O carro é impressionante e está exposto no Edifício da Alfândega do Porto no âmbito da exposição “O Motor da República: os carros dos Presidentes”. A sua história é muito interessante. O Mercedes 600S, lançado em 1963, foi um carro pensado e desenhado para servir Estados e Chefes de Estado, ostentando um motor V8 a gasolina com 6.3 litros, caixa automática e suspensão hidráulica.
Por dentro, igualmente hidráulico, é o sistema que regula a posição dos assentos, do vidro que separa o motorista do estadista, bem como portas e tampa da bagageira.
Um carro imponente que levou o Estado Português a comprar uma unidade em maio de 1966. O preço? 785 mil escudos, cerca de quatro mil euros. O veículo ficou na dependência da Presidência do Conselho de Ministros. Em maio de 1977 transferida para a Presidência da República, onde ficou até meados da década de 1990.
Mercedes 600S
Foi-se degradando e antes de chegar ao estado em que está, patente na exposição “O Motor da República: os carros dos Presidentes” organizada pelo Museu da Presidência, teve de receber profundo restauro.
Foi a Soc. Com. C. Santos quem recebeu a tarefa de recuperar o imponente Mercedes, tendo este chegado às suas instalações em 1998… em caixas! O carro estava totalmente desmontado e levou dois anos a ser restaurado.
Este esteve a cargo de Agostinho Azevedo, que lembrou “sem dúvida que foi um grande desafio, pelas condições em que a viatura chegou. Seja o melhor orçamentista que possa existir, é sempre muito complicado fazer um orçamento quando as coisas já vêm, enfim desmontadas.”
Orçamento
Finalmente, surgiu o orçamento que foi enviado ao Ministério das Finanças: 12 mil contos (cerca de 60 mil euros)! “Algumas pessoas não acharam muita piada, porque eram valores, realmente, excessivos e como eu estava há pouco tempo na Sociedade Comercial C. Santos, tudo se ‘enquadrava’ para que alguma coisa não estivesse bem”, lembra o atual responsável pela área de Colisão da Soc. Com. C. Santos.
Onde estava o problema? Na época, Agostinho Azevedo tinha 28 anos e nunca tinha coordenado uma tarefa destas, “ainda pro cima numa viatura emblemática como é o Mercedes 600S!”
Três anos depois…
O restauro avançou e três anos depois, o erário público pagou 11 900 contos pelo restauro do carro da Presidência. “Afinal, a estimativa não estava muito longe da realidade” sorri Agostinho Azevedo.
O tempo decorrido para restaurar o carro foi o necessário pela imposição da atenção aos detalhes. E o responsável pelo restauro lembra, por exemplo, a pintura. “Para se ter uma ideia, o carro foi pintado duas vezes, precisamente para ter o acabamento que hoje se pode ver.”
Do exterior ao interior, passando pela mecânica, vários foram os profissionais da Soc. Com. C. Santos que tiveram intervenção no restauro. Mas, no final, “é um orgulho, mais de 20 anos depois, estarmos aqui a olhar para uma coisa que foi restaurada, aqui, na Sociedade Comercial C. Santos.” Uma história muito interessante de um carro que faz parte da história da República Portuguesa.