Acabou a espera! Depois de muitos teasers sobre o novo SUV da Renault, revelado por completo em março deste ano, agora já sabemos todos os detalhes para o mercado nacional, e até já o conduzimos. Primeira nota a reter. Apesar de se assumir como um SUV do segmento C onde a Renault já tem o Arkana como uma opção mais “desportiva”, esqueçam qualquer semelhança com o anterior Kadjar, que aliás já não se encontrava em comercialização. Segunda nota a reter. Agilidade sem igual!
Foi nos arredores de Madrid que nos encontramos com este novo SUV da Renault para este primeiro contacto, e a primeira impressão tem de ser, obrigatoriamente, muito positiva. É certo que a Renault escolheu para esta apresentação a versão que mais enche o olho, mas ainda assim é inegável que o Renault Austral tem uma imagem bem conseguida no que a design diz respeito. Com base na plataforma CMF-CD, o Austral oferece um visual desportivo e musculado com cavas das rodas pronunciadas, alguns vincos na carroçaria e jantes de generosas dimensões. A assinatura LED em formato “C” compõe o conjunto e a identidade do modelo com cerca de 4,5 metros de comprimento e mais de 2 metros de largura (com espelhos).
Renault Austral. Todos os detalhes sobre o novo SUV francês
O Renault Austral abraço o espírito da estratégia Renaulution lançada o ano passado por Luca de Meo e que assenta na aposta nos segmentos rentáveis e no abandono dos segmentos com menor rentabilidade
Adeus R.S.Line, olá Alpine!
Falava-vos à pouco, da versão que “mais enche o olho”. Pois essa é outra novidade! Se nos restantes modelos ela é designada de R.S.Line, como é o caso do Arkana, aqui no Renault Austral ela recebe um carimbo da marca desportiva do grupo, a Alpine. Esprit Alpine é o nome da versão mais apelativa deste novo SUV francês. Depois do fim da Renault Sport, este é o primeiro modelo a receber esta designação, mas daqui em diante será assim. Habituem-se a ver o logótipo da Alpine nos modelos da Renault. Estratégias! Se é boa, ou menos boa, é muito discutível. Certo é que a imagem convence e em qualquer uma das cores presentes na apresentação, tanto no azul iron, como o cinzento shiste acetinado (mate), este último só mesmo disponível nas versões Esprit Alpine e por mais 2000€.
O novo sistema de info-entretenimento da Renault, com os serviços Google integrados, convence!
Se exteriormente ficamos facilmente convencidos, no interior mais ainda. A qualidade percecionada está em destaque nesta versão onde encontramos superfícies forradas a Alcântara, muita pele e pespontos no tom azul característico da marca desportiva, a Alpine. Mas se os materiais agradam a tecnologia, herdada do Mégane E-Tech, mais ainda. O novo sistema OpenR dispõe de dois ecrãs de 12”. Um colocado horizontalmente em frente ao condutor, e outro colocado na vertical na consola central. Ambos permitem muita configuração e são intuitivos. Tal como já acontece com o novo modelo 100% elétrico da Renault, também aqui dispomos dos serviços Google com intuitivos comandos de voz, e de atualizações “over the air”, gratuitas nos primeiros cinco anos. Segundo Luca de Meo, é um dos melhores sistemas do mercado. Depois de já o termos testado ao volante do Mégane E-Tech, não discordamos do CEO do Grupo Renault.
Na consola central existe ainda uma espécie de “manche” de avião deslizável que esconde um generoso porta objetos e ajuda na ergonomia, permitindo o apoio da mão quando se opera o sistema de info-entretenimento. Nada mal pensado. É também aqui que encontramos a plataforma de carregamento sem fios para smartphones.
O comando da caixa de velocidades passou para a coluna de direção, tal como acontece no novo Renault Mégane E-Tech, e na versão Full hybrid, as patilhas no volante apenas controlam a regeneração.
