O Grande Prémio da Arábia Saudita foi duríssimo fisicamente para os pilotos devido ao traçado de Jidá feito ao contrário dos ponteiros do relógio e muito veloz, impondo forças G muito elevadas. Mentalmente foi ainda mais duro para Lewis Hamilton e Max Verstappen! O resultado final deu a vitória a Lewis Hamilton e o segundo lugar a Max Verstappen e deixou tudo empatado no Mundial de Pilotos de Fórmula 1 com a decisão do campeonato a ser decidido no Abu Dhabi onde somente a vitória interessa.
O neerlandês está na frente porque tem nove vitórias contra oito do britânico, mas ambos têm 369,5 pontos. Porém, o caminho para este resultado foi tudo menos fácil ou isento de controvérsia.
Incidentes repetidos
Para lá das bandeiras vermelhas, demasiados incidentes nesta estreia da Arábia Saudita na Fórmula 1 que deu a 103ª vitória a Lewis Hamilton e a terceira consecutiva esta temporada. A “pole position” de Lewis Hamilton adivinhava problemas para Max Verstappen. O piloto da Red Bull tentou, tudo, para roubar o primeiro lugar da grelha de partida ao campeão do Mundo em título, mas levou longe de mais a ousadia e acabou por perder. Expôs-se, sem necessidade, a complicar a corrida pois a pancada no muro foi violenta e quase, quase, estragou a caixa de velocidades.
O que lhe daria uma penalização na grelha de partida que o deixaria mais longe do objetivo de ganhar o Grande Prémio da Arábia Saudita. Felizmente nada disso aconteceu e pôde sair do terceiro lugar da grelha para uma prova que foi tudo menos pacífica.
Max Verstappen já perdeu o aspeto de menino e se no passado a irreverência e a agressividade eram olhadas como características fantásticas de um campeão do Mundo precoce que venceu cedo e tudo indicava que vinha para arrasar os adversários.
É um enorme piloto com um talento puro inquestionável e provou-o quando tentou roubar a “pole position” a Lewis Hamilton. Estava a fazer uma volta absolutamente espetacular, mas exagerou e faltou-lhe pista e talento para fazer encolher o muro.
Lewis Hamilton ficou de depósito vazio no final da corrida depois de uma prova absolutamente fantástica em duelo com o piloto da Red Bull. O britânico teve de ultrapassar muita coisa durante a prova e algumas “armadilhas” do neerlandês para ganhar uma prova que deixou tudo igual no campeonato.
Decisões questionáveis
Absolutamente incrível a direção de corrida com Michael Masi a mostrar, mais uma vez, que não tem perfil nem pulso ao, publicamente, negociar decisões que pertencem aos comissários desportivos e aos regulamentos.
Ainda mais incrível o episódio protagonizado por Max Verstappen. O piloto da Red Bull não precisa de nada disto… não precisa de fazer travessuras como aquela de fazer uma travagem que teria como destino o despenhar do Mercedes na traseira do Red Bull. O objetivo? Quero acreditar que tenha sido um erro, uma distração e não uma manobra à imagem de Ayrton Senna no Japão em 1989, quando o brasileiro despistou-se arrastando Alain Prost e sagrando-se campeão do Mundo na gravilha da primeira curva.
A sorte protegeu os dois pilotos e se Lewis Hamilton se adaptou a um carro “coxo” em termos aerodinâmicos rubricando, ainda, a volta mais rápida, teve muita, mas mesmo muita sorte, em não ter ficado fora de prova.
Apenas e só… corridas!
Tudo o resto? Corridas! Corridas de automóveis! Não vale a pena os adeptos de um e de outro andarem aos tiros uns contra os outros. Dentro daquilo que são corridas de automóveis e dentro daquilo que sempre foram as lutas entre titãs – Prost x Senna, Schumacher x Villeneuve, Hill x Schumacher, enfim, muitas – o que se passou na Arábia Saudita foi absolutamente normal e tivemos direito a uma corrida extraordinária.
Ganhou Hamilton face a Verstappen depois de muita luta com o piloto da Red Bull a ser duríssimo face a um campeão do mundo em título que tinha clara na sua mente a necessidade de ser prudente. Porque, tal como Senna em 1989, Verstappen sabia que independentemente do que sucedesse em caso de incidente, a vantagem estava do seu lado, exatamente o oposto de Hamilton.
Acredito que as decisões de utilização dos pneus não foram as melhores por parte da Red Bull e deixaram Max Verstappen em inferioridade face a Lewis Hamilton no derradeiro fôlego da prova. O que mitigou os efeitos da estropiada asa dianteira do Mercedes.
Tudo se decide em Abu Dhabi
Contas feitas, tivemos uma das melhores corridas do Mundial de Fórmula 1, ligeiramente maculada pelo episódio de Verstappen e com uma direção de corrida que tresanda a incompetência e que deve levar a FIA a rever o edifício da direção de corrida. São já demasiados episódios sob a supervisão de Michael Masi e muita inconsistência nas decisões com o ponto mais baixo a publica negociação de penalizações aos pilotos com as equipas.
Valtteri Bottas (Mercedes) ouviu claro e em bom inglês a ordem de Toto Wolff para atacar o pódio de Esteban Ocon, conseguindo o finlandês, em cima da meta, relegar Esteban Ocon (Alpine) para o quarto lugar. Ainda assim um excelente resultado para a Alpine e para Ocon.
Daniel Ricciardo (McLaren) ocupou o quinto lugar, seguido de Pierre Gasly (AlphaTauri), os dois Ferrari de Charles Leclerc e Carlos Sainz, o Alfa Romeo de Antonio Giovinazzi e a fechar os pontos ficou Lando Norris (McLaren).
Na próxima semana o Mundial de Fórmula 1 conhecerá o campeão do Mundo de 2021, seja ele Max Verstappen ou Lewis Hamilton. Tudo será decidido no Grande Prémio do Abu Dhabi.
Classificação final
- 1º Lewis Hamilton (Mercedes), 50 voltas em 2h06m15.118s;
- 2º Max Verstappen (Red Bull Honda), a 11,825s;
- 3º Valtteri Bottas (Mercedes), a 27,531s;
- 4º Esteban Ocon (Alpine Renault), a 27,633s;
- 5º Daniel Ricciardo (McLaren Mercedes), a 40,121s;
- 6º Pierre Gasly (Alpha Tauri Honda), a 41,613s;
- 7º Charles Leclerc (Ferrari), a 44,475s;
- 8º Carlos Sainz (Ferrari), a 46,606s;
- 9º Antonio Giovinazzi (Alfa Romeo Ferrari), a 58,505s;
- 10º Lando Norris (McLaren Mercedes), a 61,358s;
Classificação do Mundial de Fórmula 1
- 1º Max Verstappen, 369,5 pontos;
- 2º Lewis Hamilton, 369,5 pts;
- 3º Valtteri Bottas, 218 pts;
- 4º Sergio Perez, 190 pts;
- 5º Charles Leclerc, 158 pts,
Campeonato do Mundo de Construtores
- 1º Mercedes, 587,5 pontos;
- 2º Red Bull Honda, 559,5 pts;
- 3º Ferrari, 307,5 pts;
- 4º McLaren Mercedes, 269 pts;
- 5º Alpine Renault, 149 pts;