Os 395 km da especial do dia de hoje tinham muita areia e dunas e foram o palco perfeito para testemunhar a estreia a vencer etapas de Mattias Ekstrom e o regresso de Sam Sunderland ao comando da classificação das motos, onde os portugueses continuam a dar nas vistas. Ontem Sam Sunderland perdeu muito tempo para um emocionado Adrian van Beveren que apesar de um tempo modesto na especial, levou a Yamaha ao comando da prova. O francês emocionou-se com essa liderança depois de dois anos de muito sofrimento. Mas as lágrimas misturadas com o pó deram lugar a um sorriso que hoje desapareceu.
Sam Sunderland, não deixou créditos por mãos alheias, ganhou a especial brindando o seu cunhado Van Beveren com 10m21s após 395 km de troço e recuperou a liderança da prova.
Senti-me muito mal após um dia muito mau ontem, mas tinha de manter a motivação e continuar a andar forte porque ainda há alguns dias de prova. É verdade que a glória da vitória entrega a punição de abrir a estrada no dia seguinte, mas é igual para todos e se queremos ganhar temos de vencer algumas especiais. Digo eu!
Sam Sunderland
Para Adrian Van Beveren não voltaram as lágrimas, pois o francês referiu que “o botão do meu ‘road book’ partiu-se nas primeiras dunas e tive de rodá-lo à mão. Mas, não quero queixar-me, dei tudo o que tinha e acabo por estar feliz com a minha especial e a min há atitude não mudou: risco mínimo evitando erros até ao final da prova.”
Contas feitas, Sam Sunderland (GasGas) regressou ao comando da prova com 3m45s para Mathias Walkner (KTM) que parece imune a todos os problemas, mas não consegue aproveitar as dificuldades alheias. Adrian Van Beveren (Yamaha) está no terceiro lugar a 4m43s, Pablo Quintanilla (Honda) e Joan Barreda Bort (Honda) fecham o Top 5 com diferenças de 5m30s e 14m38s, respetivamente.
Lorenzo Santolino (Sherco) não foi feliz na etapa e caiu para sétimo a 21m09s, vendo, agora, o pódio cada vez mais longe, sendo ultrapassado por Kevin Benavides (Honda) que segue a 14m47s. O Top 10 é fechado por Stefan Svitko (KTM), Toby Price (KTM) e Mason Klein (KTM). O norte americano é o melhor do Rally2 e o melhor “rookie”.
Mais uma excelente especial para Joaquim Rodrigues
O piloto da Hero foi oitavo na especial a 9m58s, posicionando-se na geral no 15º posto a 58m05s sendo o melhor piloto da marca indiana com mais de 13 minutos de vantagem para Aaron Mare.
Rui Gonçalves levou a sua Sherco até ao 14º lugar na especial a 15m15s de Sunderland, enquanto António Maio (Yamaha) terminou os 395 km no 22º posto a 21m45s do vencedor da etapa. Mário Patrão levou a sua KTM até ao 43º lugar perdendo mais 47m45s, enquanto Alexandre Azinhais (KTM) e Arcélio Couto (Honda) foram 82º e 95º respetivamente, ficando Bianchi Prata no 114º lugar a 2h57m49s do vencedor.
Na geral, António Maio é 25º a 2h07m05s e Mário Patrão subiu a 47º a 7h08m51s do líder da prova, sendo, agora, o 6º classificado entre os pilotos sem assistência da categoria “Original by Motul”. Alexandre Azinhais está em 71º a 10h16m58s e Arcélio Couto segue no 79º posto a 11h41m13s. Pedro Bianchi Prata está no 100º posto a 15h57m22s.
Nos Quad, dizimados pela dureza da prova, o francês Alexandre Giroux (Yamaha) venceu a etapa e reforçou a liderança face a Pablo Copetti (Yamaha). O norte americano ficou, agora, a 30m47s no final de uma etapa que testemunhou o abandono do russo Alexander Maksimov ainda na ligação para o troço devido a problemas mecânicos. O piloto viu o seu quad ser levado para o acampamento, poderá regressar amanhã.
Ekstrom estreia-se a vencer no Dakar, Loeb mais perto de Al-Attiyah
O furo sofrido por Sebastien Loeb logo ao km 28 da especial deixou no ar a ideia que hoje seria o dia em que Nasser Al-Attiyah reclamaria nova vitória no Dakar. Nada de mais errado!
O francês recuperou, e de que maneira!, para fechar a especial no terceiro lugar, ganhando mais uma mão cheia de minutos ao líder da prova. O piloto da Toyota Gazoo Racing voltou a ser cuidadoso e terminou a etapa no 11º lugar a 10m09s do vencedor da tirada, o sueco Mattias Ekstrom.
