Mais tarde ou mais cedo o dia em que nos sentaríamos ao volante do carro preparado para a nova aposta da Motor Sponsor iria chegar! É um Honda Civic Type R (EP3) que recebe um conjunto de alterações mecânicas e de segurança para ficar apto para alinhar no novo Troféu que chega já em 2022, a Civic Atomic Cup. Quis o destino que fosse eu a ter essa experiência ao volante do entusiasmante modelo nipónico, e logo no melhor circuito do país.
Era fim de semana de corridas do Troféu C1, projeto em que acreditei desde o início e no qual ainda participo a bordo do Citroën C1 com as cores da Razão Automóvel. Para além disso, decorriam também as 24 Horas de Le Mans com tudo ainda por decidir. Para quem gosta, um fim de semana de corridas a respirar octanas e rodeado de amigos que partilham a mesma paixão, é idêntico a uma semana de férias. Não só no bem que nos faz à mente, mas também no mal que nos faz à carteira… ?
Depois de umas voltas ao circuito no Citroën C1 para, durante os treinos livres, acertar pressões, definir afinações e cronometrar tempos de paragens, era o momento ideal para o meu “tête-à-tête” com o Honda Civic Type R. Volto a colocar o capacete, o hans, as luvas e… vamos a isso!
Primeiras impressões ao volante
Minutos antes tinha estado sentado no Citroën C1. A posição de condução a bordo do Civic Type R é bem mais baixa, e por sinal também mais “acolhedora”, fruto de um maior investimento na baquet. Nestas coisas a poupança nota-se depois de algumas horas em pista… A caixa de velocidades fica logo ali, o que se revelou bastante “prático” também em circuito. Encontrada a posição de condução e apertados os cintos de quatro pontos com ajuda do staff da Motor Sponsor, arranco pelo pit-lane fora. Enquanto isso as cabeças viram-se à passagem do promissor modelo que vai chegar às pistas já em 2022 para a Civic Atomic Cup, competição que terá duas ou quatro corridas, de 25 minutos cada, por jornada.
Já falamos aqui um pouco sobre as alterações a que a Motor Sponsor sujeita o modelo base (Honca Civic Type R EP3), com a ajuda da Atomic, de forma a torná-lo apto para o troféu. Este foi aliás o primeiro Type R a chegar até nós. As principais alterações são naturalmente o roll-bar de segurança, o autoblocante Quaife, os amortecedores Bilstein e claro, para tornar tudo mais emocionante, uma nova linha e panela de escape. A base (chassis, motor, peso), só por si, promete! Desta forma, vou me focar aqui mais na experiência ao volante.
Honda Civic Type R EP3 – O Civic a que temos direito!
Na nova rúbrica da nossa Newsletter trazemos um carro especial. Vale tudo, só não vale um carro qualquer! Esta semana o Civic Type R EP3.
A fundo no AIA com o Type R
Duas primeiras voltas para perceber algumas coisas, nomeadamente: A força de travagem, o comportamento em curva, e o funcionamento do autoblocante! A primeira é de se lhe tirar o chapéu. De tal forma que nas primeiras travagens mais fortes dei por mim a travar demasiado na entrada da curva. “Foi demais!” Pensei eu… No sistema de travagem, as únicas alterações são os tubos e malha de aço, para resistirem à fadiga, e as pastilhas de competição.
O comportamento em curva também ele está num excelente nível, no entanto é preciso saber contar com o autoblocante, principalmente quando os pneus (Toyo R888R na medida 205/40/R17) ainda não atingiram a temperatura ideal. Aliviar o pedal da direita por vezes resulta numa ligeira subviragem, mas que é imediatamente resolvida com o esmagar do acelerador. O bom trabalho do autoblocante sente-se quando nos puxa o carro o interior da curva. Desta forma começa a transmitir mais confiança, o que resulta naturalmente em andamentos mais rápidos. Volta após volta os pneus foram aquecendo, a minha confiança também, e já estava a olhar para os tempos.
Um Honda Civic Type R já totalmente preparado para a Civic Atomic Cup fica em 15 000€
Ao contrário do que acontece com o pequeno C1, o Type R chega à travagem para a primeira curva a quase 220 km/h e ainda a ganhar velocidade. Se o modelo base já prima pela “elegância”, aqui todo o peso supérfluo saltou fora. O motor faz-se ouvir, e de que maneira(!). O mesmo acontece com o som do escape que, não só invade o habitáculo em carga, como nos brinda com bons rateres nas desacelerações mais fortes. Gostei muito(!), afinal tudo contribui para a experiência e diversão ao volante, afinal é disso que se trata! Sentir a força do motor 2.0l atmosférico de 200 cv, com o VTEC a acordar depois das 6000 rpm para lhe dar aquele fôlego até para lá das 8000 rpm é qualquer coisa que vale a pena ser vivida por qualquer amante do desporto automóvel. Confesso que já tinha saudades!
A caixa está logo ali (o seletor entenda-se), o que permite recorrer-lhe sem retirar a mão do volante por muito tempo. As reduções por vezes parecem exageradas, só que não! É o “grito” do motor quando o colocamos perto das 6000 rpm. Não esqueçamos que este vai para lá das 8000 rpm…
Um bom upgrade
Surpreendentemente não é tudo 100% diferente do que se vive a bordo dos pequenos Citroën do Troféu C1. Isto porque a condução é fácil e intuitiva e o Type R tem reações previsíveis. Naturalmente acontece tudo mais rápido, com elevadas doses de diversão, e com menos margem para erros. Com toda a certeza é uma excelente evolução face ao Troféu C1, ainda que com um conceito distinto a nível de provas. Não se trata de resistência, mas sim de sprint com corridas de 25 minutos.
Por fim, e ainda que provas não faltassem, fiquei ainda mais certo de que a fiabilidade não é posta em causa. O Civic Type R nasceu para isto e em boa hora a Motor Sponsor o ressuscitou para, à semelhança do Troféu C1, animar as pistas nacionais.