O Escape Livre tem acompanhado este caso de um stand que vendeu vários Renault Zoe com baterias alugadas, obrigando a Renault a bloquear as baterias dos seus clientes, pois vendeu várias unidades omitindo que as baterias eram alugadas. A E-Drive comercializava estas viaturas a preços mais baixos que a concorrência, exatamente porque os mil a três mil euros poupados diziam respeito às baterias alugadas. A Renault exerceu os seus direitos, entrou com um processo judicial e, agora, Alberto Ramalho, 62 anos, foi detido pela Polícia Judiciária.
Mais de uma centena de consumidores compraram à E-Drive, sedeada em Vila do Conde, viaturas elétricas a preços inferiores entre mil e três mil euros à concorrência. O modelo em causa é o Renault Zoe que foi vendido, usado, como tendo baterias próprias quando, na realidade, todos tinham baterias alugadas. As faturas tinham bem explícita “viatura sem aluguer de bateria”.
Ora, a Mobilize Portugal, empresa financeira da Renault entre nós, recebeu a indicação de vários modelos vendidos em território luso com contrato de aluguer de bateria. Ora, perante o incumprimento, as baterias foram bloqueadas, não pela Mobilize Portugal, mas pelas empresas dos países lesados. Tudo porque esses contratos foram celebrados com a Mobilize desses países e não em Portugal.
Renault desbloqueia baterias mas avança com processo
Os burlados contactaram a E-Drive, com o seu responsável, Alberto Ramalho a dizer ao Jornal de Notícias que os contratos celebrados no país de origem eram extintos com a exportação. A Renault, em Portugal, acertou termos com as filiais dos países onde os modelos foram adquiridos, desbloqueou alguns modelos depois de pedidos dos burlados e de várias queixas no Portal da Queixa e ações na justiça.
Aliás, o Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa tomou uma decisão que obrigava a Renault a desbloquear as baterias. Mas esse passo já tinha sido dado pela Renault como noticiámos aqui.
Entretanto, a Polícia Judiciária entrou em campo e investigou as denúncias de burla contra a E-Drive, estando a decorrer um processo instaurado pela Renault.
Soube-se, depois, que foi uma empresa importadora, chamada Famaburgo, quem vendeu os carros à E-Drive. Curiosamente, com a mesma sede fiscal a servir as duas empresas.
As investigações da Polícia Judiciária (PJ) desenvolveram-se e acabou com a detenção do comerciante de automóveis de 62 anos sob suspeita de burla qualificada. Foram efetuadas buscas nos espaços de venda do detido, onde foram vendidos, diz a PJ, eram vendidos “carros com baterias alugadas, mas eram vendidos sem que os adquirentes tivessem sido informados que as referidas baterias não integravam as viaturas.”
Foram apreendidas oito viaturas e, ainda, vária documentação contratual e financeira e ficheiros informáticos, considerados relevantes para a investigação.
Seguem-se os tramites legais como arguido e devendo ser aplicadas as medidas de coação que o juiz entender. Ficará por resolver o litígio dos valores a serem pagos e que, no caso de alguns lesados, oscilam entre os seis e os oito mil euros.