Quando faltam apenas 164 km disputados ao cronómetro, nada está decidido nas motos com Sam Sunderland de regresso à liderança, mas com pouca margem, Nasser Al-Attiyah ganhou tempo e pode andar amanhã como a sua avozinha e Seth Quintero bateu um recorde com quase 50 anos. Chorou quando viu o motor da sua KTM partir. No entanto, a equipa levou-lhe a moto para o acampamento, trocou o motor e sentando-o em cima da 450 Rally Factory, deu-lhe a missão de ganhar até chegar à meta final em Jidá.
Kevin Benavides não vai renovar a vitória de 2020, mas ganhou a etapa de hoje como que num grito de revolta. Uma vitória que não teve impacto na classificação numa tirada que assistiu a uma lição de tática de Sam Sunderland. O piloto da GasGas foi o segundo classificado na frente do português Joaquim Rodrigues.
Joaquim Rodrigues no pódio
O piloto da Hero juntou mais um pódio à vitória já conquistada em 2022, não mudou a sua posição na geral – é 14º e não havendo problemas para quem segue à sua frente, será essa a posição final – mas mostrou que é piloto e tem moto para outros voos. Matthias Walkner esteve melhor e mesmo perdendo tempo para Sam Sunderland, mais 4m50s.
Van Beveren perdeu muito tempo e voltou a ser coerente: um dia no comando, um dia fora da liderança. Toby Price venceu ontem, abriu o troço hoje e acabou com 30m47s perdidos.
Contas feitas, Sam Sunderland está de regresso à liderança com 6m52s de vantagem para Pablo Quintanilla e 7m15s para Matthias Walkner.
Adrien van Beveren caiu para o 4º posto a 15m30s do seu cunhado. Barreda “Bang Bang” Bort é quinto a 27m54s. Quer isto dizer que GasGas, Honda e KTM têm possibilidade de ganhar a edição 2022. Serão os 164 km de amanhã que vão decidir o vencedor do Dakar. Adrien van Beveren vai iniciar a especial no 15º lugar e os três homens da frente vão sair juntos nos seis primeiros lugares. Ou seja, tudo pode acontecer!
Entre os portugueses e para além de Joaqum Rodrigues, António Maio (Yamaha) foi 27º estando, agora, no 21º lugar da geral, dois lugares à frente de Rui Gonçalves, hoje 30º na etapa. Mário Patrão foi o 38º classificado na etapa, seguindo no 43º posto e 6º lugar entre os que seguem sem assistência no troféu “Original by Motul”.
Alexandre Azinheira foi 89º na etapa seguindo em 68º a mais de 14 horas do líder na geral das motos. Arcélio Couto (Honda) foi 93º na etapa, está a pouco mais de 16 horas do líder no 79º posto.
Marcelo Medeiros ganhou nos Quad, uma vitória de Pirro, pois Alexandre Giroud “só” tem de cumprir os 164 km da especial de amanhã e repetir o sucesso do pai. São apenas cinco os pilotos que conseguiram chegar atá aqui entre os Quad, com Francisco Moreno a ser segundo a 2h41m24s, Kamil Wisneiwski segue em terceiro a 2h44m55s.
Penalização “entrega” vitória a Nasser Al-Attiyah
Carlos Sainz venceu a etapa de hoje e rubricou o 41º sucesso da sua carreira em etapas do Dakar. Foi a quarta vitória da Audi na edição deste ano do Dakar. Uma excelente prestação da Audi, particularmente, depois do dia de pausa onde os carros foram refeitos e reforçados, desaparecendo os problemas que colocaram Sainz e Peterhansel fora da rota da vitória. O espanhol desmentiu as suas palavras porque com ou sem BoP desfavorável, o Audi RS Q e-tron é competitivo.
Luciano Alvarez deu um ar de sua graça com mais um segundo lugar em especiais do Dakar na frente de Mattias Ekstrom. Também Nani Roma, apoquentado com problemas no seu BRX Hunter e enterrado na classificação, decidiu aparecer com um excelente quarto lugar na tirada de hoje.