O piloto do Audi RS Q e-tron estreou-se a ganhar no Dakar, batendo Stephane “Senhor Dakar” Peterhansel por 49s, com Carlos Sainz a ficar no quarto lugar da etapa a 3m11s do sueco. Mais uma boa especial para a Audi que, depois de reconstruir os carros no dia de descanso, está a cumprir os desejos de Sven Quandt de “ganhar etapas até ao final da prova.”
Contas feitas à geral
Contas feitas à classificação geral da prova, Nasser Al-Attiyah continua na frente com 37m58s de vantagem para Sebastien Loeb e 53m13s para Yazeed Al Rajhi. Lucio Alvarez (Toyota) ficou parado perto do quilometro 170 e o sonho de um pódio para o argentino ficou espalhado pela areia do troço.
Com este azar do piloto da Overdrive, Jakub Przygonski é agora o melhor dos Mini JCW Buggy da X-Raid no quarto lugar a 1h28m06s, na frente de Orlando Terranova ao volante de um BRX Hunter que segue a 1h31m39s de Al-Attiyah. A fechar o Top 10 estão Vladimir Vasilyev (BMW X5) a 1h40m57s, Giniel de Villiers (Toyota Hilux GR DKR) a 1h46m05s, Sebastien Halpern (Mini JCW Buggy) a 2h08m42s, Martin Prokop (Ford Raptor RS) a 2h09m05s e Mathieu Serradori (Buggy Centuri CR6) a 2h31m31s.
Vaidotas Zala e Paulo Fiúza perderam uma posição, pois com a vitória de hoje, Mattias Ekstrom ascendeu ao 11º lugar, relegando o Mini JCW de Zala para o 12º posto a 2h40m58s. Mas o Top 10 está, agora, a menos de 10 minutos apesar de uma etapa onde foram apenas 20º. Miguel Barbosa fechou a etapa no 36º posto, perdendo mais 1h09m06s, o que lhe permitiu subir ao 31º lugar a 10h00m46s.
Nos camiões, a Kamaz continua a passear a sua superioridade, com Sotnikov a ganhar na frente de Karginov e Nikolaev, fechando o “poker” da etapa de hoje o camião de Shibalov. Ignacio Casale foi o melhor dos outros. Na classificação geral temos 1 (Sotnikov), 2 (Nikolaev), 3 (Shibalov), com Ales Lopres (Praga) no quarto lugar a 1h29m27s. Janus van Kasteren (Iveco) perdeu mais um lugar para o Kamaz de Karginov.
Portugueses continuam em alta nos LW Proto e nos SSV
Numa etapa muito dura, Mário e Rui Franco foram os 11ºs mais velozes entre os LW Proto, estando na 9ª posição da geral, comandada, confortavelmente, por Francisco Lopez Contardo, agora com 1h19m01s para Sebastian Eriksson. Seth Quintero voltou a ganhar, a sétima vitória em oito etapas, mas a equipa Red Bull perdeu Cristina Gutierrez vítima de problemas mecânicos no OT3 da Overdrive, ela que estava no pódio e a ameaçar o segundo lugar de Eriksson. Agora no pódio está Fernando Alvarez, a 2h55m30s do líder chileno.
Luís Portela de Morais e David Megre voltaram a fazer uma excelente prestação com um sétimo lugar na especial de hoje que lhes permitiu reforçar o seu oitavo lugar, agora com mais de uma hora de vantagem para o nono classificado.
Rui Oliveira e Fausto Mota foram os 16ºs mais rápidos a 48m39s do vencedor da tirada, ocupando o 17º lugar a 6h51m50s.
Na frente, a categoria assistiu ao espetáculo do desempenho dos irmãos Goczal, com Marek a ganhar a especial na frente de Michel, com Austin Jones a ficar no terceiro posto. Contas feitas, o americano lidera com 6m38s de vantagem para Farres Guell e 14m49s para Michel Goczal. Por fim, destaque ainda, para o 11º lugar de Molly Taylor. A australiana, campeã de ralis australiana e campeã do Extreme E 2021 na companhia de Johan Kristoffersson, conheceu muitas dificuldades com o seu Can-Am, mas sendo resiliente continua a trepar na classificação, embora o acesso ao Top 10 esteja a mais de uma hora.
Amanhã, nova etapa em ronda com partida e chegada a Wadi Ad Dawasir. A tirada terá 491 km, dos quais 287 serão cronometrados. Montanhas, estreitos, muita terra e menos areia numa etapa que não será difícil pelo percurso, mas pela navegação que será complicada. O cansaço acumulado, apesar do dia de descanso, em homens, mulheres e máquinas começa a pesar e a etapa de amanhã pode ser muito dura para alguns.