O Top 15 dos automóveis cancelados à última hora podia ser um Top 30 ou até um Top 50! São muitos os exemplos de automóveis que estavam, praticamente, prontos e por esta ou aquela razão acabaram por não entrar na linha de montagem. A maior parte das razões está ligada à falta de recursos. Depois às mudanças no mercado e, finalmente, porque olhando com mais cuidado se percebeu que o mercado não iria receber de braços abertos o modelo em questão. Este é o TOP 15, mas, provavelmente, voltaremos a este tema pois exemplos não faltam!
TOP 10 dos carros mais subestimados da indústria automóvel
O Top 10 dos carros mais subestimados mostra-nos carros brilhantes que passaram abaixo dos radares da fama.
Ford Soybean (1941)
Henry Ford era um visionário, mas vez por outra, a vida trocou-lhe as voltas. Foi o que aconteceu em 1941. Antevendo o racionamento do aço devido à II Guerra Mundial, juntou uma equipa para desenvolver uma carroçaria em plástico feita a partir de grãos de soja. Uma ideia visionária que acabou por não chegar à produção porque a guerra quase acabou com a produção automóvel e o projeto foi, obviamente, cancelado!
Volvo Philip (1952)
Mais um automóvel cancelado. O PV444 precisava de um sucessor e os suecos da Volvo entenderam ser a melhor ocasião para tentar posicionar a marca mais acima. O modelo chamava-se Philip porque foi finalizado no dia 2 de maio de 1950, o Dia do Filipe (na Suécia era comum cada nome ter um dia e este era o dia dos Philip). Desenhado por Jan Wilsgaard (1930 – 2016), um jovem de apenas 22 anos, tinha muitos cromados, barbatanas na traseira, rodas traseiras tapadas e um óculo traseiro invertido, para lá dos pneus com faixa branca. Só foi feita uma unidade que está no Museu da Volvo em Gotemburgo, porque os dirigentes da Volvo entenderam que estavam a levar a marca demasiado depressa para o segmento de topo.
Mercedes-Benz “Baby Benz” (1953)
A ideia de um Classe A viveu na mente dos homens da Mercedes desde os primórdios da marca. Em dezembro de 1982 conseguiram descer até ao 190 lançado em dezembro de 1982, mas em 1953 foi, finalmente, aprovado o projeto do primeiro “Baby Benz”. Deveria custar entre 10 a 15% menos que o modelo mais barato da Mercedes na época. A compra da Auto Union e da DKW em 1958 atirou o “Baby Benz” para o cesto dos papéis, pois a direção da Mercedes não queria concorrência entre a Mercedes e a DKW.
VW EA-48 (1953)
Todos reconhecem que o Mini, criado por Alec Issigonis em 1959, é o originador dos modernos citadinos. Foi esse modelo com a sua arrumação e o milagre do espaço que ofereceu a base para os segmentos A e B. Mas… as coisas poderiam ter sido diferentes se a Volkswagen tivesse avançado com o projeto EA-48. Com o Carocha a estagnar nas vendas, a VW começou a pensar num modelo compacto que precisava de ser barato de utilizar e espaçoso apesar das dimensões muito compactas. Internamento chamava-se EA-48, mas o nome final seria 600. Pouco tinha a ver com o Carocha… exibia um chassis monobloco, um motor montado à frente, tração às rodas dianteiras e uma suspensão independente à frente do tipo McPherson. O motor era um “boxer” de dois cilindros com 600 cm3 (dai o nome…) e 20 cv. Ou seja, o motor do Carocha cortado ao meio. Entretanto, em 1956, as vendas do Carocha arrancaram e Heinz Nordhoff, o patrão da VW, decidiu cancelar o projeto com receio de canibalização do Carocha.
Citroën 2CV Super (1974)
Cumpria o seu 26º aniversário em 1974 e dentro da Citroën muitos se questionavam sobre o futuro do 2CV. Vá lá saber-se porquê, foi decidido rejuvenescer o modelo. Como? Desde logo bebendo inspiração no Citroën Arrastadeira (Traction Avant). Recebeu um tejadilho rígido em metal e com a aplicação do motor boxer de 4 cilindros do GS, a frente foi alongada e recebeu a grelha do Traction Avant. O modelo estava já na fase final de testes e aprovação quando a Citroën decidiu cancelar o 2CV Super.
