Serão os e-fuel uma falácia? Esta pergunta surgiu depois do “think tank” Transport & Environment ter dito que os combustíveis sintéticos poluem até cinco vezes mais que um veículo elétrico. No momento em que esta declaração surgiu, muitos dos investidores nesta via para manter os motores de combustão interna em atividade para lá de 2035 tremeram. Parece que, afinal, os e-fuel são uma falácia, pois, não são 100% neutros em termos de emissões.
Provavelmente falar de falácia será um pequeno exagero. Porém, a verdade é que os esforços de empresas ligadas ao petróleo e alguns construtores podem ser debalde. Em outras palavras, os e-fuel podem não ter a capacidade de prolongar a vida dos motores de combustão interna.
Afinal, o que são combustíveis sintéticos?
O que são combustíveis sintéticos? Esta é a pergunta que se coloca neste momento em toda a europa, e nós explicamos tudo!
Serão os e-fuel 100% neutros?
O demónio está nos detalhes. E o esforço que o lóbi da indústria tem vindo a fazer para aprovar legislação que permita usar os combustíveis sintéticos a partir de 70% de neutralidade ambiental face á gasolina e gasóleo, deixou suspeitas.
Em primeiro lugar, a regra da União Europeia diz que apenas os e-fuel que sejam 100% neutros em carbono podem ser usados publicamente. Em segundo lugar, esta neutralidade tem de incluir a produção e distribuição.
No entanto, a realidade é diferente do que vinha sendo apregoado e nenhum dos produtores conseguiu, até agora, baixar dos 70% de neutralidade carbónica. Todas as vezes que os envolvidos no desenvolvimento de e-fuels clamam que a tecnologia pode ser quase tão ecológica como a solução elétrica… não dizem toda a verdade!
Sem 100% de neutralidade, e-fuels poluem mais
Com efeito, segundo a Transport & Environement, se a indústria ligada ao petróleo conseguir aliviar a regra europeia para os 70% de neutralidade carbónica, os e-fuels vão emitir cinco vezes mais que um veículo elétrico.
Nesse sentido, dito assim, parece que os e-fuel são uma enorme falácia. Bom, não é bem assim! Tomemos como exemplo um automóvel com motor de combustão interna alimentado a gasolina convencional. Admitindo que emita 200 g/km de CO2, o mesmo carro com um combustível sintético consegue ser menos poluente 70’%. Ou seja, emitirá cerca de 61 g/km de CO2. Um ganho sensível sem utilização de hibridização.
Porém, se olharmos e entendermos estar o copo meio vazio, face a um veículo 100% elétrico, que emite 13 g/km de CO2 – sim, um 100% elétrico produz CO2, não sabia? – o e-fuel não é grande vantagem. Se quiser ver o copo meio cheio, é uma enorme vantagem face ao combustível convencional.
Ambientalistas não querem regras aliviadas
Perante este cenário onde todos acabam por ter a sua razão, os ambientalistas estão numa “guerra” com o lóbi petrolífero. Com toda a certeza, quem está a produzir os e-fuels quer que a União Europeia alivie as regras e passe de 100 para 70% a percentagem de neutralidade carbónica. Assim como os ambientalistas quem que se mantenham os 100% de neutralidade, esgrimindo um argumento forte: as emissões poluentes não se limitam ao CO2. E quais são as emissões de NO2 e NOx, ambos elementos cancerígenos?
Por vezes há a necessidade de parar e pensar, seriamente, sobre os assuntos. Com toda a certeza será isto que a Comissão Europeia irá fazer. E decidir se, como exige o lóbi ambientalista, os e-fuels são considerados, ou não, combustíveis livres de emissões.