Chegou ao fim a edição 2022 do Dakar sem surpresas de última hora e por isso Nasser Al-Attiyah venceu a prova pela quarta vez na estreia da Toyota Hilux GR DKR, nas motos, a GasGas venceu pela primeira vez com Sam Sunderland a repetir o sucesso de 2017. Foi um final de festa anticlímax para a 44ª edição do Dakar: não houve surpresas de última hora, os pilotos quiseram demandar Jidá sem mais dificuldades e a etapa de apenas 164 km foi “devorada” tranquilamente.
Nasser Al-Attiyah e Mathieu Baumel, ao volante da estreante Toyota Hilux GR DKR T1+, tinha a vitória no bolso há bastante tempo. Uns sustos com a fiabilidade da Hilux (uma etapa feita com apenas tração dianteira e alguns furos) não foram suficientes para que o piloto do Qatar perdesse a serenidade que uma vantagem acumulada na primeira semana lhe ofereceu.
Al-Attiyah foi conservador nesta derradeira etapa sendo apenas 19º a 7m53s do vencedor, perdendo mais uma mão cheia de minutos para Sebastien Loeb. Mas a diferença entre os dois foi evidente e expressa nos 27m46s que os separaram no final da prova.
Para o qatari foi a quarta vitória no evento, igualando o feito de Ari Vatanen, depois de dois anos a perder para ois buggy Mini JCW da X-Raid. Para Loeb, foi uma repetição da prova de 2017 onde foi segundo com a Peugeot. Desta feita com Fabian Lurquin a seu lado, o nove vezes Campeão do Mundo de Ralis foi capaz de levar o BRX Hunter até ao final. Não fossem os problemas com o carro, alguns furos e erros de navegação, Loeb poderia ter discutido a vitória com Nasser Al-Attiyah.
Para o francês, está encerrado o Dakar 2022. Agora vai voar ainda hoje ou amanhã para França para testar o Ford Puma Hybrid Rally1 no domingo e fazer os reconhecimentos do Rali de Monte Carlo na segunda feira.
O terceiro lugar ficou para Yazeed Al-Rajhi e Michael Orr que ao volante de uma Toyota Hilux T1+, mas com motor V8 atmosférico, foi alternando excelente etapas com tiradas menos conseguidas. A diferença de 1h01m13s diz tudo sobre a prova do piloto árabe. A fechar o Top 5 ficaram Orlando Terranova e Oliveras Carreras com o BRX Hunter da Prodrive e a Toyota Hilux GR DKR T1+ de Giniel de Villiers e Dennis Murphy. O sul africano conheceu uma prova cheia de altos e baixos, penalizações e um forte rombo na carteira, ele que vai ser o primeiro a inscrever uma moto na edição de 2023.
Os Mini JCW Buggy que dominaram as duas últimas edições do Dakar não deram para mais que o 6º e o 8º lugares da geral, respetivamente, para Jakub Przygonski e Timo Gottschalk e para Sebastian Halpern e Bernardo Graue. As quase duas horas de atraso do polaco e as quase duas horas e meia do argentino deixaram claras as diferenças entre um T1 e um T1+. Entre os dois ficou o patrão da SRT, Matthieu Serradori acompanhado por Loic Minnaudier ao volante de um Century CR6 com motor V8 Chevrolet.
Mais um Top 10 para as cores portuguesas graças a Paulo Fiúza
A maior novidade do dia final do Dakar 2022 foi a prestação de Vaidotas Zala. Aproveitando pouco haver a decidir na geral, o piloto lituano excelentemente navegado por Paulo Fiúza, assinou um excelente 5º lugar na etapa. O Mini JCW Countryman de Vaidotas Zala e Paulo Fiúza fechou a 44º edição do Dakar no 11º posto, na frente do Audi de Carlos Sainz.
A vitória na última especial do Dakar foi para Henk Lategan que “roubou” o primeiro lugar a Stephane Peterhansel por 49 segundos, ficando o sul africano Brian Baragwanath no terceiro posto.
