Kalle Rovanpera venceu o Rali de Portugal 2023, quinta prova do Campeonato do Mundo de Ralis, que se disputou no passado fim de semana na zona norte de Portugal. Ao volante do Toyota GR Yaris Rally1, o Campeão do Mundo de 2022 ganhou pela segunda vez consecutiva após mais de 325 quilómetros em pisos de terra disputados contra o cronómetro. O finlandês realizou uma exibição de classe e talento que deixou os adversários bem longe no final das 19 provas especiais de classificação. Kalle Rovanpera levou para casa, também, o máximo de pontos bónus ao ganhar a Powerstage. Armindo Araújo venceu a prova do Campeonato de Portugal de Ralis (contaram, apenas, os primeiros 8 troços) e acabou a prova no 17º lugar e melhor português.
Kalle Rovanpera venceu o Rali de Portugal 2023 após três dias muito duros com especiais no centro e norte de Portugal, disputando clássicas como Arganil, Mortágua, Vieira do Minho, Amarante e, claro, Fafe. Foram 325,35 km disputados contra o cronómetro que o piloto da Toyota dominou a seu belo prazer.
Kalle Rovanpera venceu, Elfyn Evans abandonou
O líder do campeonato à chegada a Portugal era Elfyn Evans. O galês ganhou na Croácia pela primeira vez desde o Rali da Finlândia 2021 e chegava a Portugal cheio de confiança. Infelizmente, nada correu bem a Evans que acabou fora de prova no sétimo troço após uma violenta saída de estrada. Os danos no Toyota forçaram uma saída sem glória de Portugal.
Com este abandono, Rovanpera ficava a abrir a estrada e, tal como sucedeu em 2022, começou a abrir o livro. Como ele disse “acordei de manhã a pensar que tinha de andar mais depressa”.
Porém, só começou a “carburar” depois do quarto troço, chegando ao final do primeiro dia com quase 11 segundos de vantagem para Dani Sordo (Hyundai) que aproveitou os problemas de Neuville para ficar perto do primeiro lugar.
Pelo caminho já tinha ficado, também, Takamoto Katsuta (Toyota) devido à quebra do alternador logo na terceira especial. Por seu turno, Ott Tanak foi vítima de um furo e acabava o primeiro dia a mais de um minuto de Rovanpera. Com Pierre Louis Loubet e Esapekka Lappi à sua frente.
O segundo dia de prova tinha muitos motivos de preocupação para os pilotos, pois havia uma dupla passagem por Vieira do Minho e Amarante, a maior especial do rali com 37,24 km.
Rovanpera demolidor anula concorrência
O jovem piloto finlandês é de uma têmpera diferente dos outros e se não ganhava há já bastante tempo, mostrou em Portugal que o talento continua lá. Todinho!
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A sequência Vieira do Minho (26,61 km), Amarante (37,24 km) e a novidade Felgueiras (8,81 km) era demolidora e foi precisamente aqui que o campeão do Mundo desferiu o ataque decisivo: ganhou 13,1 segundos a Sordo em Vieira do Minho, 21,7 segundos em Amarante e 6,6 segundos em Felgueiras! Num ápice, a diferença passou de 10 para 52,4 segundos… um golpe vibrado com energia, talento e determinação que decidia o rumo da prova.
Voltou a ganhar a primeira passagem por Vieira do Minho e com 55,2 segundos de vantagem, tirou o pé do acelerador, perdendo 0,7 segundos em Amarante (em 37 km!) e 1,9 segundos em Lousada.
Contas feitas, terminou o dia com 57,5 segundos de vantagem para Dani Sordo e 1m08,6s para Thierry Neuville que, uma vez mais, foi incapaz de contrariar Dani Sordo, ganhando uma posição a Esapekka Lappi. Pierre-Louis Loubet voltou a errar e abandonou com a suspensão e a direção partidas. O seu colega na M-Sport Ford, Ott Tanak foi sendo apoquentado por pequenos problemas e acumulava atraso no quinto lugar da geral.
