A Renault vai perder a AudoVAZ. Parece, assim, ter encontrado uma saída, forçada, para a sua exposição à Russia. Segundo a agência noticiosa Interfax, citando o Ministro do Comércio russo, Denis Manturov, o grupo francês irá transferir o capital da AutoVAZ para o Instituto de Ciência da Rússia, mas com direito de recompra do capital nos próximos seis anos. A Renault não quis comentar, até ao momento, esta possibilidade. Contudo, este é um dos exemplos daquilo que a Rússia pode fazer aos bens de empresas ocidentais naquele país.
Renault entrega AutoVAZ por 1 rublo
A Renault recusa comentar esta notícia revelada pela agência russa Interfax. Segundo a notícia, o grupo gaulês vai transferir a maioria do capital da AutoVAZ para o Instituto da Ciência russo pelo simbólico preço de 1 rublo.
Por seu turno, a Renault fica com o direito de comprar de volta essa posição maioritária no construtor russo durante seis anos. Tudo segundo declarações do Ministro do Comércio russo, Denis Manturov.
Além disso, esta alta individualidade russa referiu que a posição da Renault na fábrica da AutoVAZ em Moscovo seria entregue ao governo da cidade. Exemplo, claro, daquilo que as autoridades russas querem fazer com os bens de empresas ocidentais.
Exposição da Renault à Rússia é a maior dos construtores ocidentais
A Renault tem a maior exposição da indústria automóvel ocidental ao mercado russo. No mês passado tinha anunciado a suspensão de todas as operações na fábrica de Moscovo – que produz três modelos baseados no Dacia Duster – depois de muitas pressões europeias. A marca francesa, apesar de todas as sanções promovidas pelo Ocidente à Rússia devido à invasão da Ucrânia, continuava a produzir em solo russo.
Renault vai entre bens ao Instituto russo NAMI
Como referimos, o valor da transferência dos bens para o NAMI é de 1 rublo e o direito de reaver tudo o que agora será entregue de mão beijada aos russos, terá custos. Segundo Denis Manturov “se tivermos de fazer investimentos, isso será tudo em conta na hora de faer o preço. Não vamos oferecer presentes a ninguém.”
O Governo francês, dono de 15% da Renault, não comentou estas declarações. Porém, é evidente que a marca francesa terá de ser ajudada pelo Estado gaulês para não sofrer um impacto devastador. Porque, dificilmente, reaverá os bens agora cedidos.
Aliás, mais de 400 empresas abandonaram a Rússia desde que esta invadiu a Ucrânia, deixando para trás empresas e bens avaliados em vários milhares de milhões de euros.
Renault vai perder mil milhões de euros
O Governo russo já avisou que poderá nacionalizar os bens de companhias estrangeiras que saiam da Rússia nesta altura. A Schneider Electric anunciou que vai vender as sias operações naquele país e na Bielorrússia a empresas locais. O custo já está avaliado: 300 milhões de euros no seu balanço de 2022.
A AutoVAZ domina 22% do mercado local, produz três modelos com base no Dacia Duster. Um negócio que a Renault diz ter impacto nas suas contas no valor de 2,2 mil milhões de euros. Convirá recordar que 10% das receitas do grupo Renault vêm da Rússia.
Foi em 2008 que a Renault comprou 25% da AutoVAZ, aumentando a presença no capital até consolidar a empresa na sua contabilidade em 2017. Investiu fortemente na modernização da fábrica de Togliatti e agora tudo desmorona.