Após muitos problemas com o Audi RS Q e-tron, Stephane Peterhansel assinou a sua 49ª vitória em etapas no Dakar, estando a um sucesso do recordista de vitórias em tiradas da prova, Ari Vatanen. Al-Attiyah está a duas etapas da vitória, enquanto nas motos subsiste a indefinição com nova alteração no comando. Foi dia de Audi neste Dakar 2022. Os complexos Q RS e-tron da casa de Ingolstadt transfiguraram-se após o dia de descanso e todos os pilotos inscritos pela Audi Sport já ganharam. Stephane Peterhansel, livre de problemas e sem necessidade de ajudar os seus companheiros de equipa, fez aquilo que é hábito… ganhar!
O francês ajudou a Audi a fazer a dobradinha, com Carlos Sainz a perder 2m06s para Peterhansel. Com a Toyota a ser cautelosa para conseguir a vitória com Nasser Al -Attiyah (foi apenas 7º na etapa), foi dia Audi e da Bahrain Raid Xtreme, com Orlando Terranova a fechar o Top 3 da etapa.
Henk Lategan foi o melhor Toyota no quarto lugar da etapa, seguido de Sebstien Loeb que com esta classificação voltou a ganhar tempo a Al-Attiyah. Infelizmente para ele, quando faltam apenas duas etapas, foram apenas dois segundos. Que se juntaram aos cinco minutos de penalização impostos a Al -Attiyah no dia de ontem, pois ele e o seu navegador, Mathieu Baumel, não apertaram os cintos depois de uma paragem para trocar de pneus. Mesmo assim, o piloto da Toyota tem uma vantagem de 32m40s para o nove vezes campeão do Mundo de Ralis.
Paulo Fiúza navegou Vaidotas Zala até ao 12º lugar da tirada de hoje, mantendo o 11º lugar da geral, tendo hoje ganho tempo a Mattias Ekstrom. Contas feitas, a dupla do Mini JCW está a perto de oito minutos do Audi do sueco e do Top 10.
Nova mudança na liderança das motos com portugueses em alta
O dia de hoje foi nefasto para a KTM. Kevin Benavides, vencedor da prova em 2021, acabou fora de prova quando o motor da sua moto entregou a alma ao criador à passagem pelo quilómetro 134. Matthias Walkner andou nove etapas a tentar chegar ao comando da prova, mas dormiu apenas uma noite como líder do Dakar. Erros de navegação fizeram-no perder mais de 15 minutos para o vencedor da tirada e perdeu, também, a liderança da prova.
Toby Price (KTM) venceu a etapa depois de Brabec e Cornejo se terem perdido na navegação, Sam Sunderland não conseguiu aproveitar o erro de Walkner e, contas feitas no final da especial, Adrien van Beveren (Yamaha) é o novo líder da prova com 5m59s de vantagem para Sam Sunderland (GasGas) e 6m15s para Pablo Quintanilla (Honda).
Matthias Walkner caiu para quarto a 8m24s do novo líder, seguido de Joan Barreda Bort (Honda). Toby Price deu enorme salto até ao 6º lugar da geral, na frente de Andrew Short (Yamaha), Mason Klein (KTM) – que lidera o Rally2 – Ricky Brabec (Honda) e José Ignacio Cornejo (Honda). Os 10 primeiros cabem em 39 minutos, os cinco melhores estão separados por menos de 11 minutos.
Rui Gonçalves (Sherco) foi o melhor dos portugueses com o 8º lugar na geral a 6m49s, seguido de Joaquim Rodrigues (Hero), 14º na tirada. Mas “J-Rod” conheceu um dia muito duro emocionalmente. Passaram, exatamente neste dia, dois anos sobre a morte de Paulo Gonçalves, seu cunhado e amigo. Um piloto e um homem que nunca esqueceremos!
Joaquim Rodrigues é 14º da geral a 1h00m02s e é o melhor da Hero, enquanto que Rui Gonçalves está no 24º lugar a 2h28m49s. António Maio (Yamaha) foi 17º na etapa e segue no 23º posto com pouco mais de 13 minutos de vantagem para Rui Gonçalves.
