O GP Arábia Saudita, num traçado demasiado rápido e perigoso, veio confirmar à saciedade aquilo que tinha ficado no ar no Bahrain. A Fórmula 1 deu um passo em frente no que toca à competitividade e depois da dobradinha da Ferrari no Bahrain, foi a vez da Red Bull ganhar após um jogo de xadrez entre Max Verstappen e Charles Leclerc a mais de 300 km/h! Sergio Perez e Carlos Sainz estiveram perto dos seus “chefes de fila” e a Mercedes voltou a sofrer. Muito!
A corrida realizada no circuito “Jeddah Cornich” foi o culminar de um fim de semana complicado para a Fórmula 1 e para a Arábia Saudita. Primeiro os mísseis que explodiram a duas mãos cheias de quilómetros do circuito e que geraram a semente da discórdia e um embrião de revolta dos pilotos.
Tudo sanado com garantias dos responsáveis do Governo saudita de que não se repetiria o fogo de artificio bélico. Depois foi a vez de Mick Schumacher despistar-se de forma violenta que arrepiou todos os que assistiram. O filho de Michael Schumacher sofreu uma desaceleração de 33 G, mas na corrida já estava no muro das boxes a ver o excelente desempenho de Kevin Magnussen. Mas depois… tudo foi esquecido!
Não sei se têm a mesma sensação, mas as 57 voltas ao traçado saudita passaram, literalmente, a voar! Culpa dos regulamentos, da gula da Mercedes e de uma Ferrari renascida após dois anos no Purgatório.
Sergio Perez fez a “pole position” para o GP Arábia Saudita
Charles Leclerc e Max Verstappen envolveram-se numa luta limpa e honesta em que foram jogando xadrez a 300 km/h. A Ferrari e a Red Bull estão calendários à frente dos restantes e o monegasco e o campeão do mundo em título estão melhores que os seus colegas Carlos Sainz e Sergio Perez.
Mas o primeiro milho – depois da Ferrari ter dominado todas as sessões de treinos – caiu no colo de Sergio “Pardal” Perez. Foi ele quem fez a “pole position” com uma curta margem sobre Leclerc e Sain, com Verstappen a perder-se na tradução da estratégia da Red. Bull.
Teria “Checo” Perez capacidades para fazer valer a sua primeira posição na grelha? Ou voltaria ao seu papel de figurante, semelhante ao de Carlos Sainz?
GP Arábia Saudita foi um jogo de… xadrez!
Debicado o primeiro milho pela Red Bull, a Ferrari atirou-se ao prato principal com “ganas”, mas tiveram de recolher as garras pois Perez não lhes deu muitas chances. Mas a deusa da sorte olhou para Perez e não gostou do que viu abandonando-o. As paragens nas boxes e um “Safety Car” imposto pelo despiste de Nicholas Latifi, retiraram Sergio Perez da equação para a vitória.
Os homens da frente aproveitaram o “Safety Car” para parar nas boxes e no fim das contas serem feitas, Verstappen estava em segundo atrás de um imperturbável Leclerc. Começava, aqui, o espetáculo do GP Arábia Saudita.
Vitória nas últimas voltas para Verstappen
Dizer, nesta altura, que a Red Bull tinha optado por menos carga aerodinâmica. Primeiro por entender que o que perdia nas curvas ganhava em reta e, depois, porque o motor Red Bull Technologies não é tão forte como o novo propulsor da Ferrari. O F1-75 tem saúde para dar e vender e por isso o carro pode andar com mais carga que os restantes. Só assim se explica a forma como o Ferrari curvava e como era apanhado pelos outros em reta. Adiante!
O primeiro movimento no tabuleiro foi de Verstappen. O neerlandês atacou e Leclerc deixou-o, de propósito, passar para a frente para contra-atacar na reta seguinte. Movimento clássico de ataque e defesa ganho por Leclerc. Mais à frente, novo ataque de Verstappen, mas desta feita com estratégia: ambos tentaram ficar atrás na linha do DRS. Uma situação embaraçosa para ambos com o piloto da Red Bull a ensaiar uma travagem que deixou o pneu dianteiro com uma valente marca.
