À entrada para a, já tradicional, Super Especial de Lousada, era difícil encontrar um carro sem cicatrizes das especiais do centro de Portugal. Entre pneus furados, para-choques perdidos em combate e chassis à mostra, foi fácil perceber a dureza deste segundo dia do Rally de Portugal 2022, onde mesmo os melhores do mundo ficaram para trás.
Rally de Portugal 2022. Já se afinam as mecânicas no Shakedown
Acabou a espera. A edição de 2022 do Rally de Portugal já está na estrada, com a habitual ronda de verificações em Baltar.
Dia não para os Sebastian
Era a luta por que mais se esperava no Rally de Portugal de 2022. Com 17 campeonatos entre si, Ogier e Loeb eram os “cabeças de cartaz”, num ano que fazem o campeonato em part-time. Este seria o primeiro duelo, depois do Monte Carlo.
Quase não teve tempo para sentir o pulso ao troço. Sebastian Loeb ficou pelo caminho logo ao início da PEC 5, a segunda passagem pelo troço da Lousã. Segundo o francês, as condições de aderência apanharam-no de surpresa, embatendo em cheio do final de um muro ainda na pequena secção inicial em asfalto. O resultado foi uma roda traseira direita completamente destruída e o final da sua participação competitiva em Portugal
Ogier teria o mesmo destino um pouco mais à frente. Na segunda passagem por Arganil furou e, por ter apenas levado consigo um pneu suplente, que já tinha utilizado, viu-se obrigado a abandonar. Este foi, aliás um motivo de controvérsia, uma vez que os pilotos tiveram a possibilidade de repor os pneus suplentes entre as primeiras e segundas passagens, do dia.
Calvário para a Hyundai
Se o dia foi difícil para todos que alinharam à partida, a Hyundai foi provavelmente a mais afetada.
Com o início do ano a demonstrar um I20 Rally não tão bem nascido, em termos de fiabilidade, como os outros dois carros a competir no campeonato, o segundo dia do Rally de Portugal, trouxe ao de cima as fragilidades da mecânica coreana.
Thierry Neuville era o mais visualmente frustrado e estranhamente vocal face ao seu descontentamento. No final da PEC 8, o belga fez uma perninha de repórter, registando os danos que sofreu durante a especial, perdendo uma roda pelo caminho.
Apesar de ter conseguido reparar o carro e concluir a especial, o descontentamento transbordou no final da Super Especial de Lousada. Nas habituais “flash interviews” no final do troço, Neuville desabafou, mostrando-se frustrado por todos os problemas de fiabilidade de que tem sido vítima, recordando que estes constantes episódios já lhe roubaram campeonatos ao longo dos anos. O piloto da Hyundai está agora a mais de um minuto e meio do líder.
Ott Tanak, apesar de mais comedido, relatou também problemas de fiabilidade, relacionados com a transmissão do Hyundai. São agora três minutos e trinta e oito segundos que separam o estónio, do topo da tabela.
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Falta apenas um dia para o arranque do Rally de Portugal e, com ele, chegam os novos Rally 1, mais tecnológicos e com novos perigos.
Toyota na frente, Ford mais para trás
Elfyn Evans fecha o dia na liderança do rali. O vencedor da edição do ano passado herdou o primeiro posto de Loeb, depois do seu acidente na Lousã, e não mais o largou. Com uma performance sólida durante todo o dia, o galês está no posto que procura para não deixar fugir o colega de equipa, Rovanpera, na classificação do mundial.
No campo da Ford, os Puma viraram “Pómas”, com os pilotos a queixarem-se da entrada desmesurada de pó na cabine do Rally 1 desenvolvido pela M-Sport. Para além desta inconveniência, os toques foram também uma constante, com praticamente todos os Puma ainda em competição a não chegarem inteiros ao fim do dia.
Gus Greensmith foi o mais rápido na formação da oval azul, mas já a mais de um minuto de Evans. Fourmaux, sob grande pressão neste fim de semana para ter uma prova sem percalços, fecha a contagem dos carros da equipa de Malcom Wilson.
Com o primeiro dia a sério do Rally de Portugal concluído com muitas surpresas e dificuldades para os pilotos, seguimos agora para os troços do Minho, já amanhã.