A estreia dos Audi RS Q e-tron acabou por ser positiva, apesar de uma primeira semana para esquecer. Mattias Ekstrom foi o melhor – foi o único sem problemas, mas com um andamento mais conservador – rubricando o 9º lugar final a 2h42m11s, mas não se pode olvidar a excelente recuperação de Carlos Sainz. O espanhol ainda ganhou duas etapas e fechou a prova no 11º posto a 3h39m21s. Uma diferença que espelha o que foi o calvário da primeira semana e o erro de navegação que o espanhol continua a imputar à organização.
Audi RS Q e-tron. Tecnologia única para atacar o Dakar
Como habitualmente, arranca para a estrada a edição 2022 do Rali Dakar. A principal novidade é a participação da Audi com o RS Q e-tron.
Miguel Barbosa terminou a prova num interessante 35º lugar, depois de ele e Pedro Velosa terem passado as passas do Algarve ao longo de toda a corrida. O 5º lugar na etapa final mostra o alívio da chegada ao final de uma prova que foi absolutamente madrasta para o piloto português.
Sam Sunderland dá primeira vitória à GasGas
Com 32 anos e uma vitória no Dakar em 2017 com a KTM, Sam Sunderland foi recrutado em dezembro, em cima da hora, para alinhar com a GasGas, moto espanhola que pertence ao grupo KTM. Com uma prova irrepreensível taticamente e em termos de velocidade, o britânico ofereceu à casa espanhola a primeira vitória no Dakar e permitiu aos austríacos da KTM “roubar” o domínio da prova à Honda que venceu nos dois últimos anos.
Contas feitas, Sunderland ganhou com 3m27s de vantagen para a Honda de Pablo Quintanilla e 6m47s para a KTM de Matthias Walkner. Adrien van Beveren, cunhado de Sunderland, foi apenas quarto classificado com a sua Yamaha. Mais uma vez, a marca dos três diapasões falha a vitória que lhe escapa desde 1998, quando Stephane Peterhansel levou a YZE 850T ao primeiro lugar.
O Top 5 das motos neste Dakar 2022 foi fechado com Joan Barreda Bort (Honda). O norte americano Mason Klein, mesmo amachucado depois de uma queda, levou de vencida a classificação dos “Rookies” e do Rally2 aos comandos de uma KTM, fechando a prova no 9º posto a 49m07s do vencedor.
O melhor português na tirada de hoje foi o piloto oficial da Sherco, Rui Gonçalves, com um 12º lugar, enquanto que o mais bem colocado dos pilotos oficiais da Hero, Joaquim Rodrigues, foi o 16º na especial.
Contas feitas, Joaquim Rodrigues foi o melhor piloto da Hero e melhor português do Dakar 2022 terminando no 14º posto. Este ficou a 1h15m44s, enquanto Rui Gonçalves ficou no 24º lugar a 3h13m25s. Entre os dois ficou a Yamaha WR450 Rally de António Maio. O seis vezes campeão nacional de todo o terreno, fechou a etapa em 19º e na geral levou para casa um excelente 21º lugar a 2h45m43s.
Mário Patrão, piloto da KTM 450 Rally inscrita na categoria Original by Motul – pilotos sozinhos sem assistência – terminou a derradeira etapa no 45º posto e, na geral, fechou a edição deste ano com um excelente 42º posto depois de uma prova cheia de aventuras e contratempos. Entre os Original by Motul, ficou no 6º lugar. Uma prova de mérito para o piloto beirão que não tem sido muito feliz nos últimos anos em que participou no Dakar.
Alexandre Azinhais (KTM 450 EXC) terminou a edição 2022 do Dakar no 69º posto, seguido entre os portugueses pela Honda CRF 450RX de Arcélio Couto no 80º lugar e por moto igual de Pedro Bianchi Prata na 103º posição.
