As discussões vão permanecer até à eternidade sobre os méritos de Lewis Hamilton e os talentos de Max Verstappen, tal como sucedia com Schumacher e Hakkinen, Senna e Prost, enfim, uma rivalidade colorida que esta a desenvolver-se num Mundial de F1 que está ao rubro. O GP F1 de Espanha confirmou isso mesmo uma vez mais.
Muitos vão olhar para o copo meio cheio e dizer que a luta entre Hamilton e Verstappen, Mercedes contra Red Bull, está a tornar este campeonato como um dos melhores dos últimos anos. Outros mais vão dizer que a Fórmula 1 é uma porcaria, que no passado é que era e que já não se fazem corridas como antigamente.
Prefiro, sempre, ver o copo meio cheio e não fico melindrado por Lewis Hamilton ter chegado à 100ª “pole position” e estar a caminho da 100ª vitória. É um excelente piloto que ultrapassou o estigma de ser negro, tem um talento fabuloso que foi sendo lapidado desde tenra idade pelo dinheiro da McLaren de Ron Dennis. Tem tido o melhor carro? Tem! Mas este ano isso até nem é verdade e o seu adversário, mais jovem, tem nas mãos o melhor carro do plantel.
3-1 para Hamilton
Max Verstappen tem um enorme talento quase tão grande quanto o seu ego e isso, juntamente com o casamento de milhões com a Red Bull, está a emperrar a sua carreira. Já venceu este ano, é verdade, mas contas feitas a este início de campeonato, Hamilton venceu no Bahrain, em Portugal e agora em Espanha. Verstappen só ganhou em Imola.
E a verdade é que o piloto da Mercedes tem ganho corridas no braço, com recuperações extraordinárias, bafejado pela sorte aqui e ali, mas sendo regular. Mesmo quando comete erros. Sim, Lewis Hamilton comete erros, não é uma máquina. Mas está muito mais maduro e encara o que as corridas lhe dão sempre de forma positiva, com mais ou menos choro (todos são iguais) ou mais ou menos discussão com o seu “wing man”, o tranquilo engenheiro Peter Bonnington.
O GP de Espanha foi muito animado e ganho no braço e através da sagacidade estratégica da Mercedes
O arranque de Max Verstappen da segunda posição da grelha deste GP F1 de Espanha foi melhor que o de Lewis Hamilton da “pole”, mas o holandês preferiu ficar atrás do britânico, atacando de imediato e com uma manobra agressiva que quase acabava com os dois fora de pista, Verstappen ficou na liderança da corrida. Aqui, Hamilton foi inteligente e levantou o pé para evitar deixar na escapatória a liderança o campeonato.
Porém, esta cautela de Hamilton fez a Mercedes voltar à calculadora e desenhar uma estratégia mais agressiva para colocar o seu piloto em posição de ganhar pela 98º vez na sua carreira.
Valtteri Bottas continua a sua via sacra rumo ao despedimento. O finlandês adicionou insulto à incapacidade quando Charles Leclerc o passou ao volante do seu Ferrari pelo exterior na curva 3 depois do desaguisado entre Hamilton e Verstappen.
Com um Ferrari a “entupir” o pelotão, rapidamente o Red Bull e o Mercedes se foram embora, até porque os dois seguiam num ritmo inalcançável para os restantes. Verstappen fugiu a Hamilton até que a falha eletrónica do AlphaTauri de Yuki Tsunoda trouxe o “Safety car” e anulou o que o holandês construiu.
O recomeço da corrida viu Hamiton não esboçar nenhum ataque perante um Verstappen que andou feito louco a atirar o carro de um lado para o outro para evitar oferecer um reboque ao britânico. Apesar de não ter DRS, Hamiltou andou ao ritmo de qualificação nas duas voltas antes do DRS sem autorizado, ficando a diferença entre os dois em menos de um segundo.
Paragem demasiado demorada
Executando a estratégia da Mercedes, Hamilton começou a forçar e a pressionar Verstappen que acabou por parar nas boxes para trocar para pneus médios. No melhor pano cai a nódoa e a Red Bull fez uma paragem desastrosa. Alguns sobrolhos se levantaram quando a Mercedes não reagiu e manteve o campeão do mundo em pista mais algumas voltas até parar para montar os pneus médios, sendo seguido por Leclerc.
