O Parlamento Europeu aceitou nova versão da norma Euro7, menos exigente e mais “amiga” dos construtores. Com o intuito de evitar custos elevados para a indústria automóvel – já mergulhada numa despesa gigante com os EV – a Comissão Europeia voltou atrás. E o Parlamento aceitou que a norma Euro 7 seja menos agressiva. Na realidade, ficou quase tudo na mesma. Mas há diferenças que vamos explicar.
Em primeiro lugar, ainda falta a votação final que só acontecerá no início de 2024. Quer isto dizer que há acordo dentro da União Europeia, mas nada está, ainda, ratificado. Em segundo lugar, este é um dos volte face que a indústria automóvel e a ACEA (Associação Europeia de Construtores Automóveis) esperam que aconteçam até à implementação total dos veículos 100% elétricos. Finalmente, é um passo atrás – na perspetiva dos grupos ambientalistas – na luta contra as alterações climáticas.
Parlamento Europeu aceitou nova versão Euro 7
Assim sendo, o que muda afinal? Na verdade, não muda nada. Ou seja, o Euro 7 manteve os limites do Euro 6 para as emissões de partículas, CO2 e NOx. Estes são considerados os maiores contribuintes para milhares de mortes anualmente.
Em suma, a versão final aprovada no Parlamento Europeu mantém os limites do Euro 6 até 1 de julho de 2030 para veículos ligeiros de passageiros e comerciais ligeiros. Estas regras serão mantidas para os veículos pesados de mercadorias e passageiros até 1 de julho de 2031.
Em contraste com esta redação, a proposta inicial do Euro 7 incluía limites muito mais severos para as emissões e tinha como validade os anos de 2025 (ligeiros) e 2027 (pesados).
Grupos ambientais estão contra
Esta regulamentação tem sido uma dor de cabeça. Em primeiro lugar porque grupos que representam preocupações ambientalistas, fornecedores de peças como catalisadores e filtros de partículas e cidade europeias, queriam uma norma Euro 7 mais restritiva. O argumento? Necessidade de proteger a saúde pública, tendo em conta que os carros vendidos agora vão permanecer nas estradas durante décadas.
Em segundo lugar, a associação que representa os construtores (ACEA) sempre se opôs a esta norma mais restritiva. O argumento? Os custos de implementação de uma regulamentação tão severa seria uma distração e menor investimento no desenvolvimento dos modelos zero emissões. Por outro lado, seria a sentença de morte dos segmentos A e B, ainda com peso nas vendas no Velho Continente.
A quadratura do círculo à europeia
Alexandr Vondra, membro do Parlamento Europeu vindo da República Checa e responsável pela pasta do Euro 7, fez uma declaração. “Com o fim de encontrar um equilíbrio entre os objetivos ambientais e os vitais interesses dos construtores, penso que tomamos a melhor decisão. Seria contraproducente implementar políticas ambientais que fossem prejudiciais tanto para os cidadãos como para a indústria.”
Enfim, foi desenhada a quadratura do círculo com (quase) todas as sensibilidades envolvidas não totalmente satisfeitas. Recordamos que apesar de se manterem os limites do Euro 6 para os ligeiros, os pesados vão ter limites mais apertados. Por outro lado, pela primeira vez, vão existir limites para as emissões de partículas de pneus e travões.
Com o intuito de haver um consenso final, Parlamento Europeu, Comissão Europeia e Conselho Europeu vão redigir a proposta final que deverá ser proposta a votação final no início de 2024.
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Medidas propostas para o Euro 7
Por outro lado, haverá novidades no documento final. Em primeiro lugar, devido à forma como tudo é feito na União Europeia, todos os modelos existentes e a lançar terão de ser certificados novamente. Um custo que será bem menor face aos sistemas de controlo de emissões para o Euro 7 que iriam onerar em 300 euros cada veículo.
Em segundo lugar, é proposto um passaporte ambiental que terá de exibir informações sobre o consumo de combustível, o estado da bateria (caso tenha), os limites de emissões e os resultados das IPO.
Finalmente, o tempo de vida útil dos sistemas de controlo de emissões terá de ser alargado. Fora destas regras estão os fabricantes de pequeno volume que terão as suas próprias regras. Tudo para ser ratificado no início de 2024.