No interior do novo SUV reina muito espaço, e nesta versão materiais que lhe conferem um habitáculo quase premium
Já nos bancos traseiros existem 27,4 cm de espaço para as pernas e os bancos permitem deslizar longitudinalmente em 16 cm. Para além disso o túnel central, ainda que existente, é pouco proeminente, e existem duas fichas USB-C para ligação de dispositivos móveis. Quanto a altura, o limite está um pouco abaixo dos 1,90 m, dado o tejadilho descendente na traseira.
Para bagagens temos 500 ou 430 l, para as versões mild hybrid e full hybrid respetivamente, e que através do deslizamento do banco traseiro podem alcançar os 575 e 555 litros.
Gama e preço para Portugal
No mercado nacional a gama do novo SUV será composta de três versões (Equilibre, Techno e Iconic) sendo que as duas últimas podem então ser combinadas com o look mais desportivo e acabamentos mais premium da versão Esprit Alpine a que acresce 1500€ no Techno e 1000€ no Iconic.
A nível de motorizações em Portugal estarão disponíveis dois motores, cada um deles com dois níveis de potência. Os mild-hybrid com o motor 1.3 l de quatro cilindros com 140 e 160cv, e o full hybrid com 160 e 200 cv que combina o motor 1.2 l de três cilindros com uma unidade elétrica de 50 kW, e uma bateria de 2 kWh. Este último é capaz de consumos e emissões reduzidas, e de percorrer vários quilómetros em modo 100% elétrico, fazendo toda a gestão de forma automática, ainda que os modos de condução do sistema Multi-Sense possam influenciar.
Híbridos, mas nenhum plug-in!
Para a versão Equilibre com o motor mild-hybrid de 140cv e caixa manual, o Renault Austral está disponível a partir de 33 300€. Contudo, as versões mais interessantes e que irão concentrar o maior número de vendas, serão a mild-hybrid de 160 cv e caixa automática no nível de equipamento Techno Esprit Alpine com um preço de 38 800€, e o E-Tech full hybrid de 160cv com o nível de equipamento Iconic com o preço de 40 800€, aos quais acrescem 1500€ para o Esprit Alpine. No topo da gama estará esta motorização com os 200cv e nível de iconic por 44 300€. A estes acrescem 1000€ para o Esprit Alpine que fica assim com um preço de 45 300€. Contudo, de referir que a oferta desta motorização com 200cv começa nos 40 800€ na versão Techno.
De fora, pelo menos para já, estará qualquer versão plug-in. A marca diz que, apesar da plataforma estar totalmente preparada para esse tipo de motorização, entende que não é necessária para já visto que o full hybrid consegue níveis de emissões e consumos bastante reduzidos, sem a necessidade de carregamento externo que acaba por ser um incómodo para os clientes provenientes das motorizações Diesel. Faz tudo sentido, mas ficam de fora dos incentivos para as empresas… Veremos o que o mercado diz.
Dois opcionais, obrigatórios!
É isso mesmo! São opcionais mas, na minha opinião, são obrigatórios de incluir no novo SUV da Renault. Falo-vos do sistema 4Control e do sistema de som Harman/Kardon. O primeiro apresenta-se no Austral na sua 3ª geração. É o primeiro modelo a receber este novo sistema de quatro rodas direcionais que tem a particularidade de assentar, pela primeira vez, num eixo traseiro multi-link. Para além disso o ângulo de viragem das rodas traseiras aumentou para 5º. É assim o responsável por atribuir ao Renault Austral uma agilidade impressionante em qualquer situação. Particularmente útil para manobras e estacionamentos, nomeadamente em garagens apertadas. Desta forma, o Austral é capaz de um diâmetro de viragem de uns assinaláveis 10,1 metros, inferior ao de um citadino como o Renault Clio.
Mas não é apenas a baixa velocidade que o sistema funciona bem, até porque esta 3ª geração tem a particularidade de se adaptar ao modo de condução escolhido. Em modo Sport por exemplo, acrescenta considerável estabilidade. Outra novidade é que o condutor pode selecionar entre 12 “intensidades” possíveis para o sistema que vão atuar em função de vários fatores como a velocidade, a travagem, a direção etc. Tem um preço de cerca de 1500 € e só está disponível nas versões E-Tech full hybrid. Porém, é um “must-have” neste Austral, e um dos detalhes que marca a diferença para toda a concorrência. Agilidade!