Mário Patrão levou a KTM até ao 37º lugar da geral, ocupando o 44º lugar da geral, estando no 6º posto da classificação dos pilotos que estão no Dakar sem assistência, os “Original by Motul”.
Arcélio Couto (Honda) foi 94º na etapa enquanto Alexandre Azinhais (KTM) foi 96º e Pedro Bianchi Prata (Honda) fechou a tirada no 99º lugar. Na geral, Azinhais é o 69º e quarto entre os portugueses, Couto é 78º e Bianchi Prata segue no 96º lugar.
Nos Quad, Marcelo Medeiros venceu a etapa, mas Alexandre Giroud reforçou a sua liderança depois do abandono de Pablo Copetti cujo motor do seu Yamaha partiu. Assim, o francês está agora com uma vantagem de 2h36m46s para Kamil Wisniewski. Giroud está muito perto de vencer a prova 25 anos depois do seu pai, Daniel Giroud, ter feito o mesmo em 1997.
Kamaz continua a esmagar a concorrência
Os russos funcionam como um rolo compressor e se durante as etapas parece que a muralha exibe rachas e quebras, quando chegam á linha de chegada acabam por dominar sem cedências.
Assim, a Kamaz fez 1 (Sotnikov), 2 (Nikolaev), 3 (Karginov) na etapa, com Shibalov a perder para o Tatra Buggyra de Ignacio Casale. Na classificação geral, Dmitry Sotnikov lidera com 10m18s de vantagem para Nikolaev, 44m27s para Shibalov e 1h49m19s para Karginov. Se não conhecer problemas mecânicos, Sotnikov deverá ser o vencedor entre os camiões. Com uma excelente etapa e o atraso de Ales Loprais (Praga), o Iveco de Janus van Kasteren é agora o melhor dos outros no quinto lugar a 2h33m19s.
Seth Quintero (LW Proto) igualou recorde de Pierre Lartigue
O norte americano da Red Bull tem estado imparável ao volante do OT3 da Overdrive. Descontando o segundo dia de prova onde perdeu quase 17 horas, Seth Quintero estaria com uma vantagem superior a duas horas a liderar a classificação dos LW Proto. Não podendo ganhar a prova, o norte americano está apostado em deixar o seu nome no livro dos recordes do Dakar. E a verdade é que com a 10º vitória em especiais, Seth Quintero igualou Pierre Lartigue, homem que venceu 10 etapas no Paris Dakar de 1994 ao volante de um Citroen ZX Rally Raid.
Cristina Gutierrez voltou a ser segunda classificada, mas de pouco lhe serve a classificação, pois, a piloto espanhola não vai chegar ao pódio se os homens da frente não conhecerem problemas. O líder é Francisco “Chaleco” Lopez Contardo com 55m56s de vantagem para Sebastian Eriksson e 2h56m28s para Fernando Alvarez.
Mário e Rui Franco conheceram problemas mecânicos e perderam muito tempo ficando fora de qualquer chance de ficar dentro dos 10 primeiros.
Nos SSV, Rokas Baciuska venceu a etapa na frente de Aaron Domzala e Farres Guell. Austin Jones continua a liderar com 11m54s de vantagem para Farres Guell e 15m38s para Michal Goczal. Luís Portela de Morais e David Megre foram 10ºs na etapa e mantiveram o sétimo posto na prova, agora demasiado longe do brasileiro Luppi de Oliveira, mas com quase duas horas para o oitavo classificado. Rui Oliveira e Fausto Mota foram 23º classificados na etapa a quase meia hora do vencedor, seguindo no 16º lugar da classificação da categoria a 7h41m19s de Jones.
A penúltima etapa do Dakar 2022 será disputada em ronda com partida e chegada a Bisha. Uma etapa com uma curta ligação de 155 km e uma especial de 346 km (total de 501 km), que promete mexer nas classificações das diversas categorias. Metade da especial para os carros, camiões, LW Proto e SSV será feita nas dunas de todos os tamanhos e feitios. Para as motos, a navegação será complicada. Uma tirada que pode, ainda, trazer surpresas para os menos atentos e preparados.