F1 GP Austrália: Ferrari cilindrou a Red Bull e a Williams pontuou

F1 GP Austrália foi dominado pela Ferrari e por Charles Leclerc que, pela primeira vez na sia careira, reclamou um “Grand Chelem”.

No F1 GP Austrália, Charles Leclerc teve um fim de semana de sonho: fez a “pole position”, a volta mais rápida, liderou todas as voltas e ganhou no regresso da Fórmula 1 a Melbourne e ao Grande Prémio da Austrália. O piloto da Ferrari conquistou o primeiro “Grand Chelem” da carreira, adicionando ao palmarés a 11º “pole-position” e a 4º vitória. Para a Ferrari foi a vitória 240, numa corrida onde três coisas ficaram evidentes: a equipa italiana tem superioridade sobre a Red Bull; a equipa do campeão do mundo está com problemas de fiabilidade; a Mercedes está a fazer um grande trabalho. E, com uma estratégia arrojada, a Williams entregou à Aston Martin a lanterna vermelha.

F1 GP Austrália

F1 GP Austrália de regresso

O Grande Prémio da Austrália não se realizava desde 2019 e o regresso a Albert Park foi feito em fanfarra. Em primeiro lugar, oferecendo um asfalto novo que levou a um investimento a rondar os 15 milhões de euros. Depois, com uma reconfiguração do traçado oferecendo maior velocidade á pista. Finalmente, a Fórmula 1 foi brindada com uma avalancha de público que levou mais de 400 mil pessoas, durante os quatro dias, ao circuito.

Naturalmente que cada um dos espetadores presentes no Albert Park e os milhões que assistiram em todo o mundo, estavam a salivar com mais um episódio da refrega entre Charles Leclerc e Max Verstappen. Debalde!

F1 GP Austrália: Ferrari cilindrou concorrência

Terá sido o fim de semana mais desequilibrado desde o começo da temporada 2022. Ao contrário do que sucedeu no Bahrain e na Arábia Saudita, a Ferrari tinha uma enorme vantagem para a Red Bull. O F1-75 era melhor numa volta rápida e melhor num longo período em pista. O Ferrari era melhor com depósito cheio ou vazio. Enfim, o Ferrari F1-75 era o carro que menos agredia os pneus. 

Perante este cenário que estava nos computadores dos estrategas da Ferrari, mas oculto da maioria, o desfecho era evidente.

Leclerc fez a “pole position” depois de Carlos Sainz ter feito, finalmente, jogo igual com o monegasco nos treinos livres. Nesse ínterim, o espanhol começou a sentir os efeitos da Lei de Murphy: uma bandeira vermelha arruinou a sua tentativa de discutir a “pole position” com Leclerc.

FERRARI F1
GP AUSTRALIA F1/2022 – VENERDI’ 08/04/2022 credit: @Scuderia Ferrari Press Office

Por outro lado, o espanhol teve alguns problemas com o carro e teve de trocar de volante. Disse Sainz que o volante não estava bem programado, no arranque entrou em funcionamento o “anti-stall” e o resultado foi o trambolhão para lá dos 15 primeiros. A utilização de pneus duros para fazer um primeiro turno muito longo levou Carlos Sainz a cometer um erro – faltava temperatura nas borrachas da Pirelli – e após três voltas, Charles Leclerc ficou órfão e a lutar contra dois Red Bull. Sainz poderá ter aberto a porta do armário do piloto Nº2 da Ferrari.

Red Bull com muitas dificuldades

Claramente, o RB18 não esteve à altura do Ferrari F1-75. Isto porque nas zonas mais sinuosas – que são poucas em Albert Park – era menos ágil que os Ferrari, o chassis da Red Bull era menos benigno para os pneus e muito depressa Verstappen e Perez debateram-se com granulação.

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Foi esse fenómeno que explicou o empilhar da desvantagem do campeão do Mundo face a Leclerc e, também, a perigosa aproximação dos Mercedes ao Red Bull de Sergio Perez.

Quando trocaram para os pneus duros, os dois Red Bull deram um ar da sua graça. Mas na realidade, Leclerc só viu a sua liderança ameaçada no recomeço após o segundo “Safety Car”. Com os pneus duros frios, Leclerc deixou o Ferrari escorregar para a zona suja e ficou sem tração. Verstappen chegou a estar ao lado do F1-75, mas o Ferrari rapidamente levou os pneus para a janela ideal de funcionamento – três curvas – e foi-se embora do Red Bull.

Para adicionar desgraça ao insulto, depois de ver Leclerc “desaparecer” no horizonte, Max Verstappen foi forçado a abandonar com um problema de alimentação do motor. Chamas lamberam a traseira do RB18, mas a Red Bull acredita que a unidade de potência é recuperável. Curiosamente, o dia já tinha começado torto: de manhã os mecânicos descobriram uma fuga hidráulica e até ao carro ir para a grelha tiveram muito trabalho.

