O Rali da Croácia, terceira prova do Mundial de Ralis, decorreu debaixo de condições meteorológicas absolutamente imprevisíveis. A escolha de pneus podia ter arruinado o domínio de Kalle Rovanpera instalado desde a primeira prova especial de classificação. Mas o piloto finlandês encontrou no seu Toyota GR Yaris um aliado perfeito para a sua pilotagem e, na “Power Stage”, apesar de estar em inferioridade no que toca aos pneus, bateu “no braço”, o campeão do Mundo de 2019, Ott Tanak.
Kalle Rovanpera ganhou o segundo rali do ano, o quarto da sua carreira. O Rali da Croácia cumpriu a sua segunda edição como prova do Mundial de Ralis, sendo a primeira em pisos de alcatrão (descontando o Monte Carlo) antes de chegarmos à temporada das provas em pisos de terras que começa com o Rali de Portugal.
O Toyota Yaris GR continua a dominar o Mundial de Ralis, com duas vitórias de Rovanpera na Suécia e, agora, na Croácia. O Ford Puma Hybrid ganhou o Monte Carlo com Sebastien Loeb. O francês regressa ao Mundial em Portugal e terá a companhia de Ogier num Toyota.
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Rali da Croácia liderado por Rovanpera
Rovanpera entrou a ganhar na prova croata e ao longo do dia de sexta-feira foi mantendo um ritmo elevado. Não cometeu erros e acabou o primeiro dia com 1m31s de vantagem. Aquela que foi a maior vantagem no dia de sexta-feira de um piloto depois de Kris Meeke ter chegado ao final do primeiro dia do Rali da Argentina de 2015 com 1m08s de vantagem para o segundo.
Como é que ele chegou a esta vantagem? Ott Tanak foi perdendo tempo ao longo do dia e fechou a sexta-feira a 1m23,3s do Toyota. Porém, o maior perdedor foi Theirry Neuville. Conheceu problemas com o alternador e substituiu a correia. Perdeu tempo e acelerou na ligação para chegar ao parque de assistência.
O alternador voltou a dar problemas. Teve de empurrar o Hyundai i20 N Rally1 até ao parque durante 800 metros. Chegou atrasado 4 minutos, penalizou 40 segundos e, no final do dia, recebeu mais uma penalização. Foram mais 60 segundos e um cheque de 1900€ de multa. Porquê? Porque andou a cometer excessos de velocidade e numa das situações, passou numa placa de 80 a 156 km/h.
Depois foram mais 10 segundos por atraso à saída do Parque de Assistência. Contas feitas, caiu para o quarto lugar a mais de dois minutos. Craig Breen levou o seu Ford Puma ao pódio.
Segundo dia de prova surpreendente
Com tamanha vantagem para os seus adversários, parecia entregue a vitória a Kalle Rovanpera. Mas os ralis são férteis em imponderáveis e o piloto da Toyota sofreu um furo que anulou quase toda a vantagem. Mas Rovanpera não esmoreceu e continuou a defender a posição. No derradeiro troço da segunda etapa, ganhou e enviou a mensagem clara: estava ali para ganhar.
Thierry Neuville deitou mãos à obra de recuperar o terceiro lugar e foi encurtando distâncias para Craig Breen. O irlandês fez-se difícil e co seguiu manter-se no pódio, ajudado pela anulação da segunda passagem por um dos troços do dia.
Rali da Croácia decidido na “Power Stage”
Para domingo, Ott Tanak tinha de encontrar forma de “enganar” Rovanpera. E a Hyundai fê-lo ao fazer o piloto estónio sair para o último dia de prova com quatro pneus macios e dois macios. A maioria dos adversários saíram com cinco pneus Pirelli duros e Rovanpera com quatro pneus duros e dois de chuva.
O primeiro troço da manhã não correu nada bem a Ott Tanak, que viu a diferença para Rovanpera, praticamente, duplicar. Mas aquilo que ninguém acreditava, exceto a Hyundai, aconteceu: chuva copiosa entregou a vantagem à escolha de pneus do campeão do mundo de 2019 e “derrotou” Rovanpera.
No final do penúltimo troço do Rali da Croácia, Ott Tanak passava para a liderança da prova com 1,4 segundos de vantagem para Kalle Rovanpera, que tinha liderava a prova desde o primeiro troço. Thierry Neuville já tinha passado por Craig Breen, neste troço beneficiou dos pneus macios para consolidar o terceiro lugar.
Para a “Power Stage”, Ott Tanak cruzou os pneus de chuva e os macios, Kalle Rovanpera cruzou os duros com os pneus de chuva. O troço estava seco, mas tinha muita lama na parte inicial, sendo estreito. Parecia que as condições estavam perfeitas para a primeira vitória de Ott Tanak desde o Rali do Ártico de 2021 e para o primeiro sucesso da Hyundai na era híbrida.
Com a chegada ao final do troço de Elfyn Evans e de Craig Breen, mais se entranhava a ideia de que os pneus macios iriam dar a vitória a Tanak. Nada de mais errado!
Com um recital de pilotagem e aproveitando os pneus de chuva nas partes enlameadas, brindou Ott Tanak com 5,7 segundos ganhando a prova de forma inteiramente justa.
No WRC2, vitória de Yohan Rossel/Valentin Sarreaud (Citroen C3 Rally2), seguido de Kajetan Kajetanowicz/Maciej Szczepaniak (Skoda Fabia Evo Rally2) e de Emil Lindholm/Reeta Hamalainen (Skoda Fabia Evo Rally2). Entre os Juniores do WRC3, Lauri Joona/Mikael Korhonen (Ford Fiesta Rally3) ganharam, no WRC3 Open o melhor foi Zoltan Laszlo/Tamás Kurti (Ford Fiesta Rally3).
Classificação final
- Kalle Rovanpera/Jonne Haltunnen (Toyota GR Yaris Rally 1), 2h48m21,5s;
- Ott Tanak/Martin Jarveoja (Hyundai i20 N Rally1), a 4,3s;
- Thierry Neuville/Martijn Wydaeghe (Hyundai i20 N Rally1), a 2m21,0s;
- Craig Breen /Paul Nagle (Ford Puma Rally1), a 3m07,3s;
- Elfyn Evans/Martin Scott (Toyota GR Yaris Rally1), a 3m46,0s;
- Takamoto Katsuta (Toyota GR Yaris Rally1), a 8m08,5s;
- Yohan Rossel/Valentin Sarreaud (Citroen C3 Rally2), a 10m01,0s (1º WRC2);
- Kajetan Kajetanowicz/Maciej Szczepaniak (Skoda Fabia Evo Rally2), a 11m01,2s;
- Emil Lindholm/Reeta Hamalainen (Skoda Fabia Evo Rally2), a 11m11,9s;
- Nikolay Gryazin/Aleksandrov Konstantin (Skoda Fabia Evo Rally2), a 11m48,5s;
Campeonato do Mundo de Ralis – Pilotos
- Kalle Rovanpera, 76 pontos;
- Thierry Neuville, 47 pts;
- Craig Breen, 30 pts;
- Sebastien Loeb, 27 pts;
- Ott Tanak, 27 pts;