A chuva acabou por influenciar a tirada antes do dia de descanso, encurtando o percurso das motos e quads para pouco mais de uma centena de quilómetros. Nas outras categorias tudo aconteceu sem problemas com Nasser Al-Attiyah a caminho de mais uma vitória no Dakar. Não estava no topo de uma folha de tempos desde 2015, mas o argentino dono do circuito de Termas de Rio Hondo, ex-motard, conseguiu levar o BRX Hunter à vitória nesta sexta especial. Orlando Terranova e Daniel Oliveras Carreras venceram uma etapa onde Mathias Ekstrom levou o seu Audi RS Q e-tron ao segundo lugar, esquivando-se da má sorte que tem apoquentado Carlos Sainz e Stephane Peterhansel.
O francês voltou a fazer de mecânico juntamente com Eduard Bolanger para que Carlos Sainz não ficasse mais uma eternidade à espera da ajuda pesada. Tal como ontem, foi necessário ajudar Sainz com peças do RS Q e-tron de Peterhansel.
Contas feitas, Sainz ficou no 43º lugar da etapa perdendo mais 43 minutos e Peterhansel acabou por prosseguir e passou a linha de meta em 42º perdendo 42m18s. Assim, o melhor Audi é o de Matthias Ekstrom, ocupa a 13º posição a 2h41m22s. Carlos Sainz é 24º a 3h56m21 e Peterhansel é 70º a 68h16m20s.
Como dissemos, a vitória na especial do dia foi para Orlando Terranova, mas o mais importante foi o 10º lugar de Nasser Al-Attiyah a seis minutos do argentino. Porque não fosse o tempo perdido pelo qatari na parte final da tirada e a vitória já estaria no bolso do piloto da Toyota Gazoo Racing.
Contas feitas, o francês perdeu “apenas” um quarto de hora para Al-Attiyah, mas desceu para terceiro por troca com Yazeed Al-Rajhi, terceiro na etapa de hoje. Nasser Al-Attiyah reforçou a liderança à entrada do dia de descanso com 48m54s para Al Rajhi (Toyota Hiliux T1+ V8) e 50m25s para Sebastien Loeb.
Reviravolta para Giniel de Villiers
A grande notícia do dia foi a despenalização de Giniel de Villiers. As cinco horas de penalização (mais uma moto nova para o piloto e a inscrição em 2023) provaram ser injustas, pois uma investigação mais aprofundada descobriu que o “Sentinel” não foi acionado porque o piloto da moto tinha acabado de cair e o sul africano preferiu destruir a moto que acertar no motard.
Assim, Giniel de Villiers regressa ao quarto lugar da geral a 51 minutos de Nasser Al-Attiyah, a pouco mais de 30 segundos de Sebastien Loeb. Luciano Alvarez caiu para quinto a mais de uma hora de Al-Attiyah.
Destaque, ainda, para a boa prestação de Brian Baragwanath, um ex-piloto de quad (foi 3º em 2016) e que deu nas vistas o ano passado, com o buggy Centuri e para o aparecimento de Shameer Variawa, o sul africano da Toyota Gazoo Racing. Foi sétimo na etapa seguindo, com uma arma igual à de Nasser Al-Attiyah, no 18º lugar a 2h57m57s.
Portugueses no Dakar
Entre os portugueses, Vaidotas Zala e Paulo Fiúza falharam o Top 10 da etapa por menos de 40 segundos, sendo Fiúza o melhor luso no 11º lugar da geral com o Mini JCW. Miguel Barbosa voltou a não ter uma boa etapa perdendo mais 1h05m06s para o vencedor da especial, acabando a primeira semana de prova no 37º lugar a 7h42m01s ao volante da Toyota Hilux V8 T1+ da equipa Overdrive.
Camiões é… vira o disco e toca o mesmo
A vitória nos camiões foi da… Kamaz com um (Karginov), dois (Sotnikov), três (Nikolaev), ficando Loprais (Praga) no quarto lugar e o Renault híbrido de Gert Huzink no quinto lugar. Na geral, temos Sotnikov, Nikolaev e Shibalov nos três primeiros lugares com os Kamaz, seguindo-se Janus van Kasteren (Iveco) e Ales Loprais (Praga), a 1h04m54s e 1h06m20s, respetivamente.
Portugueses terminam primeira semana bem posicionados nos LW Proto e SSV
Nos LWProto, os primos Mário e Rui Franco continuam a dar nas vistas. Cumprindo a sua estreia no Dakar com o Yamaha YZX 1000R, sofreram um pouco com as últimas etapas, particularmente com a mecânica, e chegaram ao muito necessário dia de descanso com um27º lugar na sexta etapa e um excelente 11º lugar à geral. Perderam dois lugares é verdade, mas a segunda semana pode recolocá-los entre o Top 10.
