Portugal não tem um Grande Prémio de Fórmula 1 em 2022, mas vai ter um nome português ao mais alto nível. Eduardo Freitas é, juntamente com Niels Wittich, o novo diretor de prova da Fórmula 1. A inconfundível voz do português, conhecida do Mundial de Endurance – e que deverá continuar pois as funções serão alternadas entre os dois – vai ecoar nos ouvidos dos pilotos. Uma voz grave, forte, decidida e que nos habituamos a escutar no WEC. Na F1… só os pilotos vão escutar Eduardo Freitas.
A petição para levar Eduardo Freitas para a F1
Os mais atentos ao fenómeno desportivo conhecem, muito bem, Eduardo Freitas. Tanto que no passado mês de dezembro surgiu uma petição online, subscrita por mais de duas mil pessoas, que dizia qualquer coisa como isto: “após uma época sem precedentes de decisões inconsistentes e extremamente questionáveis dos comissários da Fórmula 1, culminando com a farsa do Grande Prémio de Abu Dhabi de 2021, solicitamos aos organizadores da Fórmula 1 que substituam o atual diretor da prova por Eduardo Freitas, do WEC, bem respeitado e experiente. Freitas tem mais de 20 anos de experiência como diretor de corridas de alto nível e é considerado em todo o mundo como uma voz de consistência e autoridade.”
Longe estavam todos de pensar que este gesto acabasse por desaguar na substituição de Michael Masi que, após toda a trapalhada que foi a temporada de 2021 e que culminou com o desfecho do campeonato, tinha poucas condições para se manter no cargo.
Direção de corrida bicéfala
Nesse sentido, a FIA decidiu que a melhor solução era criar uma direção de corrida bicéfala e introduzir um vídeo árbitro à imagem do futebol. E escolheu Eduardo Freitas e o alemão Niels Wittich.
Este último foi diretor de corrida do DTM, cargo que abandonou no final de 2021 depois do convite da FIA para que fosse auxiliar Michael Masi no papel de diretor de corrida. Wittich já foi diretor de corrida da FIA F2 e F3 e auxiliou o diretor de corridas em alguns eventos.
Uma paixão pelas corridas
Quanto a Eduardo Freitas, tem um percurso muito semelhante ao de Charlie Whiting. A paixão pelos motores levou-o a fazer arranjos em motores de dois tempos para motorizadas. Quando um amigo lhe pediu para mexer no motor de um kart, em 1977, as coisas avançaram decididamente.
Nessa medida, decidiu que já bastava de ver corridas na perspetiva do mecânico e quis-se envolver mais na competição. E depois de ter estado no Mundial de Karting no fim de semana, na segunda-feira estava a desmontar a pista.
Ainda assim, a sua ascensão foi segura navegando pelo comissariado de provas, chefe de posto, chefe de zona de comissários e verificações técnicas. Como chefe do colégio de comissários no Estoril, em 2002, surgiu o convite para desembarcar no Campeonato FIA GT. Foi Jurgen Barth quem lhe telefonou a perguntar se ele estava disponível.
Fez a temporada do FIA GT e do ETCC (European Touring Car Championship) nesse ano de 2002 e o resto… é história!
Depois do WTCC e do Mundial de FIA GT… o WEC!
Eduardo Freitas esteve no WTCC quando arrancou em 2004, esteve lá até 2009 onde fez 110 corridas. Foi há 12 anos que a FIA o decidiu colocar no Mundial de GT, mas como só durou um ano, foi levado para o WEC. Era o diretor de prova do WEC, do European Le Mans Series e do Asian Le Mans Series.
Contas feitas, tem 40 anos de experiência no desporto automóvel e é apreciado por todos pela sua tomada de decisão ponderada, rápida e sem direito a cedências ou negociações.
Masi fora, Eduardo Freitas chega ao topo
Decidiu avançar os carros que estavam com voltas de atraso entre Hamilton e Verstappen e não todos os outros. Um erro clamoroso que anulou as consequências de duas decisões: manter-se em pista (Hamilton), trocar de pneus (Verstappen).
Nesse sentido, a FIA analisou o que se passou no Abu Dhabi. E por muito que alguns digam que há uma Máfia na FIA com o patrocínio da Mercedes, o que se passou no final da temporada de 2021 foi mau demais. Não pelo título de Max Verstappen que acaba por ser justo. Mas pela forma como aconteceu. Masi não pode negociar com as equipas decisões da direção de prova e muito menos querer ser Salomão.
Ou seja, o novo presidente da FIA, Mohammed Bem Sulayem, entendeu, junto com a comissão de inquérito instaurada pela federação, que Michael Masi não tinha condições para se manter como diretor de corrida da Fórmula 1. Assim, o lugar ficou à disposição do português Eduardo Freitas.
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