Futuro da mobilidade em discussão com a Soc. Com. C. Santos

O Futuro da Mobilidade esteve em discussão durante as “SocTalks”. Série de conferências promovidas pela Sociedade Comercial C. Santos.

O Futuro da Mobilidade esteve em discussão durante as “SocTalks”. Série de conferências promovidas pela Sociedade Comercial C. Santos, abordam diversos temas ligados ao automóvel. Com o propósito de abordar o tema “Impacto da Eletrificação no automóvel e mobilidade”, esta conferência foi realizada no âmbito do Salão Automóvel Híbrido e Elétrico 2023. Esta “SocTalks” chegou a uma conclusão: a mobilidade será tão mais eficiente e sustentável quanto mais complementares forem transporte individual e público.

Presentes nesta iniciativa da Sociedade Comercial C. Santos estiveram Rodrigo Ferreira da Silva, Carlos Ferraz, João Moreira e Álvaro Costa. O primeiro é presidente da ARAN (Associação Nacional do Ramo Automóvel) e vice-presidente do CECRA (Conselho Europeu do Comércio e da Reparação Automóvel). O segundo é diretor de mobilidade elétrica da Prio e o terceiro é gestor de frotas da Living Tours. Finalmente, o quarto participante é especialista em mobilidade da FEUP (Faculdade de Engenharia da Faculdade do Porto).

Futuro da Mobilidad

Futuro da mobilidade passa pela complementaridade

Em síntese, a conclusão geral é que a eletrificação ainda tem um caminho a fazer e que o carregamento doméstico e rede pública são temas essenciais. Por outro lado, a principal conclusão é que a mobilidade será mais eficiente e sustentável se transporte individual e público forem considerados complementares e não antagónicos.

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Rodrigo Ferreira da Silva presidente da ARAN (Associação Nacional do Ramo Automóvel) e vice-presidente do CECRA (Conselho Europeu do Comércio e da Reparação Automóvel).

“Agora, pode ser quanto mais complementar quanto maior for a oferta de qualidade e fiabilidade do transporte público. E todas as estratégias devem procurar essa complementaridade. Com certeza que ao longo dos próximos anos o crescimento das populações urbanas irá levar a que a necessidade de automóvel seja menor.” Palavras de Rodrigo Ferreira da Silva que, acrescentou “com grande parte das pessoas a viverem em apartamentos, a questão do carregamento é essencial. Mas há que esperar, até pelas políticas das cidades em relação à entrada dos automóveis no perímetro urbano. Mas, repito, o transporte individual e o coletivo não têm de ser antagónicos, mas antes complementares, sendo, também, importante, que haja investimento na renovação do parque de pesados de passageiros.”

Nessa medida, para essa complementaridade é importante, também, a existência de estruturas como parques de estacionamento à entrada dos centros das cidades, assim como cuidados relacionados com a urbanização e as frotas de autocarros.

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Álvaro Costa, especialista em mobilidade da FEUP (Faculdade de Engenharia da Faculdade do Porto).

Divisionismo é obstáculo à solução de problemas

De acordo com Álvaro Costa, o problema maior reside no divisionismo. Para um dos maiores especialistas em mobilidade do país, “o problema é um pouco esse: as pessoas ou assentam no transporte individual porque querem usá-lo ou pensam que o transporte público é a solução para todas as necessidades. O transporte público é a solução para espaços de congestionamento, mas em todo o interior é impossível viabilizar a mobilidade das pessoas pelo transporte público.”

Por outro lado, este especialista em mobilidade sustenta que “o problema é que em Portugal a mobilidade individual é muito cara, o que faz com que os territórios em que a mobilidade mais racional deveria ser o transporte individual percam competitividade, dado que é muito caro andar de carro para a maior parte das famílias.” Por outro lado, Portugal tem um sistema “desadequado de toda a taxação, o que faz com que as opções de mobilidade também sejam desadequadas e haja desequilíbrios na forma como nós nos movimentamos”.

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Carlos Ferraz, diretor de mobilidade elétrica da Prio

Universalidade de carregamento é processo em curso

Antes de tudo, o diretor da mobilidade elétrica da Prio avisa que “estamos a falar de um processo” que ainda vai demorar anos. “São cinco milhões de veículos a combustão a circular em Portugal e se dividirmos esses cinco milhões pelas cerca de 200 mil unidade de automóveis novos que são vendidas todos os anos, temos 25 anos para a renovação – isto partindo do princípio de que seriam todas eletrificadas essas viaturas, o que aumenta a gradualidade”.

Carlos Ferraz avisa que “a utilização de um veículo elétrico é muito diferente da de um a combustão. O veículo elétrico obriga a mudanças na forma de conduzir e de ’reabastecer’. O que se deve fazer é aproveitar as situações em que o veículo está parado para recarregar. Isso é uma mudança de mentalidade”. Em suma, “temos de ter alguma paciência” como diz Carlos Ferraz.

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Futuro da mobilidade: incentivos a menos e portagens a mais

Por outro lado, Portugal tem um problema grave de taxação das estradas. Essa é a convicção de Álvaro Costa que vê. aqui, um, entreve ao Futuro da mobilidade. O docente da FEUP defende que é um erro “as circulares externas serem mais caras do que as internas (aqui no Porto a VCI nem se paga) e as radiais não se pagam. Deveríamos inverter a forma para gerir o congestionamento”.

Já o diretor da mobilidade elétrica da Prio lembra que o preço dos veículos ainda é um obstáculo à aquisição pelas famílias. E que no que toca ao carregamento em casa os 54% de famílias que têm acesso a garagem (contra 80% na Noruega, por exemplo) é outro desafio. Mas não o único. “A possibilidade de termos nos nossos edifícios um carregador para um carro é perfeitamente possível. Se quisermos colocar lá 10 carros a carregar, na generalidade dos edifícios é impossível. Também aí é preciso avançar. As comunidades de energia, serão uma ajuda. Quando pudermos ter produção de energia renovável descentralizada nos edifícios empresariais e habitacionais. Assim como os carros, que poderão fazer parte do ecossistema, com reintrodução de energia na rede. Temos de trabalhar todos em conjunto.”