Nos Quad, Alexandre Giroud venceu com o seu Yamaha, repetindo o feito do seu pai, David Giroud, há 25 anos que ganhou entre os quad e foi o primeiro a finalizar o Dakar com um destes engenhos. Na época ainda não havia prova separada para as motos de quatro rodas e por isso mesmo, Alexandre Giroud é o primeiro francês a ganhar o Dakar num Quad. Francisco Moreno foi o segundo classificado, na frente de Kamil Wisniewski. Terminaram a prova apenas 7 quads.
Kamaz vence nos camiões, Seth Quintero venceu pela 12ª vez nos LW Proto
Sem surpresa nenhuma, a Kamaz levou para casa a vitória nos camiões com domínio absoluto. Em primeiro lugar Dmitry Sotnikov que repete a vitória de 2020 na companhia de Ruslan Amkhmadeev e Ilgiz Akhmetzianov. Em segundo lugar Eduard Nikolaev acompanhado de Evgenii Iakovlev e Vladimir Rybakov. Em terceiro lugar Anton Shibalov, Dmitri Nikitin e Ivan Tatarinov. Por fim, já fora do pódio, Andrey Karginov, Andrey Mokeev e Ivan Malkov.
Sotnikov venceu a etapa que o consagrou como vencedor do Dakar 2022. Bateu o Iveco de Martin Macik por 32 segundos e o Tatra Buggyra de Ignacio Casale por 1m0’1s.
Mas o melhor dos outros acabou por ser o Iveco Powerstar de Janus van Kasteren acompanhado de Marcel Snijders e Darek Rodewald. Estes no quinto lugar seguidos de outro Iveco pilotado por Martin Van Der Brink e acompanhado por Peter Willemsen e Bernard Der Kinderen.
Novo recorde para Seth Quintero
Com 12 vitórias em 13 etapas, Seth Quintero inscreveu o seu nome na lista de recordes do Dakar ao ser o piloto que mais especiais ganhou numa única edição. Assim, bate o recorde de Pierre Lartigue que em 1994 ao volante de um Citroen ZX rally Raid venceu 10 etapas.
Infelizmente, o atraso na segunda etapa atirou-o para as profundezas da classificação, ganha pelo chileno Francisco “Chaleco” Lopez Contardo. Este não ganhou uma única etapa em 2022, mas capturou a liderança na segunda etapa e não mais a deixou. O vencedor dos SSV (T4) em 2019 e 2021, subiu para os LW Proto (T3) e conquistou a sua terceira vitória no Dakar.
No segundo lugar ficou Sebatian Eriksson seguido por Cristina Gutierrez, a vice-campeã do Extreme E com Sebastien Loeb na equipa X44. Surpreendentemente, e apesar de tantos problemas, rubricou um saboroso pódio.
Mário e Rui Franco estavam a caminho de um excelente Top 10, mas problemas no seu Yamaha YZX 1000R atiraram-nos para o 15º lugar. Mas a sua resiliência levou-os a manter um ritmo elevado e como que a deixar claro que o Top 10 era inteiramente merecido, foram 10º na etapa final e chegaram ao 11º lugar da geral.
Nos SSV, Gerard Farres Guell tinha roubado a Austin Jones a liderança nos T4. Todavia, uma péssima etapa por parte do espanhol entregou a vitória na classe ao norte americano. A vitória na etapa foi para Rokas Baciuska, seguido por Rodrigo Luppi de Oliveira e Austin Jones.
O norte americano ganhou na frente de Farres Guell com 2m37s de vantagem, ficando no terceiro lugar o lituano Rokas Baciuska. Os irmãos Goczal estiveram sempre nos holofotes ao longo da prova. Contudo, o mais velho, Marek, a terminar no quarto posto na frente de Michal, quinto classificado.
Destaque para Luís Portela de Morais e David Megre que terminaram na 44º edição do Dakar num excelente sétimo posto a 3h20m29s. Rui Oliveira e Fausto Mota terminaram a prova no 15º lugar da categoria.