Obviamente que Verstappen ficou na frente e com uma boa margem para Hamilton. Com pneus mais frescos, o campeão do Mundo começou a encolher a diferença à média de 1,5 segundos por volta. O holandês fez das tripas coração para manter Hamilton fora da zona de DRS e a verdade é que o campeão do Mundo nunca conseguiu estar em posição de retirar o primeiro lugar a Verstappen.
“Golpe” de mestre!
Foi então que a Mercedes destapou a estratégia: mandou entrar Hamilton, colocou-lhe um jogo de pneus médios usados e devolveu-o à pista 22 segundos atrás de Verstappen.
A Red Bull poderia ter respondido, mas acreditou que a vantagem seria suficiente e por isso manteve a estratégia de uma única paragem. Até porque já não tinha pneus médios para montar no RB16B de Verstappen.
Os dados estavam lançados para o resultado deste GP F1 de Espanha! Verstappen tinha de se haver com os pneus que tinha e de os fazer durar até final, Hamilton passava a modo de qualificação e começou a escovar a diferença ao ritmo de segundo e meio por volta.
Ainda perdeu algum tempo atrás de Bottas (apesar deste ter recebido ordens para não incomodar Hamilton), mas assim que passou pelo outro Mercedes, voltou a voar pelo traçado catalão e numa mão cheia de voltas encostou-se ao Red Bull.
Verstappen voltou a abanar o Red Bull para soltar o Mercedes da sua cauda, mas o W12 pode abrir o DRS e a diferença de velocidade era tão grande que ultrapassou sem dificuldade Max Verstappen.
A Mercedes, entretanto, com Bottas a quilómetros de distância da luta pela vitória, parou o finlandês e deu-lhe pneus novos para atacar o ponto de bónus da volta mais rápida. O que permitiu à Red Bull, desta feita, responder e dar a Verstappen, admitindo a derrota face a Hamilton, a possibilidade de marcar o ponto de bónus. O piloto da Red Bull esteve mais eficaz que Bottas e levou para casa o referido ponto.
Ferrari quase no pódio
Charles Leclerc quase ficava no pódio deste GP F1 de Espanha depois da paragem de Bottas, mas o Mercedes é muito superior ao Ferrari e com o DRS, já à beira do fim da prova, o finlandês ficou com a terceira posição.
Quinta posição para Sergio Perez, uma vez mais a anos luz de Verstappen , na frente de Daniel Ricciardo. Após uma luta dura entre os dois, o australiano cedeu a posição ao mexicano, mas ficou na frente de Lando Norris. Desta feita, os McLaren não lideraram o segundo pelotão. Carlos Sainz ficou no sétimo posto, na frente de Esteban Ocon e de Pierre Gasly, os últimos a recolher pontos.
Contas feitas ao campeonato, Lewis Hamilton reforçou a liderança tendo 14 pontos de vantagem para Max Verstappen e 47 pontos de vantagem para Valtteri Bottas, com Lando Norris e Charles Leclerc a fecharem os cinco primeiros com 41 e 40 pontos, respetivamente. A Mercedes adiantou-se nos construtores tendo 29 pontos de vantagem para a Red Bull e 76 pontos para a McLaren. A próxima prova será o GP do Mónaco já no próximo dia 23 de maio.
Classificação final do Grande Prémio F1 de Espanha:
- 1º Lewis Hamilton Mercedes 66 voltas em 1h33m07,680s à média de 198,710 km/h
- 2º Max Verstappen RedBull Honda a 15,841s
- 3º Valtteri Bottas Mercedes a 26,610s
- 4º Charles Leclerc Ferrari a 54,616s
- 5º Sergio Perez Red Bull Honda a 1m03,671s
- 6º Daniel Ricciardo McLaren Mercedes a 1m13,768s
- 7º Carlos Sainz Ferrari a 1m14,670s
- 8º Lando Norris McLaren Mercedes a 1 volta
- 9º Esteban Ocon Alpine a 1 volta
- 10º Pierre Gasly AlphaTauri Honda a 1 volta
* Classificados 19 pilotos