Para Seth Quintero tem sido um Dakar ingrato: perdeu 16 horas na segunda etapa com problemas no OTR3 e ficou fora da luta pela vitória, mas dai para cá mais ninguém tocou na bola. O americano tem um andamento fora do alcance dos restantes e na sexta etapa brindou o segundo classificado com mais 11 minutos.
Cristina Gutierrez acabou a etapa no segundo posto dando mais uma demonstração de classe. A vice-campeã do Extreme E (na companhia de Sebastien Loeb) provou que sem os problemas mecânicos dos OTR da Overdrive, poderia estar na luta pela vitória dos LW Proto (ou T3). Ainda assim, subiu ao terceiro lugar da geral a 2h20m16s do líder da categoria, Francisco Lopez Contardo. O chileno foi terceiro na etapa na frente de Sebastien Eriksson e ganhou mais alguns segundos, tendo agora 23m09s de vantagem para o sueco.
Nos SSV, Luís Portela de Morais e David Megre foram os 12º classificados na etapa a 16m56s do vencedor, mantendo, assim, o 9º lugar da geral a 2h58m57s do primeiro classificado. Rui Oliveira e Fausto Mota seguem no 21º lugar, perdendo três posições à chegada do dia de descanso ao serem apenas 32º na tirada de hoje a 41m30s do piloto que ganhou a especial.
E quem ganhou a sexta etapa nos SSV foi Marek Goczal, batendo Rodrigo Luppi de Oliveira por 3m04s. O terceiro mais rápido foi Sergei Kiriakin. Como Austin Jones não foi além do 5º lugar na tirada de hoje, Luppi de Oliveira reforçou a liderança da categoria com uma vantagem de 6m56s para Jones e 28m06s para Michal Goczal.
Motos e Quad com etapa encurtada e mais um Top 10 para J-Rod
A especial antes do dia de descanso para motos e quads foi encurtada para 101 km, altura em que a organização foi forçada a neutralizar a corrida. As fortes chuvadas deterioraram de tal forma o percurso que por uma questão de segurança, a etapa foi encurtada e a classificação encontrada pela ordem ao km 101.
Assim, os dois homens da GasGas, Daniel Sanders e Sam Sunderland ficaram com os dois melhores tempos, com 2m26s a separar o australiano do britânico. Mathias Walkner (KTM) ficou a 2m36s do vencedor, Pablo Quintanilla (Honda) foi o quarto e Ricky Brabec (Honda) fechou o Top 5.
Joaquim Rodrigues (Hero) voltou ao Top 10 das etapas com um décimo lugar a 4m29s de Sanders. Quanto a Joan Barreda Bort (Honda), acabou por tomar parte na etapa e terminou a especial no 14º posto. Já Ross Branch, piloto do Botswana, deu valente trambolhão aos comandos da sua Yamaha e acabou transportado por estrada para o hospital em Riade. Conhecido como “Kalahari Ferrari” caiu poucos quilómetros volvidos da partida e queixava-se de várias contusões e uma dor severa nas costas.
Sam Sunderland continua líder da prova, com 2m39s de vantagem para Mathias Walkner e 5m35s para Daniel Sanders. Fecham o Top 5 Adrien van Beveren (Yamaha) e Pablo Quintanilla (Honda).
Entre os portugueses, para lá de “J-Rod”, Rui Gonçalves (Sherco) foi o 17º classificado, António Maio (Yamaha) ficou no 20º lugar, Mário Patrão (KTM) foi 43º, Alexandre Azinhais (KTM) terminou a etapa em 89º enquanto Arcélio Couto (Honda) foi 95º e Pedro Bianchi Prata (Honda) foi 104º.
Contas feitas á geral antes do dia de descanso, Joaquim Rodrigues (Hero) é o 18º a 1h05m05s (está a menos de 10 minutos de Aaron Mare, o melhor da Hero) e o melhor português. Seguem-se António Maio no 23º posto (a 1h28m33s) e Rui Gonçalves no 32º lugar (a 2h20m08s). Mário Patrão está em 54º (a5h38m55s) da geral e 7º entre os concorrentes “Original by Motul” sem assistência. Alexandre Azinhais está no 70º posto (a 7h33m14s), Arcélio Couto é 81º a 8h32m57s e Pedro Bianchi Prata é 102º a 11h12m51s.
Mário Patrão enfrenta a categoria mais dura do Dakar, Original by Motul
Mário Patrão participará no rali mais duro do mundo sem qualquer tipo de assistência Motul, patrocinador pela 5ª vez consecutiva do Dakar.
Nos Quad, Aleksandr Maksimov ganhou a etapa na frente de Alexandre Giroud e Sebastien Souday, Marcelo Medeiros e Pablo Copetti. Na geral é Giroud quem comanda com 4m52s de vantagem para Copetti. Terceiro é Maksimov a 36m15s, fechando o Top 5 os Yamaha Raptor 700 de Kamil Wisniewski e de Francisco Moreno. Amanhã é dia de descanso em Riade, tempo para retemperar forças e recuperar as mecânicas.