A Ford F-150 Lightning usa alumínio que é extraído numa mina localizada no Brasil propriedade da empresa norueguesa Norsk Hydro e produzido nesse mesmo local. Os habitantes de Barcarena, município do estado do Pará, no Norte do Brasil alegam que a mina explorada pela Hydro Alunorte (empresa da Norsk Hydro) e a fábrica estão a causar doenças cancerígenas e malformações em bebés. Já foi entregue em tribunal um processo para tentar fechar a fábrica de alumínio.
A Ford F-150 Lightning usa alumínio em larga escala para reduzir o peso da “pick-up” norte americana 100% elétrica. Só assim o peso fica abaixo das três toneladas (peso final de 2.948,35 kg). Mas desta forma, a Ford oferece um “truck” nos EUA que não tem emissões de gases poluentes para a atmosfera.
Ford F-150 Lightning usa alumínio feito no Brasil
O grande problema surge a montante do produto final. A necessidade de muito alumínio para fazer este “monstro” é cada vez maior. Em 2022 a Ford vendeu 15 680 unidades, mas em 2023 quer chegar às 80 mil e em 2024 ultrapassar as 150 mil. Ora, para isto é preciso muito, mas mesmo, muito alumínio. Contas feitas, cada F-150 Lightning tem 309 kg de alumínio, quase uma centena de quilos a mais que num carro convencional.
A Hydro Alunorte do Brasil é quem fornece o alumínio à Ford para construir a F-150 Lightning e, de acordo com um processo que entrou em tribunal representando 11 mil pessoas que vivem nos arredores da mina e da fábrica de alumínio, esta maior extração e produção de alumínio está a causar sérias doenças à população, como cancro e malformações em recém-nascidos.
Tudo porque a mina e a fábrica estão a lançar produtos tóxicos que estão a contaminar o fornecimento público de água.
Mineração e produção de alumínio é poluente
Convirá lembrar que para produzir 1 tonelada de alumínio é preciso extrair 2,9 toneladas de bauxite, sendo o que resta depois de extraído o alumínio é uma lama vermelha com resíduos insolúveis sem recuperação ou reutilização. E dentro destes resíduos estão vários metais tóxicos que podem penetrar no solo. Por outro lado, o alumínio é produzido por eletrolise exigindo um consumo de energia de 211 GJ por tonelada e, também, muita água.
A Ford não é a dona da mina nem da fábrica, mas acaba por ver o nome envolvido, pois este alumínio é para produzir a Ford F-150 Lightning. O rasto até chegar a esta conclusão levou os investigadores a percorrer um caminho sinuoso que passa por uma fundição no Canadá e um fabricante de peças na Pensilvânia.
A mina em causa já tinha estado debaixo de acusações de poluição, mas, desta feita, é mesmo a fábrica quem está nos holofotes. E como em testes feitos nos rios e afluentes foram encontrados níveis de materiais tóxicos 57 vezes acima dos limites de segurança, as coisas parecem pouco risonhas para a Hydro Alunorte. Mais! Foram encontrados num residente 175 vez mais alumínio que o seguro no seu cabelo e 81 vezes mais que o limite de segurança no sangue!
Mais uma vez fica provado que a mobilidade elétrica tem muito para evoluir no sentido de promover uma verdadeira redução da poluição. Sim, à saída dos escapes – que não existem nos elétricos – mede-se zero emissões. Mas como se percebe por esta história triste, ainda há um longo caminho a trilhar para a total eficiência dos modelos 100% elétricos.