Ott Tanak venceu o Rali do Chile com uma exibição de luxo ao volante de um Ford Puma Hybrid que, desta feita, não lhe deu dores de cabeça. A prova chilena regressou ao Mundial depois da estreia em 2019 e duas edições canceladas devido à pandemia. E provou que é dos ralis mais difíceis devido ao piso muito abrasivo e pela mudança de data. Realizado na Primavera ao invés do Inverno, a chuva esteve ausente. Assim, os pisos não se degradaram e a sua aspereza derreteu os pneus macios que a Pirelli, erradamente, elegeu como principais.
Ott Tanak venceu pela segunda vez consecutiva o Rali do Chile, depois de uma prova muito conturbada e com erros que custaram caro. O maior deles cometeu-o a Toyota: numa ronda onde se exigia os pneus Pirelli duros, a equipa técnica liderada por Tom Fowler decidiu colocar pneus duros nos três Toyota. Resultado? Apenas Rovanpera evitou chegar furado no fim do último troço da ronda matinal de sábado, depois de ter reduzido drasticamente o ritmo. Evans acabou como o caranguejo com dois furos no eixo traseiro e Katsuta também perdeu muito tempo com um furo.
Ott Tanak venceu Rali do Chile na escolha de pneus
Em contraste com a escolha da Toyota, Ott Tanak levou pneus duros e jogando com a sua posição na estrada, esticou a vantagem até perto de um minuto. O rali acabou no sábado com o piloto da M-Sport destacado na frente de dois Hyundai e dos Toyota, a ocuparem os quarto, quinto e sexto lugares, unidos na desgraça da escolha de pneus.
Ao optar por levar alguns pneus macios, a Hyundai arriscou e colheu frutos, passando Thierry Neuville para o terceiro lugar. Dessa maneira, era uma bênção para a Hyundai o duplo pódio – impedia a Toyota de se sagrar, já, campeã de construtores – mas, também, uma maldição.
Em primeiro lugar, Neuville queria o segundo lugar de Suninen. Em segundo lugar, Suninen queria igualar o seu melhor resultado no WRC depois de apenas três provas com um Rally1.
Hyundai perde título para a Toyota
Com toda a certeza, Cyril Abitboul não deu ordens aos pilotos. Mas deveria ter feito e não deixar no ar que deveriam manter as posições. Confirmação da liderança em todos os aspetos de Neuville, depois de Abitboul ter dito que “ser segundo ou terceiro era pouco importante olhando ao resultado global para a equipa.”
A verdade é que Teemu Suninen cedeu, acertou em cheio, com muito azar (menos 10 cm e passava 0sem problemas), numa raiz de uma árvore, partiu a direção e abandonou a prova na penúltima classificativa do rali. Esapekka Lappi já tinha deixado o rali logo no primeiro troço destruindo o Hyundai.
Thierry Neuville ficava com o segundo lugar, mas a Hyundai assistiu cabisbaixa e de lágrimas nos olhos ao terceiro título consecutivo da Toyota nos construtores.
Na M-Sport, muitos problemas na estreia de Gregoire Munster ao volante do Ford Puma Hybrid de Jourdain Serderidis e de Albert Heller, piloto chileno. Os dois Puma mostraram os problemas de sempre. Quanto a Pierre-Louis Loubet, era quarto quando saiu, violentamente, de estrada ainda na primeira etapa.
Título de Pilotos por decidir no WRC
Por certo que o título de construtores conquistado no Chile não apaga a imagem de alguma aselhice da Toyota. Pode Tom Fowler dizer que escolheram os pneus segundo o mesmo processo em todos os ralis e que pode ter sido a inserção de dados a levar ao erro. Mas, caramba, não era evidente que o piso da segunda etapa era uma lixa grão 100? Um verdadeiro ralador de pneus?!
Uma virtude teve este erro da Toyota: nivelou a luta pelo título de pilotos que se prolongará, pelo menos, até ao Rali da Europa Central. Elfyn Evans salvou um pódio na frente de Rovanpera e ainda recolheu quatro pontos na Powerstage.
A vitória, sem surpresa, do campeão do mundo na Powerstage mitigou o ganho de pontos. Desse modo, Kalle Rovanpera vai para a prova disputada na Alemanha, Áustria e República Checa com 33 pontos de vantagem para Elfyn Evans. Estão 60 pontos em disputa.
E também tudo por decidir no WRC2
Por outro lado, no WRC2, vitória de Pirro para Oliver Solberg. O piloto sueco não está na luta pelo título e “ajudou” Andreas Mikkelsen. O norueguês ficou em casa e viu a sua candidatura ao título reforçada. Em primeiro lugar porque Gus Greensmith não conseguiu ganhar. Em segundo lugar, porque Yohan Rossell ficou fora do pódio e dos pontos da Powerstage. Contas feitas, lidera Mikkelsen com 4 pontos de vantagem para Rossel e 9 pontos para Greensmith. O norueguês tem, ainda, duas provas para fazer, os adversários apenas uma.
Classificação final
- Ott Tanak/Martin Jarveoja (Ford Puma Rally1), 3h06m38,1s;
- Thierry Neuville/Martijn Wydaeghe (Hyundai i20 N Rally 1), a 42,1s;
- Elfyn Evans/Scott Martin (Toyota GR Yaris Rally1), a 1m06,9s;
- Kalle Rovanpera/Jonne Halttunen (Toyota GR Yaris Rally1), a 2m11,0s;
- Takamoto Katsuta/Aaron Johnston (Toyota GR Yaris Rally1), a 4m41,5s;
- Oliver Solberg/Elliot Edmondson (Skoda Fabia RS Rally2), a 8m18,5s (1º WRC2).
Classificação do Mundial de Pilotos
- Kalle Rovanpera, 217 pontos;
- Elfyn Evans, 186 pts;
- Thierry Neuville, 155 pts;
- Ott Tanak, 146 pts;
- Sebastien Ogier, 99 pts; Classificados 24 pilotos
Classificação Mundial de Construtores
- Toyota Gazoo Racing World Rally Team, 466 pontos (Campeã do Mundo de Construtores 2023);
- Hyundai Shell Mobis World Rally Team, 360 pts;
- M-Sport Ford, 247 pts.