Cá dentro ou lá fora não faltam automóveis mais ou menos bizarros, mais ou menos especiais, mais ou menos raros. Pode até ser aquela versão que sempre quisemos ter na garagem! Ás vezes é só para ver… mas também há as compras de impulso! Quem não tem aquele amigo ou familiar que já o fez? A vontade é sempre adicionar mais um e nunca vender… Assim nasceu esta rúbrica, exclusiva para ti, subscritor da nossa Newsletter “Livre Trânsito”.
Depois de termos trazido um clássico moderno com o Renault Clio Williams, esta semana mantemo-nos no incrível mundo dos “Pocket Rocket”, com um modelo com origens bem modestas e que conquistou os corações de tantos amantes das octanas, o Ford Fiesta XR2.
O filho da crise
Corria a década de 70. Os anos, recordados por muitos como a época dos hippies e rock n roll, foram também o período que marcou a famosa crise petrolífera. Com os combustíveis a assumirem valores cada vez mais preocupantes, a Ford, como outras marcas, decidiu apostar no desenvolvimento de um novo automóvel, mais pequeno e económico.
Começou assim, por ordem direta de Henry Ford II, o projeto que viria a tornar-se num dos automóveis de maior sucesso em todo o mundo. O “Bobcat”, como era então conhecido o projeto para o novo utilitário, situava-se logo abaixo do Escort na gama Ford, com uma proposta mais económica na compra e na sua utilização.
O Fiesta foi um sucesso de vendas e tornou-se num dos primeiros automóveis, verdadeiramente mundiais, sendo produzido nos quatro cantos do planeta.
Uma F(i)esta ao volante
Os cerca de 50 cv que os modelos originais ofereciam, acabaram por deixar um amargo de boca a quem percebeu as potencialidades do chassis do pequeno utilitário.
Apesar de não ter sido desenvolvido com esse propósito específico, a resposta em curva e a sensação de condução do Fiesta foram sempre alvo da melhor crítica. A versão Supersport, lançada em 1981, aproveitou-se desta dinâmica para dar um pouco mais de pimenta ao modelo e preparar o caminho para o ícone que o sucederia.
Nasceu assim o Ford Fiesta XR2, um americano com coração europeu.
A nova versão trazia assim um aumento de potência para os 83 cv, extraídos do motor Kent de 1600 cm3 de cilindrada, assim como novas suspensões mais rígidas e um escape desportivo. As alterações, associadas aos seus cerca de 850 kg, permitiam-lhe alcançar os 100 km/h na casa dos 9,3s, até uma velocidade máxima de 170 km/h.
No campo estético destacam-se alguns pormenores característicos, como um novo spoiler traseiro em plástico negro, guarda-lamas no mesmo material e os novos faróis redondos ao invés dos quadrados do Fiesta convencional. As jantes em liga-leve, carinhosamente conhecidas como “moinhos de pimenta” são também uma característica inconfundível do Ford Fiesta XR2.
A segunda geração do XR2 (MK2), trouxe um pouco mais de potência, cifrando-se nos 96 cv. Foram também acrescentados novos pormenores estéticos como os faróis retangulares, guarda-lamas ligeiramente mais largos e as pequenas extensões em plástico negro na traseira do pilar C e tejadilho
Para não canibalizar as vendas do mais graduado, Escort, a Ford optou por nunca criar uma versão ainda mais radical do XR2 dentro de portas. Por outro lado, começava aqui uma longa tradição da oval azul em trabalhar com preparadoras aftermarket certificadas, cujas alterações não afetariam a garantia de fábrica oferecida pela marca.
Ford Fiesta. Sem dúvida, o utilitário mais dinâmico do segmento!
O Ford Fiesta, nesta que é a sua versão mild-hybrid de 155 cv, não só se mostra bem dinâmico, como consegue alcançar bons consumos.
Avô orgulhoso
Pode já não ser usada, mas a sigla XR2 marcou o princípio de uma história de amor entre a Ford e os pequenos utilitários desportivos. Desde aí tivemos os radicais XR2i e RS Turbo, sem nunca esquecer os já icónicos ST, a começar na sua primeira interpretação na geração MK6.
Hoje, pela mão da Ford Performance, os tri-cilindricos endiabrados continuam a fazer as delícias de quem os conduz, tal como o “velhinho” XR2 o fez no seu tempo.
Este exemplar que hoje aqui deixamos, é uma rara oportunidade para ter um destes icónicos desportivos na sua garagem. Por cerca de 7000€ trazemos para casa um XR2 MK2, nacional, com 107 000 km, aparentemente, num bom estado de conservação, apenas com umas jantes de liga leve que, não lhe assentando mal, não são originais do modelo.
As tradicionais jantes perfuradas, por outro lado, foram substituídas por outras, raiadas, reduzindo um pouco o valor histórico a esta unidade.
Era ainda um excelente carro para trazer até um dos nossos eventos de automóveis clássicos, o Classic Cars Tour, ou o Termas Centro Classic Cars em abril. Se tens um clássico, vemo-nos por lá?
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