Este TOP 10 das “ovelhas negras” mostra como há decisões arriscadas que nunca se deveriam ter tomado. Umas vezes porque tentam antecipar um nicho de mercado que ainda não existe – e que acaba por nunca existir! – outras porque para substituir um modelo de sucesso tentam optar por radicalizar a questão. Como no Escape Livre gostamos muito de automóveis, aqui fica o nosso TOP 10 das “ovelhas negras” da indústria automóvel.
15 automóveis que foram cancelados à última hora!
São apenas 15 dos muitos automóveis cancelados à última hora. Muitos estavam já prontos e acabaram… a apanhar pó!
Willys-Overland Jeepster (1948)
Quando uma marca que só fazia modelos 4×4 começa a pensar que devem fazer um carro que fugisse ao “status quo” e oferecer outras coisas aos clientes… a coisa começa a correr mal. O CJ-2 era um jipe puro e duro e por isso, decidiram avançar para o Jeepster como forma de atrair mais clientes. Só tinha tração às rodas traseiras, uma altura ao solo reduzida, e um interior luxuoso. O oposto do CJ6. Todos os clientes ignoravam o Jeepster quando iam ao concessionário, pois queriam era um 4×4. Por outro lado, a Willys não publicitou o Jeepster como deve ser. Ao fim de dois anos acabou a produção com menos de 20 mil unidades produzidas. O nome seria ressuscitado mais tarde em 1966 para nomear uma versão do International Harvester Scout.
Chevrolet Corvair (1959)
Era a resposta americana ao Carocha e por isso tinha uma carroçaria compacta e um motor pendurado na traseira. Estava disponível nas versões de quatro e duas portas e descapotável e até havia um modelo turbo. Mas a suspensão traseira deixava muito a desejar e o carro, sendo desequilibrado, era perigoso. Ralph Nader, advogado, crucificou o modelo e a Chevrolet teve de acabar com ele em 1969 e nunca mais na sua história voltou a ter um carro com motor traseiro. Merece estar neste TOP 10 das “ovelhas negras” da indústria.
Ford Pinto (1971)
Foi a estreia da Ford num segmento onde nunca tinha estado. Sendo um modelo de acesso à gama Ford, competia com os carros importados da Europa e do Japão. Para manter os preços competitivos, a Ford poupou aqui e ali e isso foi a morte do Pinto. O maior problema estava no depósito de gasolina que estava entre o para choques traseiro e o diferencial. A mais pequena pancada gerava uma fuga de combustível e o Pinto churrascava sob chamas intensas. (Parece piada!) Processos atrás de processos, acabaram com a Ford a recolher 1,5 milhões de unidades do Pinto e do Mercury Bobcat para modificar o sistema de alimentação do carro. Mais um merecedor do TOP 10 das “ovelhas negras” da indústria.
Triumph TR7 (1975)
O TR7 foi o fim da Triumph. Com uma silhueta em cunha, como era moda nos anos 70, o TR7 dividia opiniões. Mas não foi o estilo que “matou” o TR7. Foi a falta de fiabilidade, a falta de proteção contra a corrosão e a escolha errada de motores. A Triumph passou anos a tentar construir um TR7 fiável e quando o conseguiu, já o mal estava feito. Ainda foi lançado um descapotável e o desejado TR8 com motor V8, mas a produção acabou em 1981 e a Triumph em 1984. Curiosamente, do acordo de venda da Rover em 2000, a BMW reteve algumas marcas, entre elas a Triumph.
Ferrari Mondial 8 (1980)
Um Ferrari é um Ferrari e criticar um carro de Maranello pode parecer difícil, mas o Mondial 8 foi um erro da casa italiana. Desde logo pelo estilo, pois fazer um 2+2 implicava alongar o carro. Depois pelo V8 de 3.2 litros com “apenas” 205 cv. Finalmente, devido aos muitos problemas mecânicos e na parte elétrica. O Mondial QV de 1982 resolveu quase todos os problemas do carro, e as últimas versões tinham pouco a ver com as primeiras, mas a reputação estava afetada e o Mondial teve vida curta.