E que tal, uma sala de concertos privada?
Em relação ao segundo, permite-vos a qualquer altura e em qualquer lugar, fazer o vosso próprio concerto. São 485 watts distribuídos por doze colunas, incluindo um subwoofer, com uma qualidade de se lhe tirar o chapéu, ou não tivesse este sistema de som o carimbo da Harman/Kardon. Para usufruírem em pleno dele, o Spotify também está presente como uma das Apps disponíveis neste novo sistema da Renault. Claro que, também é possível utilizar o Apple CarPlay ou Android auto sem fios para utilizar o Spotify do smartphone. Preço? São “apenas” 850€ para ter uma sala de concertos dentro do Renault Austral, mas só está disponível nas versões Iconic.
Claro que existem outros opcionais que fazem a diferença, e que são igualmente interessantes no dia-a-dia. É o caso do head-up display de 9,3″ (800€), os faróis matrix LED vision (900€). Ao nível da segurança e conforto, estão disponíveis 32 sistemas de ajuda à condução (ADAS).
E como é ao volante o Renault Austral?
Durante a apresentação tivemos oportunidade de conduzir o Renault Austral em vários tipos de estrada, mas sempre com a versão E-Tech full hybrid de 200cv, e a experiência, ainda que positiva, tem um sabor amargo, e passo a explicar. Tal deve-se, apenas e só, à caixa automática utilizada pela Renault. Estou capaz de afirmar que, não fosse esse detalhe, e o Renault Austral roçava a perfeição!
Se chega a ser criticável para uma utilização familiar? Não, de todo! Acredito até que na maior parte da sua utilização, sendo um SUV compacto, não será algo que venha a ser criticado pelos futuros clientes. Contudo, que belisca ligeiramente a experiência ao volante, também é um facto. Principalmente porque o já mencionado sistema 4Control, e a boa posição de condução com uma direção suficientemente informativa, convida a explorar um pouco mais deste SUV.
As boas notícias é que a Renault reconhece-o, e diz que está empenhada em resolver algumas reações menos compreendidas por parte da caixa automática. Quando isso estiver conseguido, as correções podem seguir para todas as viaturas já no mercado através de uma atualização “over the air”. Bem vindos ao futuro!
É impossível ficar indiferente à gigante agilidade do Renault Austral quando equipado com o sistema 4Control
Pormenores à parte, o Renault Austral tem, de facto, uma enorme agilidade fruto desta 3ª geração do sistema 4Control. Para além disso, o sistema híbrido permite consumos igualmente interessantes. Cerca de 5 l/100 km são facilmente possíveis, mesmo sem exagerar do modo Eco que permite rolar alguns quilómetros sem emissões. Por fim, e quando se percorrem mais quilómetros, o Renault Austral também defende muito bem os créditos e cumpre com a tradição associada aos automóveis franceses.
O novo painel de instrumentos, já utilizado também no Renault Mégane E-tech permite muitas configurações, tem todas as informações necessárias, e é de fácil leitura. O head-up display presente nesta versão complementa tudo isto. Da mesma forma o sistema de info-entretenimento é muito completo e simples de utilizar. Felizmente existem também atalhos físicos para a climatização.
Depois, o novo sistema full hybrid, ainda que não permita carregamento externo, consegue manter quase sempre bons níveis de carga na bateria. Isto permite percorrer vários quilómetros em modo 100% elétrico e, consequentemente, obter reduzido consumo de combustível. No segundo dia de testes ao modelo, e num percurso de 116 km, 54 km desses foram percorridos em modo 100% elétrico, permitindo terminar com uma média de 4,9 l/100 km. Naturalmente que o sistema é ainda mais útil em cidade, onde se consegue ainda reduzir este valor.
As encomendas para o novo Renault Austral arrancam em novembro, e as primeiras unidades deverão começar a ser entregues no início de 2023. Contudo, já é possível configurá-lo no site na Renault. Uma coisa é certa, o novo Renault Austral não vai facilitar a vida aos seus concorrentes, muito pelo contrário!