Kalle Rovanpera é bicampeão do Mundo de Ralis

Com apenas 23 anos, Kalle Rovanpera é bicampeão do Mundo de Ralis depois de um Rali Centro da Europa onde o sentido tático dominou.

Com apenas 23 anos, Kalle Rovanpera é bicampeão do mundo de Ralis. O finlandês mostrou uma face que alguns não gostam, mas que é reveladora do seu sentimento. Trocou a vitória na estreia do Rali Centro da Europa pelo título. E pensar que Sebastien Loeb (9 títulos consecutivos) e Sebastien Ogier (8 títulos) conquistaram o seu primeiro título mundial com 30 anos… Andreas Mikkelsen ganhou o título do WRC2. Thierry Neuville ficou com a vitória.

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Kalle Rovanpera é bicampeão do Mundo de Ralis! O piloto da Toyota junta-se a uma galeria restrita de pilotos com dois títulos conquistados na carreira. Por outro lado, bate mais um recorde ao ser o mais jovem piloto de sempre a conquistar o bicampeonato com apenas 23 anos. De acordo com as estatísticas, esse recorde pertencia a Juha Kankkunen que venceu os mundiais de 1986 e 1987 com 28 anos. Apesar do seu número inusitado de títulos, Loeb e Ogier só começaram a ganhar com 30 anos.

Kalle Rovanpera é bicampeão do Mundo

Nesse sentido, com dois títulos consecutivos registados, estão Juha Kankkunen (1986 e 87), Massimo Biasion (1988 e 89), Tommi Makinen (1997 e 98), Loeb (2004 e 05) e Ogier (2013 e 14). Com dois títulos na carreira, além de Massimo BIasion temos Marcus Gronholm (2000 e 2002), Walter Rohrl (1908 e 1982) e Carlos Sainz (1990 e 1992).

Sob o mesmo ponto de vista, o piloto finlandês esteve irrepreensível ao longo de um rali que se afigurava duro e que se complicou, e de que maneira, com a chuva frio e percursos noturnos. Poderia ter ganho, mas deu prioridade ao título.

O Escape Livre já aqui tinha prestado uma espécie de homenagem com um especial com TUDO sobre o mais jovem campeão, agora bicampeão, do Mundial de Ralis!

BANNER Especial Kalle Rovanpera

Um rali, três países

O Rali do Centro da Europa uniu três países: Alemanha, Áustria e República Checa. Com o intuito de oferecer uma prova radicalmente diferente, a organização prometeu muitas diferenças a cada dia.

O pesadelo logístico foi bem resolvido, mas houve queixas pelas longas ligações, pelos problemas com as autoridades alemãs que obrigaram ao abandono de alguns pilotos do WRC2 (entre eles o campeão do Mundo WRC3, Roope Kohronen) e houve problemas com os espetadores. Especialmente na parte realizada na República Checa. Seja como for, a organização esteve em bom plano e acabou tudo por correr da melhor maneira.

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Gregoire Munster, Ford Puma Hybrid R1

A fim de ter uma partida num lado e chegada noutro, a prova começou em Praga com uma especial num hipódromo ganha por Ott Tanak. O segundo troço de quinta-feira foi ganho por Neuville que assumiu a liderança da prova.

Neuville ganha rali, Rovanpera o título

Aproveitando ser o primeiro na estrada, Kalle Rovanpera tratou de deixar a concorrência longe. Menos lama foi sinónimo de bons tempos e contas feitas ao final do segundo dia de prova, o finlandês tinha uma que lhe permitia encarar os dois dias seguintes em modo de gestão.

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Entretanto, Esapekka Lappi, o único que estava a igualar o andamento do seu compatriota, voltou a sair de estrada e destruiu mais um Hyundai i20N Rally1. Também Pierre Louis Loubet já tinha feito das suas na estreia de Benjamin Veillas, ex-navegador de Sebastien Ogier.

O terceiro dia de prova trouxe a incerteza que faz os ralis serem tão apaixonantes: Rovanpera cometeu um raro erro numa travagem e saiu de estrada e perdeu duas mãos cheias de segundos. A sua maestria e sangue-frio permitiram encontrar um espaço entre árvores, evitando desconjuntar o Yaris GR.

