A Ford perdeu 2 mil milhões de dólares em 2022, qualquer coisa como 1,9 mil milhões de euros, mas num anúncio meio trapalhão, vai entrar na Fórmula 1 em 2026 com a Red Bull. Jim Farley, o CEO do gigante norte americano, não poupou nas palavras. “Dizer que estou frustrado é muito pouco! Deveríamos ter feito muito melhor!” A divisão europeia continua a dar dores de cabeça à casa da oval azul.
“Deixamos espalhados em cima da mesa 2 mil milhões de dólares de lucros que estiveram fora do nosso controlo. Por isso dizer que estou frustrado é pouco, pois o ano poderia ter corrido muito melhor para nós.” Palavras de Jim Farley depois de anunciar uma perda de 1,9 mil milhões de euros no ano de 2022.
2 mil milhões de dólares? Como?
A casa da oval azul atribuiu responsabilidade deste desastre a situações especiais. Por exemplo, os 7,4 mil milhões de dólares (6,7 mil milhões de euros) de prejuízo sobre o investimento na start-up Rivian – que produz veículos 100% elétricos. A Ford está quase a vender a posição na empresa tentando não perder mais dinheiro.
Depois foram os 2,7 mil milhões de dólares (2,4 mil milhões de euros) perdidos com o colapso da Argo AI que colocaram 827 milhões de dólares de prejuízo nas contas do terceiro trimestre.
Por outro lado, a Ford gerou receitas de 158 mil milhões de dólares (cerca de 145 mil milhões de euros) em 2022, 44 deles conseguidos no quarto trimestre do ano. Valores que ficaram aquém do esperado, muito por culpa de problemas com o fornecimento de peças e devido à crise dos semicondutores.
Plano agressivo de redução de custos
Estas situações reduziram a produção e aumentaram os custos. Não espanta, pois, que John Lawler, diretor financeiro da casa norte americana, tenha vindo dizer que a empresa já estava a implementar um programa de corte de custos que iria poupar 3 mil milhões de dólares (2,75 mil milhões de euros) até meio da década. Porém, vai acelerar esse programa e aumentar, significativamente, o valor dessa poupança.
A agressividade do plano é tal que tudo está em cima da mesa. Confirmando-se que a Ford vai mesmo cortar até 3200 postos de trabalho na Europa. Por outro lado, a chinesa BYD é forte candidata a comprar a fábrica de Saarlouis, na Alemanha, já em 2025. Isto porque a Ford não tem nenhum modelo para aquela unidade de produção e, assim, será redundante no parque industrial da casa americana.
Apesar de tudo isto, a Ford não vai voltar as costas à Europa como fez a General Motors. Mantém o investimento de mil milhões de dólares (915 milhões de euros) na fábrica de Colónia, na Alemanha, para passar a fabricar modelos 100% elétricos.
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Apesar de tudo, “cash flow” é (muito) positivo
Pese embora todos os problemas, a verdade é que a Ford continua a ser um gigante e John Lawler deixou claro que “temos grande flexibilidade para investir no plano de crescimento Ford+ e devolver valor aos acionistas.”
Por um lado o “cash flow” da Ford é, apesar das perdas, de 9,1 mil milhões de dólares (8,3 mil milhões de euros) e a casa da oval azul acabou 2022 com 32 mil milhões de dólares (29,3 mil milhões de euros) em dinheiro e uma liquidez de 48 mil milhões de dólares (43,9 mil milhões de euros).
Por outro lado, a Ford vai reorganizar-se de outra forma. Segundo Lawler, vão existir três divisões: Ford Blue (modelos de combustão interna), Ford Model E (veículos elétricos) e Ford Pro (veículos comerciais). Vão funcionar de forma independente, mas debaixo da asa da Ford Motor Company.
