Terminou hoje a segunda edição, do já icónico, Dakar Classic. A categoria, que funciona na modalidade de regularidade, trouxe-nos 134 carros e 18 camiões de outra era e chegou ao fim com poucas baixas e muitas histórias para mais tarde recordar. O Buggy Sunhill, que venceu na primeira edição, deu lugar ao Toyota Land Cruiser de Serge Mogno, que controlou a prova desde a 7ª etapa.
A categoria Dakar Classic reúne carros e camiões de produção anterior a 2000. Hoje revemos aqui os modelos clássicos que, para nós, foram o destaque desta prova.
E falar de clássicos no Dakar e não falar de Porsche é impensável. Não podia também faltar o mítico Porsche 911. Preparado para enfrentar as mais duras etapas da prova, não foi propriamente tratado com “paninhos quentes”. Como não ficar deliciado com este carro? Um dos carros que marcaram a lista de vencedores do Dakar foi o Porsche 953 de René Metge e Dominique Lemoyne em 1984.
Land Rover a triplicar!
Mais um modelo que nada tem a provar em termos de resistência. Contudo, fazer um Dakar nestes pouco confortáveis veículos de outrora que são os Land Rover Série II, é de se lhe tirar o chapéu!
Franceses sempre em altas!
Não são apenas os pilotos franceses que se destacam no Dakar. Ao longo de todos estes anos, também os modelos franceses dão muito que falar, e nem sempre por maus motivos como aquele que recentemente relatamos sobre o rapto do Peugeot 405 de Ari Vatanen.
Na lista de palmarés do Dakar podemos contar pelo menos oito vitórias da Peugeot, três da Citroën e outras três da Renault. Entre elas o 205 T16 que ainda hoje participa, e que foi vencedor em 1987.
A marca francesa chegou mesmo a vencer o Dakar durante cinco anos consecutivos (1987 – 1991), quatro delas pelas mãos de Ari Vatanen.
Dakar 1988. O ano em que o Peugeot 405 T16 foi raptado durante a noite!
Uma história insólita, digna de um enredo de Hollywood. Em 1988 a Peugeot via-se a braços com o rapto do Peugeot 405 T16 de Vatanen.
O DAF “bicéfalo”
A marca holandesa tem uma história rica no Dakar. Em 1988 a DAF inscreveu o monstruoso Turbo Twin que, mesmo com as suas dez toneladas bem medidas, apostava numa vitória à geral, que acabou por terminar em tragédia.
Quatro anos antes do Golias, Jan de Rooy inscreveu aquele que é, provavelmente, o veículo mais estranho a participar no Rali Dakar, o DAF dupla cabine. A história é simples, de Rooy procurava uma forma de aumentar a potência do seu camião e então decidiu juntar dois. O resultado foram 800 cv extraídos dos dois motores, um para cada eixo, e o mais estranho de tudo, duas cabines…
O Dakar Classic deu-nos a oportunidade de rever ou, para muitos, conhecer esta monstruosidade, com Michiel Kujis ao volante, com o número 800 nas portas. O camião foi totalmente restaurado e preparado pelo Team de Rooy nos Países Baixos, sob supervisão do filho Gerard de Rooy. Todos os pormenores são fiéis ao estado em que alinhou à partida para o rali em 1984.
Onda germânica de clássicos no Dakar
O “pai” do Audi Quattro, o original “G” e o incontornável e carismático Carocha. A indústria automóvel alemã esteve bem representada nos clássicos.
Todos sabemos a história do domínio da Audi no mundial de Ralis na década de 80, mas quantos de nós, sabemos a origem do sistema Quattro? Foi precisamente com o VW Iltis, que agora volta a alinha à partida do Dakar. Um modelo com origem militar, de construção leve e que levou os engenheiros da Audi a adaptar o sistema de tração integral a um carro convencional. O resultado foi o que nós sabemos, o dominador Quattro que levou a uma revolução no mundo dos ralis.
O clássico Classe G, vencedor em 1983 com Jacky Ickx, também não podia deixar de participar no evento onde foi tão feliz. No total foram 11, os que alinharam à partida do Dakar Classic, nas suas diferentes configurações.
Ter de volta o motor seis cilindros a rugir pelas dunas do deserto, faz-nos agradecer muito a David Castera e à sua equipa!
Mais Russia para além dos Kamaz
A loucura holandesa nos camiões dos anos 80, está agora um pouco mais a leste. A Kamaz tem vindo a ser dona e senhora da categoria, sem que a concorrência se consiga chegar sequer perto. Este ano não foi excepção, com a marca russa a arrecadar o 1º, 2º, 3º e 4º postos da classificação geral.
Mais não foi só nos peso-pesados que a Rússia esteve representada. Os pequenos Lada Niva também trouxeram todo o seu carisma e personalidade aos troços do rali. Foram quatro as unidades do modelo soviético a participar na maratona. Para além disso, uma destas unidades, conduzida por Mario Jacober, com o número 763, teve inclusivamente o apoio oficial da Lada.
Dakar Classic com toque português
Discreto mas presente, em espírito. Surpreendentemente Portugal não teve nenhum piloto à partida da categoria dos clássicos. Contudo, uma das viaturas tem um sabor bem português…
A Mitsubishi L200, com o número 801, inscrita por Alberto Morganti é nada mais nada menos que a carrinha que pertencia a Carlos Sousa, no início do século. Se olharmos com atenção, ainda conseguimos ver alguma da antiga publicidade dos tempos em que o português rodava com a Strakar.
Não é muito, mas já é alguma coisa. Será que no próximo ano teremos o privilégio de ter um português à partida? E porque não num UMM? Está na hora de fazer planos!
Velhos são os trapos!
A categoria Classic do Dakar vem, sem dúvida alguma, provar que velhos são os trapos. Modelos outrora até vencedores, mantém-se com a fiabilidade e robustez que lhes permite terminar a mais dura prova do mundo ainda que, naturalmente, agora sem ambições de andar na frente.