Maserati Biturbo (1981)
Tinha tudo para ser um dos melhores carros dos anos 80. No projeto, o carro era fantástico e tinha os ingredientes certos, ainda por cima num carro compacto que era mais pequeno que o Quattroporte. Mas quando foi lançado, o Maserati Biturbo revelou-se uma desgraça com muitos problemas mecânicos e elétricos. Estes fizeram dele o carro menos fiável do Mundo. As notícias foram-se espalhando e as vendas ressentiram-se, até porque o carro era caro e todos sabiam da sua reputação.
Alfa Romeo Arna (1983)
Na época propriedade do Governo italiano, a Alfa Romeo invejava o sucesso do Golf nos finais dos anos 70. Com uma hemorragia financeira crónica, a casa de Arese não possuía os recursos para fazer um rival do Golf. Vai daí, escolheram a Nissan para fazer um carro o mais barato possível para entrar rapidamente no segmento. Nascia em 1983 o Arna (AR de Alfa Romeo e NA de Nissan) que era um Cherry com uma grelha com o escudo Alfa Romeo e a mecânica do AlfaSud. Obviamente que não resultou, o 33 manteve-se como o mais vendido da casa de Arese e mesmo falhando todas as metas de vendas por larguíssima margem, os responsáveis da marca ainda consideraram atualizar o modelo no final dos anos 80! Obviamente que assim que a Fiat comprou a Alfa Romeo em 1986, acabou com a vida do Arna.
Renault Avantime (2001)
A ideia era aproveitar o muito que ainda havia da Espace e explorar o mercado dos monovolumes de duas portas. Um nicho desconhecido que a Renault não conseguiu criar. Para lá do estilo pouco agradável, tinha duas portas tão grandes e pesadas que forçou a aplicação de dupla dobradiça para que o estacionamento e saída do carro não fosse uma dor de cabeça. O Avantime ficará para sempre como o exemplo daquilo que não se faz num automóvel. Ainda por cima foi colocado à venda ao mesmo tempo do VelSatis. As vendas foram, claro, curtas e quando a Matra fechou a produção automóvel, o Avantime desapareceu. Em 22 meses foram produzidos 8557 exemplares, alguns deles com motor V6 que tem um consumo absurdo.
Jaguar X-Type (2001)
Quando se tenta esconder uma marosca… a coisa corre, habitualmente, mal. Na época parte do Premier Group da Ford, a Jaguar quis enfrentar a BMW e a Mercedes. Para isso lançou o X-Type que não era mais que um Ford Mondeo… fino. Tentou a Jaguar esconder as origens do X-Type dando-lhe um motor V6 a gasolina e tração integral. O problema? Na época o que se vendia eram carros com quatro cilindros a gasóleo e com tração traseira. Tinha inovações como o ecrã central sensível ao toque, mas tudo o resto estava errado. As vendas foram curtas e o carro saiu de cena rapidamente, sendo hoje um carro usado que se faz pagar caro pelo nome que ostenta. Apenas.
Aston Martin Cygnet (2011)
A Aston Martin tinha um problema de emissões de CO2 devido as regras impostas pela União Europeia. Ora, qual a melhor forma de contornar isso? Pedindo à Toyota que emprestasse o iQ e travesti-lo de Aston Martin! Mantendo o motor de 100 cv com 1.3 litros, tinha um interior luxuoso e Ulrich Bez, o CEO da Aston Martin na época, acreditava que iria vender 4 mil unidades do Cygnet. Quando a produção acabou em 2013, foram feitos cerca de 300 e alguns foram oferecidos como o de Sir Stirling Moss. Ele que o usava em Londres para não pagar taxa de poluição e congestionamento.