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Pierre-Louis Loubet, Ford Puma Hybrid R1

Com o tempo perdido, ficou à mercê de Thierry Neuville e, sobretudo, de Elfyn Evans, o seu único rival na luta pelo título. Porém, o piloto galês foi surpreendido numa curva pelas condições escorregadias e atirou com o Toyota e com as esperanças do título contra a porta de um celeiro. Era o abandono e a certeza que pontos desta prova, só na “Powerstage”.

Mal percebeu que o seu único rival na luta pelo título tinha ficado de fora, Rovanpera levantou imediatamente o pé e deu a vitória no rali a Neuville. Assim, Kalle Rovanpera é bicampeão do Mundo de Ralis.

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Elfyn Evans, Toyota GR Yaris R1

Uma mentalidade diferente

Com toda a certeza, Rovanpera escolheu o título e não a vitória na prova. O finlandês quer ganhar, claro, mas ficou claro que a sua prioridade são os títulos. Pode suceder algum cansaço mental no futuro, mas com 23 anos pode igualar o recorde de Loeb, justamente, com a idade com que o francês recolheu o seu primeiro título.

Ott Tanak conheceu alguns problemas técnicos e já desligou a ficha a pensar na pré-epoca com a Hyundai e no Monte Carlo que chega já em janeiro. Que fará na companhia de Neuville e de outro piloto que, por enquanto, não se sabe quem será. Acabou o rali na terceira posição.

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Ott Tänak, Ford Puma Hybrid R1

Sebastien Ogier estava zangado no segundo dia de prova, depois de mais um furo. Admitiu que não se sentia bem e esteve quase, quase, a entregar a carta de controlo. Mas percebe-se que estamos perante um Ogier diferente. Não lutando por títulos, apenas por vitórias, quando fica afastado do objetivo, desliga e tornar-se um piloto banal.

O tempo perdido na sexta-feira despertou-o e no sábado esteve de regresso o oito vezes campeão do mundo. Que poderia ter chegada ao pódio se não desligasse na sexta-feira, aproveitando o deslize de Tanak num dos troços noturnos.

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Sebastien Ogier, Toyota GR Yaris R1

Andreas Mikkelsen vence no WRC2

O piloto da Skoda, perdão, Toksport, ganhou vida nova com a saída de Emil Lindholm para a Hyundai. Mikkelsen, campeão do Mundo WRC2 em 2021 recuperou o cetro de uma forma dramática. Primeiro foi Yohan Rossel quem atirou com o Citroen C3 Rally2 para fora de estrada, terminando ali a sua prova. Depois, Gus Greensmith teve um furo e problemas com a afinação do carro.

Andreas Mikkelsen, Skoda Fabia RS R2

Parecia tudo sorrir a Mikkelsen quando uma zona enlameada o apanhou e foi direitinho a uma arvore. Perdeu tempo para regressar à estrada e teve de se arrastar até final do troço com o carro meio destruido. Uma sessão de mecânica permitiu chegar ao final do dia. Mas perdeu mais de 12 minutos.

Ficou tudo para decidir na “powerstage”. Greensmith estava a fazer a derradeira prova de 2023, Mikkelsen ainda vai ao Japão. Mas este queria resolver tudo, mas foi vendo a subida na classificação do seu adversário. O quarto lugar obrigava-o a vencer o derradeiro troço e conquistar três pontos. Sagrar-se-ia campeão desde que Gus Greensmith não pontuasse.  

Gus Greensmith, Skoda Fabia RS R2

O britânico fez um pião e ficou fora dos três mais rápidos, Mikkelsen fez “all in” e ganhou os três vitais pontos que lhe deram o título de 2023 no WRC2.

A vitória na categoria sorriu a Adrien Fourmaux, que voou com o Ford Fiesta R2, depois de um furo o ter atrasado. Uma prova excelente que antecedeu o seu regresso ao Puma R1 no lugar de Pierre Louis Loubet no rali do Japão. Na classificação do WRC2 Mundial (Fourmaux não pontuou) estreou-se a vencer Nicolas Ciamin.

Adrien Fourmaux, Ford Fiesta R2