O dia de descanso foi uma bênção para o pelotão do Dakar, mas o primeiro dia da derradeira semana da prova virou do avesso a classificação das motos. A sétima etapa do Dakar ligou Riade a Al Dawadimi e levou os pilotos a cumprirem 701 km dos quais 402 km contra o cronómetro. E ainda antes de chegar ao troço, Daniel Sanders (GasGas) saiu de prova com um acidente que o atirou para o hospital. Era o início de um dia pouco feliz para a GasGas.
Para os magoados do Dakar, as 24 horas de descanso não foram iguais. Se Joan Barreda Bort parece ter ultrapassado as dores e o desconforto de uma lesão no ombro, Danilo Petrucci enfrentou semelhante desafio e perdeu muito tempo, exatamente 27m07s para o vencedor da etapa. Barreda “Bang Bang”Bort ficou no terceiro lugar a 2m51s do líder.
A vedeta da etapa acabou por ser José Ignacio Cornejo, piloto da Honda, que bateu Kevin Benavides (KTM) por 44 segundos. Os homens da frente perderam muito tempo nesta etapa: Sam Sunderland foi apenas 28º perdendo 25m55 segundos para Cornejo, mas pior que isso, foi desalojado da liderança da prova por Andrien Van Beveren.
O piloto da Yamaha foi apenas 10º na etapa a 12m34s do vencedor da tirada, mas o tempo perdido por Sunderland foi suficiente para ser o novo líder da prova. Mathias Walkner (KTM) foi apenas 24º a 22m50s, mas conseguiu ficar com o segundo lugar, agora a 5m12s de Beveren.
Reviravolta na classificação final
Esta sétima etapa, nada fácil em termos de navegação e com muita areia e terra solta com algumas dunas pelo caminho, veio revirar a classificação geral e oferecer renovado interesse na luta pela vitória. Contas feitas, Andrien Van Beveren colocou a sua Yamaha na frente de duas KTM, Mathias Walkner e Kevin Benavides, a 5m12 e 5m23s, respetivamente. Depois, estão Sam Sunderland (GasGas) a 5m38s e Lorenzo Santolino (Sherco) a 6m34s, Pablo Quintanilla (Honda) a 8m15s e Juan Barreda Bort (Honda) a 8m33s. Ou seja, os sete primeiros cabem em menos de 10 minutos, estando tudo em aberto para as últimas cinco etapas da prova.
E os 10 primeiros cabem dentro de meia hora, pelo que Stefan Svitko (KTM), Jose Ignacio Cornejo (Honda) e Andrew Short (Yamaha), respetivamente a 20m18, 26m37s e 28m10s, ainda podem ter uma palavra a dizer na luta pela vitória com Toby Price (KTM) em 11º a 29m29s e Mason Klein (KTM), líder da categoria Rally2, no 12º posto a 32m56s, ainda com chances.
Joaquim Rodrigues (Hero) voltou a dar nas vistas e arrancou um excelente 6º posto a 8m57s do vencedor da etapa.
Este desempenho fê-lo subir até ao 16º lugar da geral e, agoira, melhor piloto da Hero na frente de Aaron Maze. O português está a 53m45s de Van Beveren, o sul africano colega de equipa de “J-Rod” está a 57m07s.
Rui Gonçalves levou a sua Sherco ao 16º lugar da geral, António Maio (Yamaha) foi 31º, Mário Patrão terminou a etapa em 52º, enquanto Arcélio Couto (Honda) e Alexandre Azinhais (KTM) foram 90º e 91º. Na geral, Maio é 25º a 1h50m58s, Gonçalves é 30º a 2h17m14s, Mário Patrão segue no 49º posto a 6h11m44s, mas estando num excelente 7º posto entre os pilotos “Original by Motul” que não têm assistência. Azinhais é 70º a 8h39m39s e Couto segue no 79º lugar a 9h41m57s. Pedro Bianchi Prata foi 113º na etapa e segue no 101º lugar a 13h05m11s.
Nos Quad, vitória na especial para Marcelo Medeiros, mas o segundo lugar de Alexandre Giroud foi suficiente para alargar a vantagem na liderança da categoria para Pablo Copetti, aghora a 18m21s. O terceiro é Aleksandr Maksimov, já a 52m39s.
Loeb vence pela segunda vez, Al-Attiyah seguro na frente
Se o tempo perdido por Nasser Al-Attiyah pouca mossa fez na vantagem que o piloto da Toyota Gazoo Racing tem para os seus adversários, a segunda vitória de Sebastien Loeb permitiu que o francês regressasse ao segundo lugar e ofereceu uma injeção de moral no Bahrain Racing Xtreme by Prodrive.
A 16º vitória em especiais tornou Loeb no 10º piloto com mais sucessos em especiais do Dakar, imediatamente atrás de De Villiers que tem dezassete. E por falar no sul-africano, depois de ter visto ser-lhe retirada, justamente, a penalização de cinco horas por ter embatido numa moto, perdeu quase uma hora com problemas mecânicos, de pouco valeu a ajuda de Henk Lategan.
