Nissan JUKE Hybrid. O pai dos B-SUV entrou na era da eletrificação

Já experimentámos o novo Nissan JUKE Hybrid. Fica a conhecer todos os detalhes e primeiras impressões da versão eletrificada deste crossover.

Aterrámos em Barcelona pelas onze da manhã, hora local. A chegada ao aeroporto El Prat fez-se com algum atraso e o dia prometia ser bem completo. Por isso, não havia tempo a perder. Viajamos na companhia de António Pereira Joaquim, Diretor de Comunicação e Antonio Melica, Diretor Geral da Nissan em Portugal e íamos conhecer, poder conduzir, pela primeira vez, o novo Nissan JUKE Hybrid.

Mas, este primeiro contacto com o novo JUKE foi ainda um pretexto para falarmos um pouco dos planos de eletrificação Nissan e da sua ambição até 2030. O primeiro construtor a colocar no mercado um automóvel 100% elétrico de produção em série, o LEAF, vai deixar cair o investimento em motores a combustão já em 2023.

Até 2030, a Nissan irá lançar 15 novos modelos 100% elétricos.

A marca quer uma frota completamente eletrificada já em 2030. Tudo isto para alcançar o mais depressa possível zero emissões na condução, mas também na produção.

Baterias em estado sólido já em 2028

Antonio Melica anunciou ainda que a Nissan irá lançar baterias em estado sólido de produção em série já em 2028. Em resumo, estas baterias, além de conseguirem acumular o dobro da quantidade de energia, demoram cerca de um terço a carregar.

Nos planos da Nissan estão 15 novos modelos 100% elétricos até 2030. E, a liderar esta fase de transição, está o novo JUKE Hybrid mas também o Qashqai e o X-Trail e-Power, que chegam em breve.

O novo Nissan JUKE Hybrid no papel

São muitas mudanças na versão eletrificada do JUKE. As mais relevantes vamos encontrá-las debaixo do capot. Mas também em alguns detalhes no interior, exterior e espaço de bagageira. Mas vamos por partes.

A nova motorização híbrida

Continuando a colher frutos da Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi, a nova motorização conta com partes desenvolvidas pela Nissan e pela Renault.

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O motor de combustão interna é um 1.6 l de 4 cilindros com 94 cv e 148 Nm de binário. Foi criado pela marca nipónica especificamente para funcionar em conjunto com um motor elétrico. Também este foi criado pela Nissan e conta com 49 cv (36kW) e um binário de 205 Nm. Assim, no total são 143 cv de potência combinada.

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O novo Nissan JUKE Hybrid combina um motor a combustão com um motor elétrico, ambos fabricados pela marca nipónica.

A Renault fornece a unidade de arranque de 15kW, o inversor, a bateria de 1,2kWh e a nova caixa de velocidades. Mas já iremos falar dela.

Expetativas de consumos

Segundo as contas da Nissan, a nova motorização permite aumentar a potência em 25%, face ao atual motor a gasolina. No entanto, permitirá ainda reduzir os consumos em 40% em cidade e 20% em ciclo misto. Assim, ainda pendente de homologação final, a marca nipónica avança consumos entre 5,0 – 5,2 l/100km.

Para chegar a estes valores, o JUKE Hybrid arranca sempre em modo 100% elétrico. Além disso, é capaz de funcionar em modo 100% elétrico até uma velocidade de 55 km/h. O resto é entregue pela caixa de velocidades multimodal híbrida, travagem regenerativa e bateria de elevado desempenho.

Uma caixa de velocidades inovadora

Cortesia da Renault, a caixa de velocidades multimodal inteligente de baixa fricção é o “coração” do novo JUKE. É ela que coloca em perfeita harmonia os restantes componentes da nova motorização. Assim, a ideia passa por otimizar a utilização da potência retirada do motor a combustão, do motor elétrico ou de ambos.

A caixa de velocidades inteligente utiliza um avançado algoritmo para escolher automaticamente entre as 23 combinações de engrenagens possíveis.

Para reduzir o atrito, além de não utilizar uma embraiagem, esta transmissão recorre a “garras” em detrimento dos clássicos anéis sincronizadores. São elas que põe em marcha as quatro engrenagens “ICE” e as duas engrenagens “EV”. Assim, são possíveis 23 combinações de propulsão, geridas por um avançado algoritmo, sem que o condutor dê por nada.

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Analisando a condução e os “pedidos” do condutor, o algoritmo controla os pontos de mudança e a regeneração da bateria. Assim, a alternância entre os modos 100% elétrico, híbrido em série e híbrido em paralelo (quando ambos os motores dão impulso às rodas) é automática.

