O Alfa Romeo Alfetta GT é um dos clássicos mais belos dos anos 70 que oferecia algumas novidades que, sabemos agora, foram premonitórias. O estilo exterior não consegue ser replicado no seu esplendor, mas o interior, na época, estranho e decalcado dos carros de competição, lançou uma forma de arrumar os instrumentos que, hoje, parece ser a escolha de muitos construtores.
A história de um belo clássico
O Alfetta surgiu em 1972 como modelo de quatro portas, seguindo-se o GT (coupé de duas portas) em 1974. Vieram ocupar o lugar do Giulia dos anos 60 e receberam o nome herdado do Tipo 159 Alfetta de Grande Prémio.
Os Alfetta eram carros de competição com muita inspiração bebida na competição: tal como nos Alfetta de corridas, os carros de estrada tinham o motor colocado à frente, mas em cima do eixo e a transmissão (caixa de velocidade e diferencial) montados na traseira. Ou como muitos conhecem, sistema “transaxle” para uma melhor repartição de pesos. Exatamente o mesmo conceito que encontramos no “nosso” clássico, o Porsche 944!
Enfim, a mesma disposição também que a Ferrari escolheu para o lindíssimo 275 GTB de 1974 conhecido como Daytona. E que a casa de Maranello ainda hoje utiliza nos modelos com motor dianteiro!
Um estilo intemporal e belo
O Alfa Romeo Alfetta GT é um carro muito bonito que envelheceu com classe e que hoje é disputado pelos colecionadores, particularmente, o GTV6 com o motor V6 Busso. O mais plebeu 2.0 litros também começa a ganhar peso nas cotações internacionais. Enquanto procurávamos o “nosso” clássico, ainda andámos atrás de um GTV6 2.5, exatamente do mesmo ano do Porsche 944 que acabámos por comprar, 1983.
Antes de chegar a peregrina ideia de mudar o nome ao carro e dar-lhe para choques em plástico – culpa do mercado norte americano – o Alfa Romeo Alfetta GT estava equipado com os para choques em metal, jantes de ferro sem embelezadores e o famoso escape a meio do carro com a ponteira a dobrar-se para o lado esquerdo.
Alfa Romeo Alfetta GT pensado para o piloto… perdão, condutor!
Os modelos Alfa Romeo tinham forte influência das corridas e, por isso, as escolhas feitas refletiam essa inspiração. O condutor era o centro das atenções e por isso mesmo, o Alfetta tinha um tabliê deverás esquisito.
Em primeiro lugar era igual de um lado e do outro, sendo a exceção o porta luvas. Depois, tinha o conta rotações a meio, frente ao condutor, sozinho, um nicho colocado por cima da coluna de direção (onde estava o canhão da ignição).
A meio estava um nicho muito maior que albergava todos os instrumentos e os comandos da ventilação. Ergonomicamente… um desastre. Mas, ironia das ironias, olhemos para um VW ID.4, por exemplo. Ou para um Citroën C4 Cactus.
O que é que vêm? Pois é, um arranjo semelhante com um pequeno ecrã com as informações básicas e toda uma panóplia de instrumentos num ecrã central. Até os comandos da climatização estão onde estavam no Alfetta! Premonição ou mero acaso?