O GP do Abu Dhabi acabou com uma vitória fácil para a Red Bull através de Max Verstappen que, assim, aumentou o recorde de vitória numa época. A Ferrari segurou o segundo lugar no Mundial de Pilotos com Charles Leclerc e a Mercedes não teve andamento para Red Bull e Ferrari e numa época onde não ganhou e não fez uma “pole position” (algo que não acontecia há 15 anos!), Lewis Hamilton abandonou. Despedida emocional de Sebastian Vettel cuja equipa quase o colocava fora dos pontos.
Todos elogiámos o Grande Prémio do Brasil com as muitas lutas na corrida Sprint e na corrida principal e as vitórias de George Russell e, principalmente, da Mercedes, o Grande Prémio do Abu Dhabi foi um bocejo. Nem a luta pelo segundo lugar do campeonato – que alimentou enorme polémica entre Verstappen, Perez e os adeptos de cada lado da barricada – conheceu animação porque a Ferrari acertou, finalmente, a estratégia. E Perez esteve desastrado ao longo do fim de semana.
Luta tática
O GP do Abu Dhabi foi, para os adeptos da tática, uma prova excelente. Quando isso sucede, quer dizer que a prova foi um aborrecimento. Certo é que todos acreditavam que duas paragens seriam a forma mais rápida de chegar à vitória ou apenas bem classificado.
Pois bem, os homens da frente decidiram o contrário e quiseram fazer a corrida apenas com uma paragem. E neste jogo tático sobressaiu, uma vez mais, Max Verstappen. O piloto neerlandês pode ser como pessoa o que os seus adeptos vêm ou o que os seus opositores acreditem que ele é, mas uma coisa que deve ser unânime: em 2022 não houve quem lhe desse troco ou o incomodasse.
E se no Brasil esteve mal, como a equipa, no Abu Dhabi voltou a estar imperial dominando uma corrida que desde os treinos estava entregue. Teve de se defender, ligeiramente, no arranque, jogou ao ioiô com os adversários – andou mais ou menos depressa consoante as necessidades – e embolsou a 15ª vitória da temporada, alargando o, agora seu, recorde de vitórias numa época. Fechou o ano com 146 pontos de vantagem para o segundo classificado. Esclarecedor!
Ferrari protegeu Leclerc desafiando a Red Bull
A melhor forma de defesa é o ataque e a Ferrari esteve particularmente agressiva no Abu Dhabi. Depois de ter estado longe da vitória no Brasil, Charles Leclerc e Carlos Sainz tinham uma missão: defender o segundo lugar do monegasco e impedir que a Red Bull desse maior expressão ao seu domínio em 2022.
Apesar da vitória ter sido apenas uma visão longínqua, a verdade é que a Ferrari bateu o pé à Red Bull com um carro equipado com uma asa mais pequena. Mas a grande vantagem dos carros de Maranello esteve na gestão dos pneus e na capacidade que teve de influenciar a tática da Red Bull.
A equipa de Milton Keynes planeava, claramente, uma corrida com duas paragens, mas ao se aperceberem que a Ferrari ia parar, mudaram de estratégia. Pode a Red Bull dizer que tinha como plano apenas uma paragem, mas a corrida de Perez desmente isso mesmo. E olhando para o resultado, Verstappen teria alguma dificuldade em vencer.
O mexicano recebeu um segundo jogo de pneus, duros, para enfrentar a parte final da corrida. Deu tudo, fartou-se de cometer pequenos erros por exagerar no ritmo e a Ferrari acabou a rir com o segundo lugar de Charles Leclerc, conquistado na frente de Perez, e com o segundo lugar no campeonato de pilotos. Falhava, assim, o último objetivo da Red Bull para 2022: fazer a primeira dobradinha da sua história no campeonato de pilotos. Falhou por pouco mais de 1,3 segundos.
Já Carlos Sainz esteve longe do habitual e acabou no quarto lugar a última corrida de 2022, depois de passar pelo Mercedes ferido de Lewis Hamilton.
Mercedes voltou ao habitual
A vitória de George Rusell deu alento à Mercedes, mas na última prova do azougado mundial de 2022 para a equipa de Toto Wolff, tudo voltou ao habitual. Não houve ritmo para lutar pelo pódio e Lewis Hamilton acabou ultrapassado por Sainz e fora da corrida com suspeita de um problema hidráulico.