O e-pedal também já chegou ao novo JUKE Hybrid

Tal como no LEAF, o JUKE Hybrid vem equipado com e-Pedal. Quando ativado através do botão na consola central, permite controlar o progresso do automóvel apenas com o pedal do acelerador. Assim, pressionamos normalmente para acelerar e levantamos o pé para ativar a travagem regenerativa.

Como no modelo 100% elétrico da Nissan, a travagem regenerativa não imobiliza por completo o JUKE. A velocidade é reduzida até 5 km/h e cabe ao condutor pressionar o travão para imobilizar por completo o veículo. Mas, ao contrário do modelo 100% elétrico, no JUKE a travagem regenerativa é, deliberadamente, mais moderada.

Mais tempo de condução em modo elétrico

O novo Nissan JUKE Hybrid conta ainda com um botão de modo “VE”, que permite ao condutor, caso exista carga suficiente na bateria e até aos 55 km/h, “forçar” a circulação apenas com o motor elétrico.

Nos testes realizados pelos engenheiros da marca, numa utilização urbana, o JUKE será capaz de funcionar 80% do tempo em modo elétrico. Pelo meio vai intercalando com breves fases híbridas para recarregar a bateria.

Novos detalhes no exterior

Além de algumas alterações praticamente impercetíveis, sobretudo para melhorar a eficiência aerodinâmica, há dois detalhes dignos de nota. O primeiro, os logótipos “Hybrid” que identificam a nova versão. O segundo, a nova grelha frontal. Agora com uma malha com uma abertura menor e uma tira de material de brilho preto na junção com o capot, a grelha também já ostenta o novo logótipo Nissan.

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Além disto, as novas jantes de liga leve de 17” de dois tons chegam agora à gama JUKE, assim com as jantes de 19” SUTEKI Black, disponíveis na versão de topo e Premiere Edition. Em destaque também a nova cor Magnetic Blue, exclusiva da versão híbrida.

E no interior do novo Nissan Juke Hybrid?

Por dentro as mudanças também são poucas. Além dos já mencionados novos botões para ativar o e-Pedal e o modo VE, o JUKE conta com um novo painel de instrumentos de 7″. Aqui, troca-se o tradicional conta-rotações por um mostrador de potência. Assim, temos a indicação “Charge” para a regeneração, “Eco” para a propulsão em modo elétrico e “Power” em modo híbrido. Por baixo encontramos o mostrador do estado da carga da bateria.

Menos bagageira, o mesmo espaço para os ocupantes

A bateria elétrica do novo Nissan JUKE Hybrid retira-lhe 68 litros de espaço na bagageira. Mas o espaço para os ocupantes, incluindo no banco de trás, mantém-se igual. No entanto, com os bancos traseiros rebatidos, o JUKE conta com 1237 litros de espaço de carga, o líder na sua classe.

Primeiras sensações ao volante

Não há dúvida de que o JUKE é um carro divertido de conduzir, sobretudo nas nacionais. E, o percurso que tivemos a oportunidade de fazer nos arredores de Barcelona, comprovou-o.

Entre autoestrada, nacionais e cidade, rumámos junto à costa até Sitges. A primeira parte do trajeto levou-nos pelas magníficas paisagens da Carretera Barcelona a Calafell, serpenteando a escarpa da orla espanhola.

O JUKE Hybrid está mais divertido de conduzir e a caixa entrega as transições suaves que a marca promete.

A nova motorização traz um pouco da potência de que se sentia falta no motor anterior. E a caixa trabalha de uma forma excecional. Mas se não sentimos o JUKE a alternar entre os modos de propulsão, sentimos alguma estranheza sonora quando o motor a combustão se liga durante o processo.

Numa condução mais entusiasmada, as transições entre os modos híbridos e 100% elétrico já se notam ligeiramente. Mas, continuamos a sentir o carro completamente controlado e até a convidar a um andamento mais atrevido que o modelo anterior.

Maioritariamente citadino

Em autoestrada cumpre bem a sua função, mas é, obviamente, em cidade que se sente mais em casa. Ainda assim, só iremos ficar bem esclarecidos num ensaio mais alargado.

O regresso a Barcelona fez-se contornando o Parc Natural del Garraf. Uma vez mais, um trajeto misto que aproveitámos para explorar um pouco mais este Nissan JUKE Hybrid. À nossa disposição estão três modos de condução – Eco, Normal e Sport. Alternando entre eles, sentimos bem a alteração na resposta do acelerador. Mas, o trabalho de bastidores da caixa, deixa de facto o JUKE sempre pronto para entregar a melhor resposta em todas as situações.