Cinco voltas depois xeque-mate! Max Verstappen cercou Charles Leclerc na entrada da reta da meta e com o DRS e a velocidade de ponta maior que a do Ferrari, o campeão do mundo tinha acabado com a discussão. O monegasco ainda tentou andar ali perto do Red Bull, mas faltava velocidade e pneus frescos para isso.
Uma vitória no braço após uma luta extraordinária entre os dois, que deixa antever um Mundial entretido e de desfecho… imprevisível!
Confirmações e azarados do GP Arábia Saudita
McLaren confirmou que o MCL34 é um tiro ao lado do porta-aviões. Lando Norris esteve sempre melhor que Daniel Ricciardo e o australiano levou mais uma paulada ao ter de abandonar. O sorriso de Ricciardo anda a perder força e o futuro pode ser cinzento para o, ainda, piloto da McLaren. Norris terminou em sétimo.
Também a Mercedes sofreu a bom sofrer. Hamilton falhou o Q3 pela primeira vez desde 2018 (GP da Alemanha) nunca se entendeu com o carro e suou as estopinhas – e usou o seu enorme talento para superar as dificuldades do monolugar – para reclamar um pontinho. Ele que julgava que o 10º lugar não oferecia pontos…
George Russell bateu nos treinos e na corrida o seu colega de equipa, fechando o GP Arábia Saudita no 5º posto. Na frente de Esteban Ocon. O Alpine continua a não dar mostras de evoluir, Alonso andou de candeias às avessas com o seu colega francês e acabou fora de prova. Mas Ocon ainda com conseguiu fazer vida negra a Russell. Mas não chegou para vergar o britânico.
Yuki Tsunoda nem sequer arrancou quando o Red Bull Powertrain deu problemas e deixoiu o pequeno japonês a olhar… para os outros. Pierre Gasly terminou em oitavo e Kevin Magnussen voltou a deixar um enorme sorriso na face de Guenther Steiner ao terminar na 9ª posição, recolhendo mais dois pontos importantes para a Haas.
Como sucedeu no Bahrain, a Aston Martin saiu de mãos vazias de pontos, tal como a Williams e a Alfa Romeo.
Classificação final
- Max Verstappen (Red Bull RB-18 – Red Bull Poweertrain), 57 voltas em 1h24m19,293s;
- Charles Leclerc (Ferrari F1-75), a 0,549s;
- Carlos Sainz (Ferrari F1-75) a 8,097s;
- Sergio Perez (Red Bull RB-18 – Red Bull Poweertrain), a 10,800s;
- George Russell (Mercedes W13), a 32,732s;
- Esteban Ocon (Alpine A522 – Renault), a 56,017s;
- Lando Norris (McLaren MCL34 – Mercedes), a 56,124s;
- Pierre Gasly (Alpha Tauri AT03 – Red Bull Powertrain), a 62,946s;
- Kevin Magnussen (Haas VF22 – Ferrari), a 64,308s;
- Lewis Hamilton (Mercedes W13), a 73,948s.
Classificados 13 pilotos
Classificação do Mundial de Pilotos
- Charles Leclerc, 45 pontos;
- Carlos Sainz, 33 pts;
- Max Verstappen, 25 pts;
- George Russell, 22 pts;
- Lewis Hamilton, 16 pts;
- Esteban Ocon, 14 pts ;
- Sergio Perez, 12;
- Kevin Magnussen, 12 pts;
- Valtteri Bottas, 8 pts;
- Lando Norris, 6 pts;
- Yuki Tsunoda e Pierre Gasly, 4 pts;
- Fernando Alonso, 2 pts;
- Guanyou Zhou, 1 pt.
Classificação do Mundial de Construtores
- Ferrari, 78 pontos;
- Mercedes, 38 pts;
- Red Bull Racing, 37 pts;
- Alpine Renault, 16 pts;
- Haas Ferrari, 12 pts;
- Alfa Romeo Ferrari, 9 pts;
- Alpha Tauri Red Bull Powertrain, 8 pts;
- McLaren Mercedes, 6 pts.