Cumprir calendário e ganhar a PowerStage
O derradeiro dia de prova foi um cumprir de calendário e o teste em ritmo de competição para a PowerStage, a mítica classificativa de Fafe. Rovanpera tinha a vitória no bolso, mas quis sair de Portugal com o pleno de 30 pontos (25 da vitória e 5 da powerstage). Foi por pouco, apenas 0,7 segundos, que após 11,18 km o piloto da Toyota venceu o troço na frente de Ott Tanak. O estónio deu tudo o que tinha e não tinha (leia-se Ford Puma) e quase desfeiteava o finlandês.
Kalle Rovanpera venceu o Rali de Portugal pela segunda vez consecutiva e passa a liderar o Mundial com 98 pontos, mais 17 que Ott Tanak (81) e 29 que Sebastien Ogier e Elfyn Evans (69). Thierry Neuville debateu-se com um turbo partido no Hyundai, caiu para quinto da geral e não marcou pontos na Powerstage, pelo que no Mundial é agora 5º com 68 pontos, 30 pontos de desvantagem para Rovanpera.
Gus Greensmith ganha após penalização de Oliver Solberg
O WRC2 foi ganho, in extremis, por Gus Greensmith (Skoda Fabia). O britânico foi apoquentado, uma vez mais, por furos e parecia fora de qualquer luta pela vitória. Mas foi vendo os adversários terem mais dificuldades, Yohan Rossel, líder do campeonato, a não conseguir andar tão depressa em terra com o Citroen C3 Rally2 como no asfalto e Andreas Mikkelsen a furar com o Skoda Fabia. Tudo isto colocou-o no segundo lugar do WRC2.
A vantagem de Oliver Solberg era imensa depois do filho de Peter Solberg ter feito uma exibição absolutamente extraordinária. Porém, uns piões feitos já fora da zona do troço espetáculo de Lousada, acabaram com uma penalização de 1 minuto (poderiam ter sido 5 minutos) por desrespeitar o regulamento que proíbe qualquer tipo de exibicionismo. Uma regra absurda, mas que deve ser respeitada.
Solberg encetou uma recuperação verdadeiramente impressionante, mas não consegui anular toda a diferença e acabou em segundo por 1,5 segundos. As lágrimas do jovem Solberg diziam tudo, aninhado nos braços de Greensmith que o foi reconfortar. Uma imagem forte que se juntou à imagem do abraço entre Peter Solberg e Charles Greensmith, pai de Oliver e de Fergus. Mikkelsen ficou no terceiro lugar, seguido de Yohan Rossel e Teemu Suninen.
Armindo Araújo foi pela 12ª vez o melhor português
O Rali de Portugal faz parte do Campeonato de Portugal de Ralis, mas contabiliza, apenas, a primeira etapa. Miguel Correia (Skoda Fabia), depois do abandono de Kris Meeke com a suspensão do Hyundai i20 N Rally2 partida, assenhorou-se do primeiro lugar e só de lá foi desalojado devido a um furo.
Abriu-se uma avenida para Armindo Araújo concretizar mais uma vitória, a primeira de 2023, depois do pavoroso acidente tido no Rali Serras de Fafe. A réplica de Miguel Correia foi excelente, terminado a apenas 13,9 segundos do campeão de Portugal em título. Com o abandono de Ricardo Teodósio (Hyundai i20 N), Miguel Correia lidera o Campeonato de Portugal de Ralis. Bernardo Sousa (Citroen C3) ficou no terceiro lugar.
Mantendo-se até final da prova, Armindo Araújo sagrou-se, pela 12º vez, o melhor português no Rali de Portugal 2023, na frente de Nuno Pinto. O piloto, que é o “driving coach” de Lance Stroll, piloto da Aston Martin na F1, esteve presente com o seu Citroen C3 Rally2 preparado pela Sports&You. Levava no capô centenas de nomes que quiseram contribuir para o #Projeto64 de angariação de fundos para uma causa social. No final foi feito um sorteio das luvas usadas pelo piloto e dois bonés da Aston Martin F1 Team, assinados por Fernando Alonso e Lance Stroll.