais 120 em terra para conseguir terminar o dia em Marrakech. Os longos trilhos de areia conduziram todos ao local que permitiu mais um momento para registo fotográfico com os 20 veículos 4×4 lado a lado. O arranque foi feito estilo “drag race”, com as 20 viaturas lado a lado.
Sem mais demora, seguiram-se as pistas em direção a Foum Zguid. Se dúvidas houvessem, foi nos trilhos duros dos últimos quilómetros fora de estrada que as Mercedes-Benz Classe X voltaram a confirmar as mais-valias em termos de suspensão/conforto culminando no consenso óbvio da sua superioridade neste aspeto face às restantes propostas.
Já em asfalto e depois de reabastecidas as viaturas, reposta a pressão, e de reparado um furo em poucos minutos, teve lugar o piquenique que uma vez mais fomentou o convívio entre todos e onde nada faltou, das entradas à picanha grelhada no momento, terminando com o café necessário para ajudar a percorrer os muito exigentes 300 km finais até Marrakech, onde a caravana chegou imediatamente após uma tempestade tão grande que inundou as estradas de entrada na cidade.
A chegada ao Hotel Savoy representou um Oásis depois de um dia longo e cansativo mas que terminou da melhor forma e permitiu a todos novas experiências.
Marrakech – A cidade que não pára
O último dia foi de programa livre em Marrakech, aproveitado para visitar alguns pontos da cidade e fazer compras na Medina atravessando a famosa praça Jemaa el-Fna. O jantar em restaurante típico com dançarinas e muita animação encerrou uma vez mais o programa oficial do Off Road Bridgestone First Stop Marrocos.
Após cerca de 4000 km e mais de 80 horas ao volante com poucas horas de sono em algumas noites, responsáveis por algum cansaço natural, a enriquecedora experiência valeu por cada momento, cada paisagem, cada amizade, cada imprevisto rapidamente contornado e por um convívio e espírito entre todos que foi várias vezes elogiado. São viagens e experiências que ficam para a vida.
Distância: 110 km
Tempo: 6 h 5m
Consumo: 12,9 l/100 km
Média: 18 km/h
Distância: 335 km
Tempo: 8 h 2 m
Consumo: 8,4 l/100 km
Média: 41 km/h
Distância: 414 km
Tempo: 11 h 42 m
Consumo: 9,7 l/100 km
Média: 35 km/h
O dia de programa livre em Marrakech foi aproveitado pela equipa de mecânicos para rever todas as viaturas nomeadamente no que diz respeito a pneus e filtros de ar, de forma a evitar imprevistos na viagem de regresso.
Distância: 1269 km
Tempo: 11 h 53 m
Consumo: 11,7 l/100 km
Média: 106 km/h
* Dados referentes ao regresso à cidade da Guarda
Distância: 4388 km
Tempo: 83 h 31 m
Consumo: 10,5 l/100 km
Média: 52 km/h
* Dados referentes ao regresso à cidade da Guarda
Os dados registados são referentes à Mercedes-Benz Classe X do Clube Escape Livre.