O que são combustíveis sintéticos? Esta é a pergunta que anda a bailar nos lábios dos europeus depois de várias notícias terem lançado luz sobre algo que se falava entre dentes nos corredores de alguns departamentos de engenharia. Depois da Porsche ter investido forte numa fábrica, no Chile, de combustíveis sintéticos e de vários construtores fazerem pressão para que a Comissão Europeia dê uma chance a este tipo de carburante, impõe-se saber o que são, afinal, os combustíveis sintéticos ou, se preferirem, os e-fuels.
O que são então os combustíveis sintéticos?
O que são combustíveis sintéticos? E os e-Fuels? São uma e a mesma coisa, embora nos primeiros estejamos a falar de carburantes feitos a partir de várias coisas. Concentremo-nos nos e-Fuels, aqueles que já obrigaram à paragem do processo que iria banir os carros com motores de combustão interna a partir de 2035.
Segundo Olaf Scholz, Chanceler da Alemanha, esta questão dos e-Fuels “não se trata, de forma nenhuma, de uma diferença de opiniões, mas sim uma questão de como os e-fuels podem ou não funcionar. E esta é uma questão simples de resolver pelo que todos estamos otimistas nas conversações com a Comissão.”
Por seu turno, o Ministro dos Transportes, Volker Wissing (membro do FDP, partido que faz parte da aliança tripartida que sustenta o Executivo alemão) deixou claro que a Comissão Europeia tem de apresentar uma solução viável para tornar os motores de combustão interna que funcionem com e-fuels isentos da proibição latente.
Para este ministro, “o motor de combustão interna em si não é um problema, os combustíveis fósseis com que funciona é que são um problema.” Acrescentou, ainda, que “a neutralidade carbónica é o objetivo e ao mesmo tempo uma oportunidade para novas tecnologias e para o conseguirmos temos de estar abertos a outras soluções.”
Porsche reconhece que o combustível sintético é… muito caro!
A Porsche reconhece que a gasolina sintética é muito cara e que sem a ajuda dos Governos, será difícil vê-la fora da competição automóvel.
De um lado temos os defensores do e-fuels que, no seu entendimento, são, essencialmente, eletricidade renovável que foi convertida num combustível líquido comburente. Para aqui chegar, o processo é este: o CO2 é capturado e, depois, combinado com a separação da água do hidrogénio. Um processo que é feito com energias renováveis. Nasce, assim, um hidrocarboneto sintético. Deixam de criar CO2? Não, pois quando queimados num motor de combustão interna, naturalmente, produz dióxido de carbono.
Porém, como é feito de CO2 capturado e retirado do ambiente, a produção, menor, de CO2 é compensada tornando-o um combustível neutro para o clima.
E-fuels não são solução para todos
Naturalmente que do outro lado da barricada, rasgam-se as vestes e os opositores dizem que produzir estes combustíveis sintéticos ou e-fuels é um desperdício de energia renovável que deveria ser poupada para utilizações onde a descarbonização seja mais complicada.
Curiosamente, há alguns construtores que vêm com pouco entusiasmo este percalço e a introdução dos e-fuels. É que mesmo limitada, a sua utilização vai ter impacto nas vendas dos veículos elétricos de alguns construtores que quiseram ser “mais papistas que o papa”.
Volker Wissing deixou no colo da União Europeia a resolução do problema. “É contraditório quando a Comissão Europeia apela a objetivos elevados de proteção climática, por um lado, mas, por outro, torna mais difícil atingir esses objetivos através de regulamentação demasiado ambiciosa.”