É a tradicional prova do final de Maio. O GP do Mónaco arranca hoje, numa nova era de Fórmula 1, e com os olhos do mundo postos nas ruas do Principado, mas, claro, também fora das linhas brancas. Num ano em que se questiona a manutenção da prova, num mundial cada vez mais popular, deverá haver tanta ação dentro de pista, como nas salas de reuniões.
GP de F1 Espanha: Max Verstappen vence, Ferrari implode!
O GP Espanha ofereceu-nos, inesperadamente, uma corrida muito interessante e que lançou alguma luz sobre o que o futuro regulamento da Fórmula 1 deve incluir.
93 anos de história
Ainda antes de existir campeonato de Fórmula 1, já se corria nas margens do Mediterrâneo. A primeira edição, em 1929, fez parte da temporada de Grandes Prémios, tendo sido vencida por um Bugatti Type 35C, com o britâncio, William Grover-Williams ao volante. À moda de uma boa história monegasca Williams, viria mais tarde, durante a Segunda Guerra Mundial a tornar-se espião para o governo britânico, sendo capturado mais tarde pelas forças germânicas, ainda durante o conflito.
Após a interrupção causada pela guerra, entre 1938 e 1947, a prova regressou de forma intermitente em 1948, até se estabelecer permanentemente no campeonato, a partir de 1955.
Desde aí, a cidade-estado, governada pela família Grimaldi, tem sido uma verdadeira fábrica de momentos históricos e palco de grandes emoções. E se há momento que não podemos deixar de recordar, e um que demonstra a magia monegasca, é o despontar de uma estrela, em 1984.
Ao volante de uma, muito pouco competitivo, Toleman, Ayrton Senna da Silva, mostrou ao mundo que não era só mais um piloto. Partindo de 13º na grelha e com a chuva a cair copiosamente sobre a pista, Senna fez um arranque perfeito, chegando a 9º, ainda antes do final da primeira volta.
Momentos marcantes na história da Fórmula 1
No decorrer da corrida, o brasileiro foi subindo posições colecionando “vítimas” como Keke Rosberg e Rene Arnoux. Niki Lauda, caiu também às mãos de Senna, numa das mais espetaculares ultrapassagens da história do desporto. Com um ritmo inigualável e constantemente a aproximar-se do líder, Prost, Senna viu a bandeira vermelha ser acenada, com a direção de corrida a encurtar a prova devido às condições climatéricas serem consideradas “demasiado perigosas”. Poderia esta ter sido a primeira vitória de Senna? É muito provável, mas nunca saberemos.
O mais impressionante desta história, é o facto de esta ter sido a primeira vez na sua vida, que Ayrton Senna pilotou no circuito monegasco. Nascia assim o mito do Rei do Mónaco.
Fim de semana mais curto
Tradicionalmente o GP do Mónaco em Fórmula 1 arranca um dia mais cedo, com os dois primeiros treinos livres a terem lugar à quinta-feira, sendo sexta-feira um dia livre de ação em pista.
Este ano, pelo contrário, o fim de semana terá apenas os habituais três dias, com o primeiro treino livre agendado para as 13 h de sexta-feira. O CEO da Fórmula 1, Stefano Domenicalli, anunciou esta decisão já no ano passado, justificando-a com o alívio do esforço logístico das equipas. Esta alteração foi também motivada pelo facto do Grande Prémio deste fim de semana ser consecutivo à corrida em Barcelona. Apesar da proximidade geográfica, tornar-se-ia difícil a instalação de todos os equipamentos em tempo útil, para o arranque dos treinos na quinta-feira.
Esta tradição teve origem na calendarização original da corrida, coincidindo com um feriado na sexta-feira, tendo sido mantida ao longo dos anos, para facilitar a circulação no Principado, em preparação para o fim de semana.
Leclerc e Verstappen, mas pode haver surpresas…
A temporada ainda agora começou e a emoção do campeonato já está ao rubro. Após um domínio inicial da Ferrari, com Charles Leclerc a distanciar-se na liderança, Max Verstappen deu a volta por cima. À entrada para a 7ª ronda do campeonato Max tem agora uma vantagem de 6 pontos, face ao monegasco.
Com a vitória no ano passado, Max Verstappen não se deixa intimidar pelos muros do traçado, sendo indiscutivelmente um dos candidatos à vitória. Leclerc, por seu, lado joga em casa e já demonstrou ter um ritmo difícil de acompanhar na sua terra Natal. Apesar da batida que, em última instância, o poria fora de prova no Domingo, o piloto da Ferrari alcançou a pole position na edição do ano passado, batendo o holandês por mais de duas décimas de segundo.
Isto claro, sem esquecer os dois Mercedes, com Lewis Hamilton e George Russell a tornarem-se cada vez mais competitivos com o decorrer do ano. O sete vezes campeão do mundo demonstrou já as novas potencialidades do W13, com uma incrível recuperação no GP de Espanha. O britânico conseguiu ser, por várias vezes, o mais rápido em pista, num traçado muito dependente da afinação, mais até do que das capacidades do piloto. Mais que isso, o Mercedes tem sido, desde o início do ano, apontado como o carro mais eficiente em curvas de baixa velocidade. Uma receira que pode representar uma séria ameaça às pretensões, tanto da Red Bull como da Ferrari.
Mas claro, o que é verdade hoje, no Mónaco pode-se tornar mentira. As características específicas do traçado são propícias a reviravoltas, impossíveis noutros circuitos. Poderemos, assim ver, uma vitória de Valtteri Bottas, líder do segundo pelotão até agora? Ou mesmo um Haas no pódio? Na cidade do Casino, os prognósticos, só podem mesmo ser feitos, depois do jogo…
As estreitas ruas do Mónaco serão assim, mais uma vez palco de uma luta pelo primeiro posto, com uma certeza, a emoção está garantida.