Ou seja, no final de uma temporada em que não venceu uma corrida nem conquistou uma “pole position”, e quando cumpria a corrida 200, Hamilton acabou parado nas boxes.
Mas esta situação não passou sem polémica: Hamilton, em dificuldade com os pneus médios (que todos estavam a usar), defendeu-se de Sainz da mesma forma como tinha feito com Verstappen em 2021. Desta feita os comissários desportivos exigiram que o britânico devolvesse o lugar ao espanhol.
Russell terminou em quinto sem chances de chegar ao pódio. A primeira paragem nas boxes correu mal: uma roda recalcitrante levou a paragem para os cinco segundos e quando o libertaram estava a passar Lando Norris. Penalização de cinco segundos e o quinto lugar foi o melhor que conseguiu. Fechou o ano na frente de Hamilton.
Vettel sai com um ponto
A luta entre a Alpine e a McLaren era semelhante à luta entre a Alfa Romeo e a Aston Martin. A segunda acabou com vantagem para a formação de Frederic Vasseur, depois de acabar empatada com a equipa de Mike Krack. Stroll levou o Aston Martin ao oitavo lugar e Vettel, na sua despedida da F1, ficou com o 10º posto. Pontos insuficientes para conquistar o sexto lugar no final de uma corrida onde a Alfa Romeo não marcou pontos. Razões para isso? Primeiro, Vettel não conseguiu passar por Esteban Ocon (Alpine Renault), depois, quando ficou livre desse engulho, tinha pneus tão desgastados que não tinha ritmo para mais que o 10ºlugar. Pertinho, pertinho de Ricciardo, a fazer o nono posto na sua despedida da McLaren e da Fórmula 1, ele que poderá ser piloto de reserva da Red Bull. Se tivesse feito uma segunda paragem, teria ganho o sexto lugar do Mundial de Construtores para a Aston Martin.
Na casa da Alpine, o calvário de Fernando Alonso chegou ao final, com mais um abandono. O espanhol vai agora cair nos braços da Aston Martin, voltando as costas a uma equipa que já não era a sua e que colocou Esteban Ocon no sétimo lugar.
Solidificou, assim, o quarto lugar do campeonato de construtores, na frente da McLaren que conseguiu o sexto e o nono lugares com Norris e Ricciardo.
Na sua última corrida na Fórmula 1, Mick Schumacher deu nas vistas com mais um erro ao atacar Nicholas Latifi. Acabou por empurrar o canadiano para fora de pista e levou cinco segundos de penalização. Latifi lá acabou em último e sai pela porta dos fundos da Fórmula 1.
Terminou, assim, mais uma temporada de Fórmula 1 cuja edição 2023 começa em março com uma época recorde com 23 corridas.
Classificação final do GP do Brasil
- Max Verstappen (Red Bull), 58 voltas em 1h27m45,914s;
- Charles Leclerc (Ferrari), a 8,771s;
- Sergio Perez (Red Bul), a 10,093s;
- Carlos Sainz (Ferrari), a 24,892s;
- George Russell (Mercedes), a 9,561s;
- Lando Noris (McLaren – Mercedes), a 56,234s;
- Esteban Ocon (Alpine Renault), a 57,240s;
- Lance Stroll (Aston Martin – Mercedes), a 1m16,931s;
- Daniel Ricciardo (McLaren – Mercedes), a 1m23,268s;
- Sebastian Vettel (Aston Martin Mercedes), a 1m23,898s; etc. Classificados 17 pilotos
Classificação Mundial de Pilotos
- Max Verstappen, 454 pontos;
- Charles Leclerc, 308 pts;
- Sergio Perez, 305 pts;
- George Russell, 275 pts;
- Carlos Sainz, 246 pts; Classificados 21 pilotos
Classificação Mundial de Construtores
- Red Bull, 759 pontos;
- Ferrari, 554 pts;
- Mercedes, 515 pts;
- Alpine Renault, 173 pts;
- McLaren Mercedes, 159 pts;
- Alfa Romeo Ferrari, 55 pts;
- Aston Martin Mercedes, 55 pts;
- Haas Ferrari, 37 pts;
- Alpha Tauri, 35;
- Williams Mercedes, 8 pts.