A Indústria Automóvel começa a sentir a pressão da inflação generalizada, mas não só. As crises sanitárias, a guerra na Ucrânia que pode durar anos, a instabilidade em outras geografias e, agora, o avanço de uma crise económica estão a “morder” a indústria. Cancelamento de encomendas, reduções de preços que estragam a margem de lucro operacional e uma China em desaceleração estão a instalar o pânico.
Os mais recentes relatórios dos observatórios e dos próprios construtores, deixam claro que estamos a atravessar um período de vacas magras. A procura está a baixar na Europa e nos EUA. É evidente que os consumidores estão a travar as aquisições de bens mais caros guardando o dinheiro para necessidades mais prementes.
Industria automóvel começa a sentir a pressão
É verdade que marcas como a Ferrari, Mercedes e outras conheceram um incremento das vendas, alimentada pela procura continuada de produtos de luxo, raramente afetada por crises. Porém, as previsões da maioria da indústria são bem mais sombrias.
Uma evidência disso estão nos encurtados prazos de espera. Se até agora um ano era um prazo razoável tendo em conta as questões dos microchips e da pandemia de Covid-19, hoje a espera é muito mais curta.
A Indústria Automóvel começa a sentir a pressão e com uma produção mais lenta que o habitual e com vendas inferiores às do ano passado!
As dificuldades são maiores do que era esperado, culpa das práticas até agora praticadas. Todos sabem que os construtores protegiam as margens de lucro com o aumento dos preços. O dinheiro estava barato, o crédito fácil e desta forma o aumento dos preços era diluído e a maioria nem se apercebia do sucedido.
Aumentos de preço têm limites
Com a pressão da inflação, este instrumento de proteção do lucro desaparece. Arno Antlitz, CFO do grupo VW referiu que “a procura está a cair. Os sinais de alerta estão a acender-se na Europa e nos EUA, menos, para já, na Ásia.”
Segundo dados recolhidos pela Cox Automotive, a Indústria Automóvel começa a ver as vendas em recessão, algo que sucede desde março. Razões para isso? “Os consumidores estão, agora, muito cautelosos.” Palavras de Philip Nothard, da Cox Automotive. E Carlos Tavares, CEO da Stellantis, já tinha alertado para esta dificuldade ao dizer que “o peso da compra de um carro no orçamento familiar é algo que vai jogar contra nós.”
Para já, os construtores vão continuar a despejar nos compradores os seus custos galopantes, deixando-se ir na onda inflacionaria. Porém “há limites para o aumento dos preços” como lembrou Carlos Tavares.
Industria Automóvel quer incentivos à compra
Contas feitas, a crise está instalada e, uma vez mais, a solução parece estar no sítio do costume… o Estado. Por isso já volta a falar de programas de incentivo à compra de automóvel novo e alguns construtores estão a desenterrar as políticas de descontos. Jack Lawler, diretor financeiro da Ford Motor Company referiu-se a essas políticas como “uma válvula de escape para o futuro.”