Depois da vitória de ontem, Peterhansel foi sétimo hoje, mas as notícias mais importantes estavam ligadas aos líderes. Nasser Al-Attiyah foi sétimo na etapa e ganhou… 39 segundos a Sebastien Loeb, com o piloto do BRX Hunter a ser brindado com cinco minutos de penalização por excesso de velocidade em zona controlada.
Contas feitas, Nasser Al-Attiyah e a sua Toyota Hilux GR DKR vão para os últimos 164 km de prova com 33m19s de vantagem para Sebastien Loeb e 1h03m43s para Yazeed Al-Rajhi.
Orlando Terranova está a 28 minutos do pódio e espera que a inconsistência do árabe lhe ofereça o pódio na estreia com o BRX Hunter.
Vaidotas Zala e Paulo Fiúza perderam muito tempo na especial, nada menos que 52m23s, mas continuam no 11º lugar. Porém, dificilmente lá ficarão no final, pois, Carlos Sainz já é 12º a menos de dois minutos de distância.
Miguel Barbosa e Pedro Velosa foram 39º classificados na etapa e vão entrar no último dia de prova no 35º posto a 12h47m54s.
Camiões vira o disco e toca Kamaz, Quintero bate recorde com 48 anos
A Kamaz voltou a fazer 1 (Nikolaev), 2 (Karginov), 3 (Sotnikov) com Martin Macik a colocar o seu Iveco no quarto posto. Na geral, temos 1 (Sotnikov), 2 (Nikolaev), 3 (Shibalov), 4 (Karginov), com o Iveco de Janus van Kasteren a ser o melhor dos outros.
Com a 11ª vitória em 12 etapas cumpridas, Seth Quintero acabou de inscrever o seu nome no livro dos recordes do Dakar, quebrando um recorde com 48 anos! Foi em 1994 que ao volante de um Citroen ZX Rally Raid, Pierre Lartigue ganhou 10 especiais a caminho da vitória no Paris Dakar.
O norte americano não vai ganhar o Dakar porque perdeu muito tempo na segunda etapa estando a 14h43m do líder, mas deixou claro quem era o mais forte e que não fossem os problemas que o atrasaram, estaria a caminho da vitória.
Assim e juntando os problemas experimentados por Cristina Gutierrez, sua colega de equipa na OT3 Red Bull, é Francisco “Chaleco” Lopez Contardo quem está a caminho de mais uma vitória no Dakar entre os T3 ou LW Proto.
Tem uma vantagem de m55m36s para Sebastien Eriksson e 4h31m22s para Cristina Gutierrez. Lebedev está no quarto lugar a 4h58m10s e no quinto posto está Santiago Navarro, a 5h03m49s.
Portugueses com sabor agridoce nos LW Proto e SSV
Infelizmente, Mário e Rui Franco perderam cinco horas ontem e um merecido pódio escapou como areia fina entre os dedos. Entre os SSV, mais um dia excelente para Luís Portela de Morais e David Megre. Foram quintos na tirada de hoje e seguem num muito bom sétimo lugar à geral, posição em que devem ficar pois estão longe do sexto posto e o oitavo também está a mais de duas horas.
O melhor na etapa foi Marek Goczal, o mais velho dos irmãos Goczal, depois de Michel Goczal ter conhecido problemas acabando a etapa no 14º lugar. Mas a grande novidade foi a perda da liderança por parte de Austin Jones. O norte americano foi apenas 6º classificado na etapa, enquanto Gerard Farres Guell foi segundo e roubou por 1m41s a liderança a Jones. No terceiro lugar segue Marek Goczal. Rui Oliveira e Fausto Mota seguem no 16º posto da geral depois de uma 26º posição na etapa.
O Dakar 2022 cumpre o seu epílogo em Jidá após uma etapa com 680 km, dos quais 164 deles feitos contra o cronómetro. Não há dunas, mas há areia e uma longa ligação rumo ao Mar Vermelho. Uma etapa que não será demasiado complicada, mas que vai decidir as classificações das motos, LW Proto e SSV. Nos carros, quad e camiões, tudo está, praticamente, decidido.