A luta entre Lewis Hamilton e Max Verstappen está a oferecer emoção como há muito não se via na Fórmula 1 e em dia de azar para o holandês, o britânico acabou por cometer um raríssimo erro que o deixou fora dos pontos. O favoritismo estava do lado da Mercedes em Baku, palco do GP do Azerbaijão, mas a Red Bull tem, nesta altura, o melhor carro do plantel.
Ainda assim, a “pole position” foi para um surpreendente Charles Leclerc ao volante de um Ferrari. A Fórmula 1 a dizer que a lógica… é uma batata! Obviamente que se percebeu ser um caso isolado que não beliscou o domínio da Red Bull e da Mercedes. E não espantou ninguém que após duas mãos cheias de voltas cumpridas ao traçado citadino de 6.002 metros fosse o Mercedes negro de Lewis Hamilton a estar na frente de… Max Verstappen.
A corrida resolveu-se ainda antes dos eventos que conduziram à vitória de Sergio Perez, a primeira ao volante do Red Bull RB16B.
Primeiro a ultrapassagem de Hamilton a Leclerc quando o Ferrari não fez a trajetória certa na curva 15 abrindo a porta ao Mercedes. Depois, na sétima volta, Verstappen passou por Leclerc e na volta seguinte foi a vez de Perez deixar para trás o Ferrari que assim caiu para o quarto lugar.
Hamilton manteve atrás de si Verstappen até que a Mercedes fez para o campeão do Mundo para descartar os pneus macios pelos mais duros. Fez a paragem na 9ª volta, o que o deixava em pista com pneus Pirelli que tinham de durar até ao final da corrida no Azerbaijão.
O azar tocava pela primeira vez a Hamilton quando pronto para sair da box, passou o AlphaTauru de Pierre Gasly, a equipa for forçada a retê-lo e o britânico perdeu vários segundos.
Os suficientes para Verstappen ficar na frente após a paragem e para que Sergio Perez ficasse à frente do campeão do Mundo. E para se perceber do que estamos a falar, a paragem de Verstappen durou 1,9 segundos, a de Hamilton foi de 4,3 segundos!
Como Perez encarrilhou uma série de voltas muito rápidas até à paragem nas boxes, o mexicano oferecia a Verstappen o plano de fuga e ainda castigava Hamilton ao colocar-se entre o campeão do mundo e o seu colega de equipa. Este acabou por ser o momento chave no Azerbaijão. A paragem nas boxes foi feita demasiado cedo e a pressão sobre os pneus Pirelli foi intensa. A casa italiana dizia que os pneus mais duros aguentariam mais de 40 voltas, mas o primeiro sinal de fraqueza surgiu com Lance Stroll.
Os pneus ditaram a classificação final no GP do Azerbaijão
O piloto da Aston Martin seguia no quarto lugar e tentava passar por Nikita Mazepin (Haas – Ferrari) quando um pneu traseiro furou e aturou com o carro de Stroll contra o muro. Um acidente violento, sem consequências para o piloto, que surgiu depois das paragens da Ferrari e da Alpha Tauri e que ditaram uma troca de posição entre Leclerc e Gasly.
O francês ficou à frente do monegasco, enquanto Carlos Sainz Jr. falhava uma travagem e afundava-se na classificação. Quando Sebastien Vettel parou para troca de pneus, o alemão tinha passado várias voltas na liderança exibindo um excelente ritmo e ambição.
Safety Car em pista
O “Safety Car” entrou em pista devido ao acidente de Stroll e saiu pouco depois deixando nas mãos de Verstappen o controlo do pelotão. O recomeço foi algo caótico e a preocupação do holandês em defender a posição quase custava o segundo lugar a Perez.
A partir daqui o GP Azerbaijão não conheceu animação sensível e Max Verstappen entretinha-se a responder a Lewis Hamilton. O campeão do mundo fazia a volta mais rápida, o holandês respondia duas voltas depois. Parecia que o holandês estava a caminho de uma vitória que lhe daria gorda vantagem para um Lewis Hamilton encravado atrás de Sérgio Perez e ofereceria sólido avanço sobre a Mercedes no Mundial de Construtores porque Valtteri Bottas estava em dia não e afundado na classificação fora dos pontos.
