Decorre neste momento a 3ª edição do Off Road Bridgestone First Stop por terras de Marrocos, o maior e mais longínquo evento do Clube Escape Livre, guardado “na gaveta” durante vários anos até 2016.
Foi também por insistência de muitos dos habituais participantes nos eventos do Clube Escape Livre que foi para a estrada, em 2016, o primeiro Off Road Bridgestone Marrocos. A lista de interessados era tão grande, que não foi possível na primeira edição incluir todos, o que levou a uma segunda edição, em 2017, praticamente preenchida apenas com quem não teve vaga na primeira edição.
Não há duas sem três…
Mas o êxito e a grandiosidade das paisagens marroquinas foi tal que, dois anos depois, estamos a meio do 3º Off Road Bridgestone First Stop Marrocos. Com um programa totalmente novo, a caravana de 20 viaturas é composta essencialmente por quem viveu uma da duas primeiras experiências e não hesitou em regressar. A imensidão, grandiosidade, e deslumbramento das paisagens junta-se a experiências fora de estrada únicas e que, em conjunto com bom convívio, boa disposição e grandes amizades, acabam mesmo por viciar, motivo que leva muitos a regressar ao Reino de Marrocos todos os anos, alguns mesmo até mais do que uma vez, para ir descobrindo cada uma das preciosidades deste tesouro do norte de África, mesmo aqui ao lado.
A terceira edição arrancou em dia de feriado, 25 de abril, com os participantes a rumarem a Jerez de La Frontera, vindos de vários pontos do país enquanto outros, em menor número, apanhavam o avião para Casablanca, onde levantaram os veículos 4×4 alugados. O encontro com estes fez-se em Tânger, já depois da travessia de barco do Mediterrâneo, que decorreu de forma rápida e sem qualquer incidente.
A chegada a Tânger, cidade que tem registado um desenvolvimento considerável nos últimos anos e que tem atualmente como objetivo ser uma das maiores cidades de Marrocos até 2032, fez-se bem cedo, permitindo um almoço relaxado e uma visita guiada à cidade, seguida da primeira refeição em conjunto com todos os participantes.
Tânger – Chefchaouen – Fez
O primeiro dia de verdadeira aventura começou cedo em direção à cidade de Fez mas com um almoço na “cidade azul” de Chefchaouen, e que uma vez mais permitiu a todos uma visita a pé pelas ruas onde o azul predomina entre muitas outras cores que pintam cada esquina, dando uma outra vida à pequena cidade. Os participantes puderam uma vez mais visitar as ruas onde o azul predomina entre muitas outras cores que pintam cada esquina dando uma outra vida à pequena cidade, onde o estacionamento para 20 viaturas foi o maior desafio.
Fez – Khénifra – Bin Ouidane
O terceiro dia marcou a estreia em percursos de terra depois da visita à cidade onde o Rei passa férias, uma autêntica pérola no meio de Marrocos. Ifrane é uma cidade que contrasta com todas as outras pelo aspeto cuidado, assemelhando-se mais a uma cidade suiça.
Os 70 km de percursos de terra iniciaram-se após uma pequena paragem em Ifrane e permitiram de imediato pintar as viaturas com lama de vários charcos provenientes das últimas chuvas. A caravana prosseguiu entrando na Floresta de Cedros na região de Azrou, onde o ritmo abrandou e permitiu um animado pique-nique ao final da manhã, antes de rumar a Bin Ouidane, com uma subida que encantou apesar do cansaço. Já no Hotel Chems Du Lac foi possível admirar a barragem, com função dupla de produção de energia elétrica e de irrigação. É a barragem mais alta de África, e a maior barragem hidroelétrica de Marrocos em termos de produção de eletricidade. A água represada alimenta uma vasta rede de irrigação, que se prolonga por 125 km e cobre 65 000 ha de terrenos agrícolas.
Ficaram também marcadas as 24 horas de condução acumuladas desde a saída de Lisboa no dia 25 de abril.
Bin Ouidane – Ait Bouguemez
O 4º dia prometia paisagens magníficas com a subida do Médio Atlas mas a “Cathédrale de rochers” ou Catedral de Imsfrane foi o que mais surpreendeu. Mais uma pérola deste tesouro. Um maciço rochoso em forma de catedral de uma imponência sem igual, e que tem o seu ponto mais alto a cerca de 1800 m de atitude. Perdida no meio das montanhas do Atlas é uma falésia com mais de 600 metros, e um local onde pouca gente vai por estar longe da civilização. Foi essa a altitude entretanto atingida pela caravana em direção a Ait Bouguemez, aldeia “no meio do nada” e onde se chegou debaixo de uma tempestade que incluiu granizo. Antes do alojamento feito em duas Kashbah, alojamentos locais que permitiram também conhecer melhor os hábitos e culturas locais, houve ainda um contratempo com uma viatura prontamente resolvido não apenas pela organização mas por todos os participantes.
Ait Bouguemez – Boumalne du Dadés
Depois da tempestade do dia anterior, o dia amanheceu frio mas sem chuva. Ainda no estacionamento, um furo acabou por atrasar a partida para uma das melhores subidas em terra, rapidamente apelidada pelos participantes de “Pikes Peak”. O percurso até aos 3 mil metros de altitude, na travessia do Alto Atlas foi feito com paisagens de cortar a respiração. O topo do Atlas, com as maiores altitudes de todo o Norte de África, a cerca de 4 mil metros de altitude e coberto de neve, foi o cenário perfeito para as fotografias.
Antes da chegada a Boumalne Dadés, a caravana repetiu um percurso imperdível de cerca de 20 km, já efetuado nas edições anteriores, mas agora em sentido oposto. As pistas do “Vallée des Roses” deslumbraram com os seus tons entre os castanhos e o rosa. O nome no entanto deve-se aos roseirais que permitem a produção de pétalas usadas em perfumaria e culinária, mas também para manter as cabras afastadas das culturas. Alguns rochedos arredondados por vezes parecem desafiar o equilíbrio. Ao longo do vale encontram-se ainda várias pequenas aldeias com casas tradicionais de terra, e hortas. A economia da região baseia-se sobretudo na agricultura de cevada, milho e batata, além das rosas.
Estavam assim atingidos os 2000 km de viagem, no nosso caso contados a partir de Lisboa, ao volante da Mercedes-Benz Classe X.
Distância: 135 km
Tempo: 2 h 20m
Consumo: 8,9 l/100 km
Média: 71 km/h
Distância: 315 km
Tempo: 7 h
Consumo: 7,7 l/100 km
Média: 45 km/h
Distância: 400 km
Tempo: 10 h
Consumo: 9,3 l/100 km
Média: 39 km/h
Distância: 174 km
Tempo: 6h 30m
Consumo: 12,2 l/100 km
Média: 26 km/h
Distância: 110 km
Tempo: 6h 5m
Consumo: 12,9 l/100 km
Média: 18 km/h
Distância: 2101 km
Tempo: 43h 4m
Consumo: 10,4 l/100 km
Média: 48 km/h
*Valores totais com partida de Lisboa
Os dados registados são referentes à Mercedes-Benz Classe X do Clube Escape Livre.
Nem tudo são rosas
Naturalmente que nem tudo são rosas em continente Africano, e qualquer viagem ou expedição deve contar com o imprevisível. As histórias e episódios sucedem-se e marcam cada visita ao território marroquino, fazendo sempre parte da experiência.
No que diz respeito aos veículos, a equipa de assistência que acompanha o evento, composta por dois elementos, conseguiu até ao momento resolver todos os contratempos, entre furos e outros problemas em algumas viaturas, nomeadamente nas de aluguer.