O meu saudoso pai, mecânico daqueles que afinava carburadores de ouvido e amava as corridas como poucos, dizia-me sempre “olha lá, tens a mania que sabes já tudo? Até morreres vais estar sempre a aprender, nunca te esqueças disso!” Tenho seguido à risca este pensamento e por isso “incomodam-me” os detentores da verdade, os absolutistas e os que defendem ideologias só porque… sim!
A questão do ambiente, das alterações climáticas, da chuva que cai onde devia haver sol brilhante, os vulcões que vomitam lava depois de anos adormecidos, os abalos telúricos ummenosm pouco por todo o lado, enfim, uma conjugação de forças demoníacas que querem acabar com o nosso lar. Sendo que nós somos os piores facínoras porque entendemos que “nem oito nem oitenta”.
Sabendo que nada sei, tenho de olhar aos factos. A “embirração” com o automóvel é igual ao jogo da bola do bairro. O mais pequeno leva uns calduços e o gordo vai à baliza. E a contestação é pequena se o gordo ou o pequenino não forem os donos da bola.
Ora, neste momento, a bola não é do gordo nem do pequenino. Está na mão das organizações ambientais e nos defensores do ambiente que dramatizam a questão de uma forma que qualquer professor de arte cénica daria 20 valores!
O Drama! O Horror! A tragédia!
E tenho de o dizer, alguns são de uma inteligência fantástica com o mote “não temos Planeta B” ou “estão a roubar o futuro aos nossos filhos”. Aplauso! Enfim, todos temos um nariz e cada um usa-o como entender. Porém, há uma ideia que deveria ser, sempre, colocada em prática. O direito ao contraditório!
Infelizmente neste mundo onde as minorias querem sobrepor-se às maiorias invertendo os papéis ao impor formas de ser e estar que a maioria não deseja, onde a audiência passou a ser o principal mandamento à frente do “não matarás” e o “fica bem” sobrepõe-se a tudo, a questão da poluição é um “case study”.
Os movimentos ambientalistas – alguns com uma mente tão pequenina que vão à boleia de líderes políticos com ainda menos cérebro – trazem debaixo do braço os plenos maquiavélicos e demoníacos da indústria automóvel para nos fritar em lume brando devido aos gases de escape.
Tal como os políticos, cegos pelo palco e pelo aplauso, dizem as coisas mais mirabolantes como “os carros elétricos poluem zero e são a única solução para salvar o planeta”. Diria que a única solução para salvar o planeta seria colocar estes senhores a produzir alguma coisa que não discursos catastróficos.
São assim tão bons os elétricos?
Assim, de repente, porque é que olhamos todos para o malandro do automóvel como o grande Satanás poluidor e, convenientemente, não olhamos para os aviões, para os barcos, para a agro pecuária, para a indústria? O livro sagrado divino chamado Bíblia diz lá que “muitos coam o mosquito, mas engolem o camelo”.
Peguei neste trecho bíblico porque é exatamente isto que tem acontecido. Ataca-se 8% do problema, deixando 82% de fora. Imaginam quanto é que já foi reduzida a emissão de CO2 nos automóveis?
Ninguém faz e muito menos os senhores ambientalistas! Que escondem o facto de o buraco da camada de Ozono do planeta ter alargado desde que o Dieselgate surgiu e o motor inventado por Rudolph Diesel foi diabolizado. Que escondem o facto dos modelos 100% elétricos emitirem um valor combinado de CO2 de 45 g/km contabilizando todo o processo até ao consumo de energia, valor apenas 10 g/km inferior a um carro com motor de explosão. Que escondem o desastre ambiental que será reciclar todas as baterias de alguns milhões de veículos. Que escondem os graves problemas ambientais causados pela mineração de metais de terra rara e do lítio? Que escondem o facto dos combustíveis sintéticos feitos a partir da captação de CO2, desperdício doméstico e produtos não alimentares, contribuem para a redução de CO2 na atmosfera.
Dieselgate. O passado atormenta o futuro da Volkswagen
A Volkswagen tem apostado tudo na defesa do ambiente com os seus veículos elétricos, mas não será a curto prazo um tiro no pé?
Enfim, que escondem a convicção própria que a solução não está, apenas, nos veículos 100% elétricos, varrendo para baixo do tapete como fazem os políticos o parque automóvel europeu envelhecido e poluente.
Os construtores fazem a sua parte: vão lançando modelos elétricos e jogam nos números como na roleta. Um modelo 100% elétrico com 400 cv é perfeitamente normal e os supercarros elétricos que nascem como cogumelos atiram-se, sempre, para lá dos 1000 cv.
Não vale a pena ser seduzido por mais uma mentira. A potência elétrica tem menor densidade, precisa de muita energia entregue por baterias que têm ainda menor densidade. Quer um exemplo? Um Tesla Model S Plaid com 1000 cv não conseguiu melhor que ganhar dois segundos numa volta ao Nurburgring Nordschleif a um Alfa Romeo Giulia Quadrifoglio com metade da potência.
Além de ter andado algum tempo com a potência reduzida para que as baterias não fossem derretidas devido à temperatura de utilização, o peso gerou muitas dificuldades e a autonomia derreteu-se como gelo ao sol.
Mas… a mobilidade elétrica não é disparate!
Quer tudo isto dizer que a mobilidade elétrica é um disparate? Não!!!! A mobilidade elétrica é decisiva, como disse, nas grandes cidades, nos transportes públicos, nas entregas de curso curto. Aqui as vantagens são enormes!
Fora do casco urbano, um carro elétrico faz tanto sentido como uma viola num enterro. O Porsche Taycan e o Mercedes EQS, como exemplo, são demasiado pesados, e apesar de grandes baterias, a autonomia continua a ser uma dificuldade e o tempo de carregamento também.
Se os políticos desligassem o sentido da sobrevivência política e olhassem com olhos de ver que soluções integradas seriam bem mais eficazes e deixariam a economia mais saudável, o mundo seria melhor.
O motor inventado por Nicolaus Otto e, depois, modificado por Rudolph Diesel, ainda não ultrapassou os 50% de eficácia térmica para carros de estrada. Os sistemas de limpeza dos gases estão cada vez mais eficazes. Enfim, há ainda tanta coisa para fazer e, sobretudo, convencer os utilizadores. É que o sucesso das vendas apregoado por todos nós diz que não será antes da próxima década que os veículos 100% elétricos vão se superiorizar aos de combustão interna. Isto porque ninguém pode afirmar que os motores térmicos vão mesmo acabar em 2035.