O novo sistema e-Pedal foi, talvez, demasiado suavizado e não entrega uma verdadeira condução com um só pedal.

A pouco mais de uma hora em que estivemos aos comandos do novo Nissan JUKE Hybrid é manifestamente curta para explorar as reais capacidades do carro. Ainda assim, a única nota menos boa que encontrámos está nesta “versão” do e-Pedal. Apesar do mesmo ponto de partida, é bastante diferente da que encontramos no Nissan LEAF.

Deste modo, a força de travagem foi suavizada, talvez em demasia. Por isso, mesmo fazendo uma condução com muita antecipação, damos por nós a continuar a levar o pé ao travão. Em cidade, a baixas velocidades, sente-se menos. Claro que, para quem tenha no JUKE a primeira experiência com esta tecnologia, não achará estranho. Mas para quem já se aventurou em outros modelos da era elétrica, parece ficar aquém do propósito de uma condução com um só pedal.

Os consumos também se revelam muito interessantes

Nos cerca de 70 km de percurso em que estivemos nos comandos do novo Nissan Juke híbrido, conseguimos uns notáveis 4,8l/100 km. Número que valida os 920 km de autonomia total estimados pela marca. Note-se que o percurso, maioritariamente em estrada nacional com alguma condução em cidade, mas tinha ainda cerca de 20 km em autoestrada.

Versões e Preços

O novo Nissan JUKE Hybrid vai estar disponível em três versões. Assim, em cada uma encontramos níveis diferentes de equipamento, sendo que a versão base, N-CONNECTA, já conta com um leque impressionante de equipamento de série.

Além do pacote Nissan Inteligent Mobility, com vários sistemas de assistência à condução e segurança, o JUKE Hybrid disponibiliza com Wi-Fi no seu interior. É possível ligar até 7 dispositivos em simultâneo e o primeiro ano é grátis.

As primeiras unidades do JUKE Hybrid chegam a Portugal no final de Julho.

Assim, a versão de entrada N-CONNECTA conta com jantes LL SUTARIRU bi-tom de 17”, ecrã Drive Assist de 7”, consola central de 8”, Câmara de Visão Traseira, Sensores de Estacionamento frontais e traseiros, Ar Condicionado automático, travão de estacionamento elétrico e Apple CarPlay e Android Auto.

A versão N-DESIGN acrescenta jantes LL AERO de 19″, carroçaria Bi-Tonal e personalização exterior para os para-choques da frente, traseiro e laterais.

Já na versão de topo, a TEKNA, encontramos jantes LL SUTEKI Black de 19”, câmara 360º, navegação, sistema ProPILOT e sistema de som BOSE Personal Plus com 10 colunas.

As primeiras unidades do novo JUKE Hybrid chegam a Portugal no final de julho, a partir de 32 700€.

Os preços começam nos 32 700€ para a versão N-CONNECTA. Depois são 33 800€ para a versão N-DESIGN e 35 100€ para a TEKNA.

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Versão limitada Premiere Edition

Como sabemos, o modelo produzido em Sunderland permite à Nissan “brincar” às edições especiais. Em cada uma, os detalhes de design e personalização são reis e senhores. Por isso, está claro que lançamento do novo híbrido traz também uma edição limitada de lançamento

O preço da Premiere Edition é de 34.000€ e Portugal terá disponíveis 135 unidades.

Nesta Premiere Edition do JUKE Hybrid, encontramos jantes de liga leve SUTEKI Black de 19”, carroçaria bi-tom, um padrão nos espelhos e tejadilho e uma personalização exterior Premiere Edition. Além disso, tr uma identificação desta edição especial iluminada ao lado do banco do condutor e pespontos brancos nos assentos.

Conclusões?

O primeiro contacto com um novo modelo é sempre curto. As primeiras sensações ao volante não permitem nunca tirar conclusões definitivas. Aliás, por vezes, até ficamos com mais perguntas! Mas podemos adiantar que o novo Nissan JUKE Hybrid traz ao modelo nipónico, de facto, algo mais do que já tinha.

É, sem dúvida um passo na direção certa e um gosto de conduzir. Mas, com a chegada em breve de um novo crossover 100% elétrico à gama Nissan, será que o algo elevado preço desta versão, fruto dos já conhecidos custos da tecnologia híbrida, irá convencer o mercado? Os leitores terão, como sempre, a palavra final.