Enquanto no Autódromo de Portimão decorriam as 6+6 horas do Tróféu C1, e em Pinhel se realizava mais uma edição do Drift de Pinhel, a 3ª prova para o Campeonato de Portugal de Drift, em Le Mans decorria a edição 2021 das 24 Horas de Le Mans que conheceu a presença de público nas bancadas, mas sem festas nem diversões, o que acabou por afastar alguns adeptos. Esta, voltou a mudar de data devido à pandemia de Covid-19, pelo que não teremos de esperar mais de 10 meses para a edição 2022 ter o seu início.
A edição deste ano, além de se realizar em agosto, começou com chuva e a certeza de que se nada de anormal sucedesse, a Toyota iria estrear o GR10 Hypercar em Le Mans com uma vitória, assim foi. Mike Conway, Jose Maria Lopez e Kamui Kobayashi ganharam, finalmente(!) as 24 Horas de Le Mans ao volante do Toyota GR10 com o número 7 que parecia amaldiçoado. Não foi uma edição feliz para a armada portuguesa.
Arranque atribulado em Le Mans
Pois bem, a Toyota deve ter algum contrato com um novelista ou um escrito de novelas de suspense, pois logo nos primeiros metros abriu-se o saco da asneira. Se Kobayashi colocou o carro 7 na “pole position”, em segundo ficou o carro 8 e num arranque com a pista molhada, Mike Conway foi-se embora deixando o azar depositado no GR10 de Sebastien Buemi. Logo na chicane Dunlop levou um toque do Glickenhaus 007 LMH de Oliver Pla, fez um pião e deixou passar para o segundo lugar o vetusto Alpine A480, perdão, o Rebellion R-13, ou melhor, o Oreca com motor Gibson que no ano passado era um LMP1.
Mas Nicolas Lapierre deve ter ficado deslumbrado e em Indianápolis trocou as mãos, alargou a trajetória. Com tudo isto e mais alguns desacertos dos adversários, Mike Conway ficou com uma confortável liderança ficando o outro Toyota com a missão de recuperar. A Toyota regressou à dobradinha quando estava cumprido o primeiro terço da prova.
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— 24 Hours of Le Mans (@24hoursoflemans) August 22, 2021
Porque umas 24 Horas de Le Mans sem drama não têm piada, a Toyota conheceu problemas com a alimentação do motor, nomeadamente, problemas de pesca de gasolina. Essa dificuldade roubou a vantagem nos reabastecimentos, com os GR10 a terem de encurtar o tempo em pista entre reabastecimentos. Isso afetou, primeiro, o carro vencedor, tendo Buemi sido forçado a parar para fazer um “reset” ao carro.
Nem tudo foram rosas para a Toyota
Ou seja, a Toyota foi reforçando a moral da Alpine e deixando os seus engenheiros à beira de um ataque de nervos. Lá conseguiram resolver os problemas, sobrevieram a uma noite que dizimou muitos carros e nas últimas estiveram com o credo na boca até que a bandeira de xadrez dizia que a Toyota tinha ganho e logo com o #7!
No final, Kamui Kobayashi estava emocionado tal como Mike Conway, pois ambos lembraram, certamente a prova de 2017 quando acompanhados de Stephane Sarrazin estavam na liderança e o japonês confundiu um gesto de outro piloto com um gesto de um comissário. Queimaram a embraiagem e a vitória… foi-se. O choro dos dois derivava dessa memória. Além disso, nas três vitórias consecutivas desde 2018, foi sempre o #8 a ganhar. Mas, finalmente, na estreia do Toyota GR10, a vitória sorriu ao carro #7 com Mike Conway, Jose Maria Lopez e Kamui Kobayashi, sendo que o carro #8 foi retido nas boxes para a foto de família ser feita e ter os dois carros no enquadramento. E foi Kobayashi quem levou o Toyota até à linha de meta. O segundo lugar foi para Sebastien Buemi, Kazuki Nakajima e Brendon Hartley.
Alpine no pódio
No terceiro lugar ficou o Alpine A480 de André Negrão, Nicolas Lapierre e Mathieu Vaxiviere, fechando o conjunto de carros da categoria Hypercar os dois Glickenhaus 007 LMH com o de Pipo Derani, Franck Mailleux e Oliver Pla na frente do carro pilotado por Ryan Briscoe, Richard Westbrook e Romain Dumas.
Portugueses sem sorte nos LMP2
António Félix da Costa chegou a Le Mans para pilotar o carro da Jota convencido que tinha armas para vencer pela primeira vez a clássica francesa. E se o pensou, realizou: fez a “pole position” e estava na liderança da prova com uma enorme vantagem quando Anthony Davidson perdeu o controlo do Oreca e ficou plantado na escapatória da chicane Dunlop. Perderam algumas voltas, mais tarde voltariam a perder tempo e nunca mais foram protagonistas da corrida.
No lado de Filipe Albuquerque, uma escolha errada de pneus fê-lo perder tempo e, mais tarde, alguns erros de Fabio Scherer e um alternador que entregou a alma ao criador, retiraram o carro campeão do Mundo LMP2 e vencedor de Le Mans em 2020 da luta pela vitória.
Que foi cair no colo de um dos Oreca da equipa WRT, no caso o pilotado por Robin Frjins, Ferdinand Habsburg e Charles Milesi. Mas esta vitória só foi possível porque o outro carro da WRT que estava na liderança avariou na última volta deixando em lágrimas Louis Deletraz, Yefei Ye e Robert Kubica. Um azar tremendo!
Pelo caminho ficaram muitos LMP2, com destaque para o Aurus da G-Drive que com Franco Colapinto andou pelos primeiros lugares, mas acabou apanhado por uma “slow zone” na zona das curvas Porsche, acertou no carro de Sophia Florsch, provocando o abandono do carro da Richard Mille pilotado apenas por senhoras.
O angolano Rui Andrade despistou-se com violência na chicane Dunlop e deixou a G-Drive com más recordações desta edição das 24 Horas de Le Mans.
Ferrari domina nos LMGTE Pro e AM
Apesar da fuga da maioria dos construtores da categoria GT, a luta entre Ferrari, Corvette e Porsche foi interessante, pese embora o Ferrari 488 Evo não tenha dado muitas chances aos adversários. Um BoP que não prejudica aquele que é considerado o melhor GT da competição permitiu que Alessandro Pier Guidi, James Caçado e Côme Ledogar levassem o carro da AF Corse. E a Ferrari não conseguiu uma dobradinha porque a suspensão do outro 488 Evo decidiu partir durante a noite e atrasou Daniel Serra, Miguel Molina e Sam Bird.
A Corvette levou um C8 até ao segundo lugar (Antonio Garcia, Jordan Taylor e Nick Catsburg), fechando o pódio o Porsche 911 RSR de Kevin Estre, Neel Jani e Michael Christensen.
Na categoria AM, foi um 488 Evo a ganhar com François Perrodo, Nicklas Nielsen e Alessio Rovera, seguido do Aston Martin Vantage de Ben Keating, Dylan Pereira e Felipe Fraga, fechando o pódio o Ferrari 488 EVO de Matteo Cressoni, Rino Mastronardio e Callum Illot.