Função e funcionamento
As velas (de ignição) são responsáveis por criar uma faísca na câmara de combustão, que por sua vez incendeia a mistura ar/combustível. É desta forma que se inicia o movimento dos cilindros que coloca o motor em funcionamento. Por esse mesmo motivo se chamam velas de ignição. Fazem a ignição do motor através da faísca. Ou seja, sem elas, não é possível fazer o arranque do motor.
Inventada com esse mesmo propósito, a vela de ignição existe nos motores de combustão interna instaladas na cabeça de cada cilindro, motivo pelo qual existem em número igual ao número de cilindros do motor. Da mesma forma que um motor de quatro cilindros utiliza quatro velas de ignição, no outro extremo o motor W12 utilizado em alguns modelos da Bentley, utiliza doze velas de ignição, uma por cada cilindro.
A eletricidade que é necessária para o bom funcionamento é transmitida pelos cabos das velas através de uma bobina de ignição. Embora os cabos não sofram o mesmo desgaste das velas de ignição, é possível que por vezes sejam os responsáveis por algumas falhas do motor, quando se encontram em mau estado, com ferrugem por exemplo.
Por esse motivo convém que sejam também verificados aquando da substituição das velas. Pode verificar o isolamento dos cabos. As juntas e as dobras dos cabos não devem ter quaisquer danos. Deve-se assegurar também que não existe oxidação entre a bobina da ignição e os terminais dos cabos. Por fim, pode ainda medir o grau de resistência utilizando um multímetro.
Substituição das velas de ignição
Naturalmente que, tal como acontece com muitos outros componentes que fazem parte do motor, o tempo de utilização ou a quilometragem a partir da qual devem ser substituídas, depende de vários fatores, e também de caso para caso.
No entanto, é recomendado que sejam verificadas de 10 em 10 mil quilómetros, podendo em alguns casos serem substituídas apenas aos 50 mil quilómetros. Ou seja, mais do que o tempo de vida das mesmas, o importante é que estejam ainda a fazer corretamente a sua função.
Antes de mais nada é preciso estar consciente de que as velas trabalham em condições extremas. Altas temperaturas, elevadas pressões, fortes vibrações, entre outras. São uma peça de desgaste como muitas outras que permitem o bom funcionamento do motor. Certo é que uma utilização mais intensiva em cidade leva a um maior desgaste das velas e, nesse caso, a antecipar a sua substituição é recomendável.
A fim de evitar danos, a substituição deve ser feita ainda com o motor frio, e com uma ferramenta própria apelidada de “chave de velas”. É necessário ter algum cuidado para não danificar as roscas da cabeça do motor. Uma vela amarelada, castanha ou cinzenta revela desgaste pelo deve ser substituída. Uma vela com vestígios de carvão ou eventualmente com algum tipo de fenda ou racha também já não se encontra em condições.
Fabrico
Simplificando, as velas de ignição são constituídas por um isolador, um corpo metálico e um condutor central.
São fabricadas em cerâmica para serem muito resistentes às altas temperaturas. Este material tem igualmente uma grande capacidade de absorção mas também de dissipação. Representa o isolador. A superfície mais larga, conhecida como “Castelo” é banhada a níquel, e tem como principal função prevenir a oxidação e corrosão. Faz parte do corpo metálico.
No interior existe um resistor vitrificado. Este assegura a condutibilidade e vedação, para além de fornecer proteção. Depois, o elétrodo central (condutor) de cobre melhora a dissipação do calor, ao mesmo tempo que previne sobreaquecimentos.
Na extremidade que entra na cabeça do cilindro existe o elétrodo lateral. É nesta extremidade, e entre os dois elétrodos, que se dá a faísca responsável pela ignição, e consequente arranque do motor.
Consequências mecânicas
Como resultado de velas de ignição em mau estado, desgastadas ou eventualmente com algum defeito podem surgir vários problemas, tais como:
- Dificuldade no arranque do motor;
- Aumento do consumo de combustível;
- Deficiente performance do motor;
- Falhas no funcionamento do motor (solavancos);
- Aumento de gases expelidos pelo escape (fumo escuro);
- Desgaste prematuro de outros componentes (bateria, alternador, catalisador…)
Por fim, convém referir que tudo isto é válido para os motores a gasolina. Contudo, os motores Diesel também têm velas, mas são velas de aquecimento, ou pré-aquecimento. Ao contrário das velas de ignição que provocam a faísca, nos motores Diesel as velas de aquecimento ajudam no arranque a frio, aumentando a temperatura da câmara de combustão.