Alemanha ganha braço de ferro com a União Europeia!

Alemanha ganha braço de ferro com a União Europeia e já há acordo para criar uma regulamentação de referência que exige que os automóveis novos sejam neutros em carbono até 2035.

Alemanha ganha braço de ferro com a União Europeia e já há acordo para criar uma regulamentação de referência que exige que os automóveis novos sejam neutros em carbono até 2035. Esta foi a solução encontrada para resolver o bloqueio da Alemanha à ousada regulamentação europeia que coloca um fim aos motores de combustão interna. Assim, com a utilização dos “e-fuels” (combustíveis sintéticos), os motores de combustão interna vão continuar depois de 2035.

A União Europeia chegou a acordo com a maior economia do Velho Continente, depois da Alemanha ter dado o dito por não dito quando percebeu que vinha a galope uma crise social devido à imposição do fim dos motores de combustão interna.

combustiveis efuel2

O desacordo foi acompanhado por alguns países e o trabalho para encontrar uma forma de não atirar para o cesto do lixo a regulamentação já desenhada e aprovada numa primeira ronda de votação, foi intenso.

De um lado a Alemanha queria que fosse assegurada a possibilidade de vender automóveis novos com motores de combustão interna para lá de 2035, do outro a União Europeia que quer liderar na redução das emissões e ter neutralidade carbónica o mais cedo possível.

Alemanha ganha braço de ferro: Porsche e Ferrari também!

De um lado a poderosa indústria alemã, nomeadamente, o grupo VW que, dando uma no cravo e outra na ferradura, já percebeu que a corrida tresloucada para a mobilidade elétrica pode ser uma montanha mais difícil de escalar que o esperado. Por isso mantém a aposta na eletrificação com a Volkswagen e Audi – já passaram o ponto de retorno – e joga com a Porsche e Lamborghini para lançar para cima da mesa os combustíveis sintéticos onde já investiram milhões de euros.

Contas feitas, foi possível encontrar um acordo como referiu Frans Timmermans, responsável pela política climática da União Europeia. “Encontrámos um acordo com a Alemanha sobre a futura utilização dos e-fuels nos automóveis.”

Volker Wissing, Ministro dos Transportes da Alemanha, sublinhou “o caminho está livre!” acrescentando numa publicação no Twitter que “os veículos com motores de combustão interna ainda vão ser vendidos depois de 2035, mas se usarem, apenas, combustíveis neutros em CO2.

emissoesco2

Vai, assim, a Alemanha ratificar a regulamentação que exige que os novos veículos vendidos a partir de 2035 tenham emissões zero e assim a União Europeia pode chegar a 2050 neutral em emissões.

Este acordo não vem alterar o texto daquele regulamento, apenas será acrescentada a possibilidade dos motores de combustão interna permanecerem desde que utilizem combustíveis sintéticos neutros em CO2. A votação final será feita amanhã e tem garantia de aprovação, com o sim da Alemanha. Isto porque há países que queriam o adiamento desta data (2035) para o fim dos motores de combustão interna.

Ecologistas profundamente desiludidos

Naturalmente, os ativistas ambientais não ficaram nada satisfeitos com a decisão alemã, entendendo esta atitude como uma forma de desviar o interesse e o progresso dos veículos com emissões zero.

Benjamin Stephen, da Greenpeace disse que “este sujo compromisso mina a proteção climática nos transportes e prejudica a Europa”, enquanto Michael Bloss, membro do partido os Verdes alemão com assento no parlamento germânico lembrou que “o setor automóvel abraçou de todo o coração os carros elétricos, tornando o debate anterior absurdo e com claros danos na credibilidade da Alemanha. Agora é tempo de fazer reparações.

No final de toda esta crispação, Pascal Canfin, responsável da comissão do ambiente do Parlamento Europeu, pediu à Comissão que se assegurasse que as regras para a utilização dos combustíveis sintéticos sejam claras, respeitem o acordo agora alcançado e que não haja possibilidade de utilização de combustíveis fósseis.