O Ferrari 208 Turbo tinha um motor bastante modesto… um 2.0 litros. Mas havia uma razão para isso! Em Itália, os políticos decidiram mexer nos impostos, passando os carros com motor abaixo de 2000 cm3 de cilindrada a pagar 20% de imposto. Acima daquela cilindrada, o imposto subia para os 35%. O 208 Turbo foi a resposta a esse sistema fiscal.
Itália e Portugal tinham o mesmo sistema de impostos que hoje é semelhante na China. Por isso surgiram carros estranhos – e hoje muito procurados pela sua raridade – como o BMW 320iS, modelo equipado com uma versão de 2.0 litros do motor de 2.3 litros do M3 E30, sem a carroçaria alargada do M3. Ou o Mercedes 190, já para não falar do Maserati Merak V6 que passou de 3.0 para 2.0 litros ou o Ferrari 308 GT4 Dino.
O belo 308 GTB foi a base para a Ferrari desenhar o 208 GTB. Este perdeu o bloco de 3.0 litros em favor de um 2.0 litros que lhe roubou performance, pois o carro tinha, apenas, 155 cv e 125 Nm de binário. Ora, o 308 GTB com carburadores e motor 3.0 litros debitava 255 cv e a versão com injeção (308 GTBi) 214 cv.
Era, então, necessário fazer algo. E a Ferrari fê-lo ao lançar o 208 Turbo. Reunia o motor de 2.0 litros a um turbocompressor KKK K26, saltando a potência para 220 cv.
A Ferrari reduziu o diâmetro dos cilindros para chegar aos 2.0 litros. Este facto não impediu o bloco de chegar às 7.800 rpm e oferecer grande diversão na condução.
Desta forma, a Ferrari deu a volta à questão dos impostos. Mesmo que a maioria mandasse os impostos à urtigas.
Alegadamente, só foram feitos 437 Ferrari 208 Turbo, pelo que é um carro raro. Apesar de não estar na lista da Hagerty que publicámos recentemente sobre os melhores investimentos automóveis, não fica nada mal em qualquer coleção. Ontem foi vendido um em leilão na Alemanha por cerca de 58 mil euros, com pouco mais de 60 mil km. Ainda se comercializam a preços nada exagerados. Afinal, não deixa de ser um Ferrari.