Nissan Mid4 e Mid4 II (1985 – 1987)
Apareceu em 1985 no Salão de Frankfurt e apesar do estilo sensaborão típico dos produtos japoneses da época, o Mid4 era um carro espetacular. Criado para rivalizar com o Porsche 911, tinha um motor V6 com 3.0 litros com tração e direção às quatro rodas, sendo capaz de chegar aos 250 km/h. Dois anos depois chegou o Mid4 II com um estilo mais esguio, mas igualmente falho de emoção ou sedução, e mais potencia no V6 de 3.0 litros duplo turbo (325 CV). Os dois não fizeram um, pois a Nissan decidiu acabar com o projeto depois de gastar uma pequena fortuna em desenvolvimento. Fizeram contas e o custo de produção nunca seria pago pelas vendas.
Porsche 989 (1989)
O primeiro Panamera chamava-se… 989. E como sempre sucedeu com as tentativas de fazer uma berlina de quatro portas Porsche, a base era o 911. Um erro que se prolongou até ao nascimento do Cayenne, o SUV da casa de Weissach. O 989 era, na realidade, um 911 de quatro portas – o estilo era… horrível! – equipado com um BV8 de 4.2 litros e não o “boxer” de seis cilindros do 911. Com 350 cv era uma boa base de partida. Mas em 1991, a Porsche chegou à conclusão de que o projeto não tinha pernas para andar. Por ser muito caro de desenvolver e, depois, produzir além da necessidade de refinar o estilo. Passou uma década depois desta ideia até surgir um Porsche de quatro lugares.
BMW M8 (1991)
A BMW sempre rejeitou a existência do M8. Durante 20 anos os homens da casa bávara e os da divisão M mentiram dizendo que nunca tinham feito um M8. A versão mais radical do Série 8 E31 equipado com um V12 com 550 cv. Um motor que, na realidade, era mais uma invenção ao combinar dois blocos de seis cilindros em linha com 3.0 litros. Contas feitas, deu origem a um V12 de 6.1 litros acoplado a uma caixa manual de 6 velocidades e um diferencial traseiro autoblocante. Tinha apenas dois lugares – bancos de competição – travões vindos da competição e uma carroçaria alargada para acolher os gordos pneus. Com uma frente ameaçadora, o M8 teria sido um carro espetacular, mas a BMW recuou nas suas intenções. Porquê? Porque as preocupações ambientais começavam a surgir e porque nos anos 90 a recessão foi violenta, tornando este tipo de carros quase uma ofensa. Uma pena!
Mercedes-Benz C-112 (1991)
Este era um projeto que queria trazer para a estrada o Sauber-Mercedes C11 Gr.C das corridas de Endurance e abraçar a herança do 300SL original, o famoso “Gullwing” ou asas de gaivota. Assim, teria as famosas portas de abertura para cima – que depois surgiram, finalmente, no SLS – e a performance de um supercarro, cortesia do motor V12 de 6.0 litros com mais de 400 cv. Desenhado pelo túnel de vento e concebido para ser leve, veloz e competente em curva, o C-112 tinha tudo para ser um sucesso. Até encomendas recebeu – mais de 700 foram enviadas à Mercedes – mas os responsáveis da casa de Estugarda recuaram e acabaram por decidir investir esse dinheiro na competição e não no C-112.
Lamborghini Cala (1995)
A casa de Sant’Agata Bolognese andou de mão em mão. Foi pertença da Chrysler até 1994, quando foi vendida à Megatech. E o que era a Megatech? Um empresa registada nas Bermudas que queria fazer supercarros sendo propriedade de “Tommy” Mandala Putra (filho mais novo do Presidente da Indonésia, Suharto) e uma empresa das Bermudas. Sem dinheiro para fazer coisa alguma, foi a ItalDesign (hoje parte do grupo VW como a Lamborghini…) quem surgiu com o Cala, um desportivo equipado com um V10 de 4.0 litros. O carro foi testado, produzido para testes e estava quase pronto. Entretanto a Lamborghini foi comprada pela Volkswagen em 1998, e o Cala foi atirado para as prateleiras do esquecimento. O Jalpa acabou por ter como sucessor o Gallardo, nascido em 2003, e não o Cala. Mas este acabou por servir de inspiração para o Gallardo.