Já depois do abandono, Verstappen foi contundente com a equipa, ao dizer que “esta prestação foi inaceitável. Precisamos de ter maior fiabilidade, ser mais rápidos e gerir melhor os pneus.” Já Christian Horner, responsável da Red Bull, para acalmar as brasas da contestação referiu que “prefiro um carro rápido e menos fiável que o contrário”. Pois, claro que sim…

Mercedes continua longe da Ferrari… mas está fiável

Uma equipa como a Mercedes não abdica de nada e apesar do revolucionário carro prateado estar, à vista de todos, com enormes dificuldades para lutar pelos primeiros lugares, são os segundos classificados dos campeonatos de pilotos (George Russell) e de construtores.

Toto Wolff saiu satisfeito de Melbourne porque voltou ao pódio e pelas classificações nos campeonatos. Já Lewis Hamilton viu a sorte voltar-lhe as costas. A primeira entrada em pista do “Safety Car” deu-se pouco depois de ter parado nas boxes e, de repente, o piloto viu-se encurralado. Ainda assim recuperou até ao quarto lugar.

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Quanto a George Russell, estava satisfeito pois, nas suas palavras, “fomos 3º e 4º classificados com o quinto melhor carro do plantel. Demos o máximo e fomos recompensados.”

Enfim, os Mercedes têm, neste momento, como maior arma a fiabilidade. São os únicos que terminaram as três corridas com os dois carros. Mas na próxima quinzena têm muito para continuar a trabalhar pois segundo os seus responsáveis técnicos, estão a 1 segundo da Ferrari e a 0,6 segundos da Red Bull.

F1 GP Austrália sorriu a Albon, foi madrasto para Alonso

No F1 GP Austrália, Alex Albon, que o ano passado andava de Ferrari no DTM, provou que pode ser uma mais-valia para a Williams. Foi desclassificado na qualificação e acabou no último lugar da grelha de partida. Fez uma extraordinária recuperação usando os mesmos pneus durante 56 voltas! Veio cumprir a paragem obrigatória e fechou a corrida nos 10 primeiros, marcando valioso ponto para a equipa liderada por Jost Capito.

Albon andou de forma muito consistente e surpreendentemente rápido. O novo responsável pela equipa Williams referiu no final que “mesmo com pneus já muito desgastados, o Alex foi capaz de fazer tempos velozes por volta. Tivemos, claramente o 5º carro mais rápido do plantel.”

Para Fernando Alonso tudo correu mal. Na qualificação estava a fazer uma volta fantástica quando o Alpine decidiu o contrário e atirou o espanhol para a barreira de segurança.

Saindo da grelha do 10º posto, Alonso teve muito azar: o primeiro “Safety Car” entrou muito cedo e parando para trocar de pneus, colocou-se, imediatamente numa estratégia de duas paragens. Ainda por cima, apanhou um comboio com DRS e nunca mais conseguiu recuperar. Resultado final, depois da segunda paragem, foi a queda para o último lugar.

Finalmente, a McLaren. Os homens de Zak Brown elevaram a fasquia e Lando Norris acabou em 5º logo seguido de Daniel Ricciardo. Parece que a marca de Woking está a conseguir fazer funcionar o conceito do MCL35.

Classificação final

  1. Charles Leclerc (Ferrari F1-75), 58 voltas em 1h27m46,548s;
  2. Sergio Perez (Red Bull RB 18 – Red Bull Powertrains), a 20,549s;
  3. George Russell (McLaren W13) a 25,593s;
  4. Lewis Hamilton (Mercedes W13), a 32,732s;
  5. Lando Norris (McLaren MCL 34 – Mercedes), a 53,303s;
  6. Daniel Ricciardo (McLaren MCL34 – Mercedes), a 53,124s;
  7. Esteban Ocon (Alpine A575 – Renault), a 1m01,683s;
  8. Valtteri Bottas (Alfa Romeo C40 – Ferrari), a 1m07s,946s;
  9. Pierre Gasly (AlphaTauri ATR 02 – Red Bull Technologies), a 1m16,221s;
  10. Alex Albon (Williams FW 23), a 1m19,382s.

Classificação do Mundial de Pilotos

  1. Charles Leclerc, 71 pontos;
  2. George Russell, 37 pts;
  3. Carlos Sainz, 33 pts;
  4. Sergio Perez, 30 pts;
  5. Lewis Hamilton, 28 pts;
  6. Max Verstappen, 25 pts;
  7. Esteban Ocon, 20 pts ;
  8. Lando Norris, 16 pts; 9
  9. Kevin Magnussen, 12 pts;
  10. Valtteri Bottas, 12 pts.

Classificação do Mundial de Construtores

  1. Ferrari, 104 pontos;
  2. Mercedes, 65 pts;
  3. Red Bull Racing, 55 pts;
  4. McLaren Mercedes, 24;
  5. Alpine Renault, 22 pts;
  6. Alfa Romeo Ferrari, 13 pts;
  7. Haas Ferrari, 12 pts;
  8. Alpha Tauri Red Bull Powertrain, 10 pts;
  9. McLaren Mercedes, 1 pts;
  10. Aston Martin, 0 pts.