Um golpe de teatro virou a mesa do avesso: o pneu traseiro do lado esquerdo do Red Bull de Max Verstappen explodiu, atirou o RB16B contra o muro e espalhou pela reta da meta de Baku a liderança do Mundial de Pilotos e do Mundial de Construtores.
Abandono para Verstappen no Azerbaijão, chuva de críticas a Michael Mais por não ter feito entrar, imediatamente, o “Safety Car” e a oportunidade de Lewis Hamilton dar lustro à ferradura dourada.
Reviravolta no Azerbaijão
Estava a corrida a chegar ao final e a FIA, para não dar a Verstappen a vitória (se acabasse a corrida ali, seria considerada a volta anterior e o holandês ganharia) e por sugestão da Red Bul, dar a possibilidade às equipas de trocar de pneus e evitar novos rebentamentos, lançou o “Safety Car” e depois uma bandeira vermelha.
Os comissários não deram como terminada a corrida e Hamilton tinha oportunidade dourada para ganhar uma corrida onde nunca esteve em condições de derrotar Verstappen. O campeão do Mundo atirou para o Mar Cáspio logo na primeira curva: tentou uma ultrapassagem impossível, falhou a travagem e acabou a corrida nos últimos lugares de mãos vazias de pontos.
Sergio Perez não teve luta por parte de Sebastien Vettel, feliz da vida com o primeiro pódio da Aston Martin – Mercedes, ganhando pela primeira vez com a Red Bull. Helmut Marko estava ainda mais feliz, pois, a Alpha Tauri reclamou o terceiro lugar do pódio com Pierre Gasly.
A “pole position” foi mesmo o melhor que a Ferrari conseguiu no final de semana de Baku. Leclerc ainda tentou uma desesperada ultrapassagem a Gasly, sem sucesso, e ficou no quarto lugar. Carlos Sainz salvou um oitavo lugar depois de um erro que o atrasou irremediavelmente.
Norris e Raikkonen
Destaque, ainda, para o quinto lugar de Lando Norris (a que juntou um 9º lugar de Daniel Ricciardo), na frente de Fernando Alonso (Alpine) e de Yuki Tsunoda. Kimi Raikkonen deu à Alfa Romeo um excelente 10º lugar.
O abandono de George Russell (Williams) e o péssimo andamento de Nicolas Lattifi, permitiram que os dois Haas não ficassem com a lanterna vermelha. Mick Schumacher ficou na frente de Nikita Mazepin e ambos na frente de Lewis Hamilton e Nicolas Latifi.
O 12º lugar de Valtteri Bottas no Azerbaijão fez com que a Mercedes saísse de Baku sem um único ponto, o que reforçou de forma enfática a liderança da Red Bull no campeonato de construtores. Nos pilotos ficou tudo na mesma com Verastappen na frente de Hamilton com o holandês a não beneficiar do ponto de bónus pela volta mais rápida que efetuou porque foi forçado a abandonar.
Próxima prova será o GP de França no circuito Paul Ricard, entre 17 e 20 de junho.
Classificação final
- Sergio Perez RedBull Honda 51 voltas em 2h13m36,410
- Sebastien Vettel Aston Martin Mercedes a 1,385s
- Pierre Gasly Alpha Tauri Honda a 2,762s
- Charles Leclerc Ferrari a 3,828s
- Lando Norris McLaren Mercedes a 4,764s
- Fernando Alonso Alpine Renault a 6,382s
- Yuki Tsunoda Alpha Tauri Honda a 6,624s
- Carlos Sainz Ferrari a 7,709s
- Daniel Ricciardo McLaren Mercedes a 8,874s
- Kimi Raikkonen Alfa Romeo Ferrari a 9,576s
Classificados mais 8 pilotos
Mundial de Pilotos
- 1º Max Verstappen, 105 pts;
- 2º Lewis Hamilton, 101 pts;
- 3º Sergio Perez, 69 pts;
- 4º Lando Norris, 66 pts;
- 5º Charles Leclerc, 52 pts; etc.
Mundial de Construtores
- 1º Red Bull Honda, 174 pts;
- 2º Mercedes, 148 pts;
- 3º Ferrari, 94 pts;
- 4º McLaren Mercedes, 92 pts;
- 5º Alpha Tauri, 39 pts;