BMW M3 Compact (1996)
Mais um automóvel cancelado, este com muita pena nossa. Nunca existiu, mas há um modelo guardado pela BMW. Teria sido uma loucura. Um motor com 325 cv dentro de um carro com apenas 1300 kg… wow! Ainda por cima a ideia era fazer um M3 mais acessível para os mais jovens. A BMW achou que seria um flop, teve medo e arrumou o projeto M3 E36 Compact nas prateleiras do esquecimento.
Volkswagen W12 (1997)
Criar um motor W12 e não ter um carro especial para ele motivou a Volkswagen a fazer o… W12. Nascia, assim, um supercarro com um supermotor e apesar da falta de originalidade no nome do carro, o W12 era espetacular. E para dar ainda mais sabor, a VW criou o W12 Roadster com um motor W12 de 6.0 litros. Foram construídos modelos que andaram a bater recordes na pista de Nardo em 2002, mas Ferdinand Piech decidiu deitar fora todo o dinheiro gasto para entregar à Bugatti a honra de ser a primeira a ter um supercarro dentro do Grupo VW e não a Volkswagen. Assim nasceu o Veyron com o enorme W16 com 8.0 litros e o W12 ficou apenas na memória.
Lancia Fulvia (2003)
A Lancia foi do céu ao inferno e habita o purgatório que Carlos Tavares lhe ofereceu dentro da Stellantis. Mas as coisas poderiam ter sido muito diferentes se a Fiat Chrysler Automobiles (FCA) tivesse os recursos e a vontade de ir além das 35 mil unidades do Ypsilon que se vende apenas em Itália. Ou ter produzido este Fulvia ao invés de andar a colocar o símbolo da Lancia em modelos da Chrysler. Este modelo, lindíssimo, era fácil de produzir: utilizava peças de outros modelos do grupo FCA e por isso era barato de produzir. Um carro que deveria ser recuperado pois é daqueles que mais custa engolir não ter sido produzido.
Audi R8 TDI Le Mans (2008)
Ganhadores em Le Mans com a tecnologia criada por Rudolf Diesel, a Audi estava no auge dos motores a gasóleo e depois de criar o pai de todos os motores Diesel com o V12 turbodiesel montado no Audi Q7 TDI, quis ir mais longe. Que tal criar um desportivo com esse motor Diesel? Nascia, assim, o R8 V12 TDI Le Mans que foi revelado no Salão de Los Angeles de 2008 e acabou arrumado num canto das garagens do Museu Audi, sendo exemplar único porque a Audi fez e refez as contas e estas não batiam certo.
Toyota GT86 Cabriolet (2013)
Foi anunciado. Foram feitos protótipos e esteve no Salão de Genebra de 2013 com um protótipo denominado FT-86 Open que estava, praticamente, pronto para a produção. As reações foram excelentes, mas poucos meses depois o entusiasmo esfriou quando a Toyota anunciou que o GT86 descapotável estava… morto! Foi pena, porque conciliar a fácil deriva da traseira do GT86, com os cabelos ao vento, seria memorável para muitos!
Jaguar XJ EV (2021) Bónus
Apesar de ser um TOP 15, decidimos adicionar este bónus extra. O Jaguar XJ EV. Primeiro porque afigurava-se como o primeiro Jaguar 100% elétrico da história da casa de Conventry. Depois, porque estava já pronto para entrar em produção tendo cumprido toda a bateria de testes e de validação pré-produção. Finalmente, porque foi um dos últimos atos de gestão de Thierry Bollloré, contratado pela Jaguar Land Rover para CEO da JLR em 2020, tendo saído do grupo no mês passado por razões pessoais. A justificação oficial? Revista a parte tecnológica face ao avanço da indústria na eletrificação, o XJ foi considerado não conforme as necessidades da Jaguar e com a visão renovada da marca Jaguar. O XJ deverá regressar, mas com outro projeto, sendo que a casa britânica anunciou que será 100% elétrica em 2025.