Renault e Geely unem-se numa “joint venture” que vai criar motores de combustão interna a gasolina e tecnologia híbrida para ambos os grupos e para outros construtores. Finaliza-se, assim, mais um capítulo da eletrificação do grupo Renault. Luca de Meo conseguiu, finalmente, retirar do grupo a divisão de motores de combustão interna que passa, assim, a ser uma empresa separada detida em parte iguais pelos franceses e chineses.
Renault e Geely unem-se em parceria 50/50
Desconhecendo-se, para já, se esta parceria representa um passo em frente para uma colaboração mais profunda entre os dois grupos, é um passo muito importante para a Renault. Diríamos mesmo essencial para a complexa reestruturação da casa francesa.
Renault e Geely unem-se numa nova empresa, detida em parte iguais (50/50) pela Renault e pela Geely, vai empregar 19 mil colaboradores em 17 fábricas e três centros de pesquisa e desenvolvimento. Espera-se que o acordo final seja alcançado brevemente e que a empresa arranque em 2023.
Nenhum dos parceiros revelou dados financeiros do acordo, apenas a equidade de capital. Sabe-se, também, que a sede será em Londres.
Segundo comunicado, Renault e Geely unem-se em “joint venture” para fornecer motores de combustão interna e mecânicas híbridas à Nissan e à Mitsubishi, as outras partes da Aliança Renault Nissan Mitsubishi.
A capacidade de produção rondará os 5 milhões de motores e sistemas híbridos num ano completo de laboração.
Renault liberta-se dos motores de combustão
O anúncio desta parceria foi feito imediatamente antes do dia Renault no mercado de capitais (próxima 5ª feira) em Paris, onde Luca de Meo vai atualizar os investidores sobre a estratégia da marca e as projeções financeiras. Ora, a Renault procurava há bastante tempo um parceiro para se livrar da divisão de motores de combustão interna e, assim, reduzir custos e encaminhar o grupo Renault para a eletrificação.
O parceiro encontrado foi a Geely que já tem uma “joint venture” com a Renault na Coreia do Sul.
Renault e Geely: o “Cavalo” e o “Ampere”
A reestruturação da Renault é complexa e está pressionada pelos investidores e reguladores a fazer a transição energética, aderindo aos automóveis 100% elétricos. E cumprindo com a legislação que cai acabar com a venda de motores de combustão interna em 2035.
Para isso, a Renault nomeou a divisão de motores de combustão interna como “Cavalo” (Horse) e a divisão de propulsores elétricos como “Ampere”. Assim, entregou o “Cavalo” a esta nova parceria com a Geely, não deixando de alimentar a necessidade de vender esses carros em outras geografias, e olhou para a Nissan para reforçar o investimento japonês no “Ampere”.
Como habitualmente, nada foi fácil de negociar e, no caso da Nissan, foram mesmo levantadas questões de propriedade intelectual – das baterias e das unidades motrizes – devido à entrada da Geely nesta parceria com a Renault. Veremos se Luca de Meo consegue “apagar” mais uma divergência entre franceses e japoneses.
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Volvo vende participação na Aurobay
Quando o mundo avança para a eletrificação, este passo da Geely não deixa de ser interessante. Pelo menos fica claro que a notícia da morte dos motores de combustão interna é exagerada. Vão continuar por muitas décadas e se os desenvolvimentos atuais avançarem decididamente, poderemos ter algumas surpresas.
Quem não está pelos ajustes é a Volvo. Resoluta em ser construtor 100% elétrico antes dos prazos legais, a casa sueca anunciou que vai alienar os seus 33% na Aurobay, a empresa da Geely que ambas finalizaram este verão e que tem dias fábricas na Suécia para a construção de motores de combustão interna.
Recordamos que a Geely é a dona da Volvo e detém 9,7% da Daimler. Este acordo com a Renault expande a sua zona de ação e mostra como o gigante chinês está interessando em expandir-se para lá das “joint venture” em solo chinês. Para Luca de Meo foi o parceiro que ele tão afincadamente procurava para ficar bem na fotografia.