Sendo apenas 5º na etapa, Yazeed Al-Rahji perdeu o segundo lugar para Loeb, mas ficou no pódio, estando, agora, a 53m31s de Al-Attiyah e a 8m32s do francês do BRX Hunter.
Destaque, ainda, para o terceiro lugar na tirada para Carlos Sainz, desta feita em problemas no Audi RS Q e-tron, imediatamente seguido pelo seu colega de equipa Stephane Peterhansel. Ficaram, respetivamente, a 7m43s e 9m40s do vencedor da etapa, mas na geral, os danos feitos por uma primeira semana horrível para a Audi Sport colocam Mathias Ekstrom (o menos apoquentado por problemas, mas também o mais lento dos três) no 12º posto a 2h50m38s, Sainz é 18º a 3h58m38s e Peterhansel está afundado para lá dos sessenta primeiros.
Entre os portugueses, Paulo Fiúza continua excelente ao lado de Vaidotas Zala: foram 17º classificados na etapa a 23m00s do vencedor da tirada e na geral ocupam o 11º lugar da geral a 2h28m51s, a pouco mais de 30 minutos de um lugar no Top 10.
Já Miguel Barbosa continua com dificuldades e na etapa perdeu mais 1h25m14s para o vencedor da tirada, estando assim no 37º lugar da geral a 9h01m49s.
Luta intensa nos LW Proto e no SSV, camiões soletra-se K a m a z…
A luta entre Seth Quintero e Cristina Gutierrez, ambos pilotos da equipa Red Bull ao volante dos OT3 da Overdrive, foi verdadeiramente espetacular. Ao longo dos muitos quilómetros da etapa andaram a discutir segundos com a piloto espanhola a manter-se na frente até que no derradeiro setor, o norte americano estugou o passo e deixou para trás Gutierrez. A espanhola, vice-campeã do Extreme E ao lado de Sebastien Loeb na equipa X44, acabou a cinco minutos de Seth Quintero. Destaque, ainda, para a péssima especial de Sebastien Eriksson que perdeu 1h13m43s para Quintero, a contas com problemas mecânicos no seu Can Am Maverick X3 LW Proto.
Na classificação geral, Francisco Lopez Contardo está, agora, confortavelmente instalado no primeiro lugar e com mão e meia na taça da vitória graças a vantagem de 1h24m05s para Eriksson e 2h12m40s para Cristina Gutierrez.
Destaque ainda para Mashael AlObaidan – que junto com Dania Akeel foram as duas mulheres sauditas que tomaram parte na prova – que acabou por sofrer problemas mecânicos no seu Can Am Maverick X3 e perder muito tempo. Ela que era 19º da geral à entrada para esta sétima tirada.
Mário Franco e o primo Rui Franco levaram o seu Yamaha YZX1000R ao 11º lugar da geral
Apesar do 11º lugar da geral, os primos perderam mais 54m38s para o vencedor da especial, regressando ao Top 10 da classificação geral com um positivo 9º lugar 6h22m23s.
No que toca aos SSV, Aron Domzala ganhou a especial na frente de Michal Goczal e Gerard Farres Guell. Tanto Austin Jones como Rodrigo Luppi de Oliveira tiveram uma má especial, mas o americano limitou os custos dessa menos conseguida exibição ao ganhar muito tempo ao brasileiro, vítima de problemas mecânicos. E a mudança na classificação foi inevitável.
Luppi de Oliveira caiu da liderança para o 5º lugar da geral a 36m38s de Austin Jones, que assim regressou à liderança da categoria. Michal Goczal é agora o segundo classificado a apenas 5m11s e Farres Guell é terceiro a 6m33s.
Destaque para o excelente 8º posto de Luís Portela de Morais e David Megre na etapa a apenas 6m34s, o que lhe permite consolidar a sua posição entre os 10 primeiros, ocupando a oitava posição da geral a 2h42m14s.
Kamaz mantêm-se imbatíveis nos camiões
A maior surpresa da sétima etapa no que diz respeito aos camiões foi o facto da Kamaz não ter feito o pleno no pódio da especial. Shibalov ganhou pela primeira vez em 2022, na frente de Nikolaev com Martin Van der Brink a colocar o seu Iveco no terceiro lugar a apenas 4m25s. Depois ficaram os Kamaz de Karginov e de Sotnikov, na frente do Renault híbrido de Gert Huzink. Pior o Iveco de Janus van Kasteren, apenas 17º da geral a 38m49s, caindo na geral para o quinto lugar atrás do Praga de Ales Loprais. Na frente temos o 1 (Sotnikov), 2 (Nikolaev a 5m14s), 3 (Shibalov a 31m25s) para a Kamaz. O quatro camião russo, pilotado por Karginov, segue no sexto lugar.
A oitava etapa liga Al Dawadimi a Wadi Ad Dawasir com uma extensão de 830 km dos quais 395 km cronometrados.
A etapa 8 com mais ligação que troço, disputada na parte sul da Arábia Saudita, com os primeiros 200 km a serem feitos sempre em cima de areia e com passagem por dunas, saltando os pilotos de vale para vale. Uma etapa complexa, dura e com navegação a provocar dificuldades, com a parte final a mudar um pouco de cenário.