Antes de mais, uma rápida apresentação. Esta é a primeira crónica de uma série de artigos promovidos e desenvolvidos numa parceria entre a Pocket Rocket PT, e o Clube Escape Livre. O objetivo é trazer quinzenalmente opiniões, histórias e curiosidades sobre alguns Pocket Rockets. Estes “foguetes de bolso”, que prometem uns bons e descontraídos momentos de leitura, numa dose de cultura automóvel de fácil digestão.
Porquê? A que propósito?
Porque tal como nós, e provavelmente tu que estás aí desse lado, também o Clube Escape Livre, e em particular a equipa que diariamente produz os conteúdos que aqui encontras, é fã do conceito. Afinal, diz-nos um fã de automóveis que não simpatize com pocket rockets? Cortesias feitas, vamos ao que interessa!
Também na rúbrica “A nossa garagem”, exclusiva para assinantes da Newsletter “Livre Trânsito” muitas foram as vezes que os pequenos desportivos, ou desportivos de bolso se assim preferirem, foram tema principal.
Pocket Rockets!
Estes pequenos brinquedos que nos enchem as medidas e deixam muitos desportivos no retrovisor, principalmente quando chegam as curvas… Apesar de termos, atualmente, no mercado alguns dos melhores da história, como o Ford Fiesta ST ou Toyota GR Yaris, esta parece ser uma espécie em vias de extinção…
A maioria dos que ainda resistem apresentam-se cada vez mais desvirtuados, seja pela eletrificação, aumento de peso ou pela extinção das carroçarias de três portas e/ou das transmissões manuais.
Independente disso, estas máquinas são ainda as que nos oferecem algumas das mais puras experiências de condução. Por outro lado são as que permitem, a muitos de nós, entrar no mundo apaixonante dos desportivos a preços acessíveis ao comum mortal. Por esta importância, impõe-se saber onde tudo começou!
A origem do conceito!
A ideia de “vitaminar” carros ditos normais não era nova. Uma das formas mais reconhecidas começou nas décadas de ’20 e ’30 com o Moonshine. O contrabando de álcool durante a lei seca nos Estados Unidos que daria, mais tarde, origem à NASCAR. Mas apesar de serem “Rockets”, definitivamente estes pesados modelos não eram “Pockets” de forma alguma!
Foi já na década de 60 que Paddy Hopkirk levava ao primeiro lugar do pódio do Rally de Monte Carlo, o mais prestigiado do mundo, o carro que punha esta filosofia no mapa, o MINI Cooper S. Não é por acaso que ainda hoje faz parte da lista dos cada vez mais raros pocket-rockets à venda no mercado.
O primeiro Pocket Rocket, baseado no pequeno citadino desenvolvido por Alec Issigonis, foi completamente repensado e aprimorado pelo seu amigo John Cooper. Originalmente viu a sua unidade motriz aumentar de 848 cm3 para 997 cm3, passando de 34c v para uns “estonteantes” 55 cv. O primeiro MINI Cooper, contava também com carburadores duplos de competição. Para além disso, tinha uma relação de caixa mais curta e, algo inédito à época, travões de disco frontais. Estas alterações, associadas aos seus “míseros” 570 kg, faziam com que alcançasse uma performance inigualável até então.
O MINI Cooper S é, ainda hoje, um dos Pocket Roquets que podemos comprar, com a versão JCW a representar o topo em termos de performance.
Contudo, em 1963 chegava o revisto MINI Cooper S, com mais 15 cv, um motor reforçado para afinações mais exigentes e discos de travões servo-assistidos de maiores dimensões! Foi com este revisto Cooper S que Hopkirk, partindo de Minsk na Bielorussia (sim, o Rally de Monte Carlo era diferente do que é hoje) levou o pequeno diabrete britânico à vitória no Monte. Desta forma envergonhando a concorrência da Porsche, Ford e Mercedes pelo caminho, com os seus bem mais potentes concorrentes.
O sucesso foi inegável! Cerca de 80 000 unidades vendidas do original Mk1 (entre Cooper e Cooper S) e ainda hoje um dos emblemas mais venerados na Indústria. Os Cooper e Cooper S são agora versões menos focadas e mais suavizadas que os seus homónimos originais. Essa responsabilidade recai agora numa outra sigla que bem se adapta à sua função, John Cooper Works (JCW). É a esta que se devem os mais potentes modelos da história MINI e os maravilhosos e mais limitados GP.
A sua importância e notoriedade são hoje indiscutíveis, John Cooper trouxe ao Mundo um dos segmentos com maior longevidade, os Pocket Rocket, ou pequenos desportivos. Seria este a dar origem a alguns dos mais míticos modelos da história automóvel, democratizando, pelo caminho, o automóvel desportivo.