Vendas de veículos elétricos (EV) desaceleram na Europa !

Os juros elevados, os preços altos e o esgotar do segmento de consumidores com poder de compra, estão a abrandar o mercado europeu de veículos 100% elétricos.

Os juros elevados, os preços altos e o esgotar do segmento de consumidores com poder de compra, estão a abrandar o mercado europeu de veículos 100% elétricos. As vendas de EV desaceleram na Europa e isso são péssimas notícias para os construtores. O grosso dos consumidores europeus está à espera de que cheguem automóveis elétricos melhores e, sobretudo, mais baratos.

Não era nada disto que os políticos e, sobretudo, a indústria esperava. Após anos de aceleração das vendas de veículos elétricos, eis que o mercado entrou numa zona de Bandeira Amarela de estagnação. O que não parece fazer sentido quando os relatórios dizem que as vendas de veículos 100% elétricos aumentou 47% nos primeiros nove meses.

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Vendas de EV desaceleram

Esta notícia não deixou ninguém eufórico, pois as encomendas em alguns dos construtores representem metade daquilo que eram há um ano. Em primeiro lugar devido às elevadas taxas de juro. Em segundo lugar, um mercado com veículos demasiado caros, têm afastado os clientes. Finalmente, a espera pelos modelos mais eficientes e mais baratos que se perfilam no horizonte, levam a esta desaceleração.

Por outro lado, como o Escape Livre já sinalizou, o mercado das empresas – as grandes beneficiadas das ofertas fiscais dos governos – e dos particulares com capacidade de compra está a caminho da saturação e a penetração nos segmentos inferiores afigura-se difícil.

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Incerteza e ambiente económico não ajudam

Com toda a certeza, o maior problema é a incerteza. A maioria tem a perceção, infundida pelos construtores, que a tecnologia vai melhorar. Por essa razão, entendem que esperar três anos pela próxima geração de modelos 100% elétricos é melhor.  Do que ir a correr comprar um automóvel que é caro e, ainda por cima, perde mais valor residual que um veículo convencional.

Segundo alguns observadores do mercado e agências ligadas às vendas, dizem que os modelos elétricos continuam 33% mais caros que os veículos com motor de combustão interna.

TESLA MODEL Y

Porém, o pior problema reside no facto dos modelos que estão na calha para sair, não devem chegar ao mercado antes de 2025. Com o ataque chinês ao mercado do Velho Continente, 2025 poderá ser demasiado tarde.

Infelizmente, para a maioria, o desejo de fazer bem está a ser cerceado. Poderá alguém querer fazer as coisas certas para ajudar o ambiente, mas a necessidade de ter de fazer um investimento demasiado elevado. Ou seja, acaba por empurrar os consumidores para modelos convencionais ou híbridos.

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Círculo vicioso e não virtuoso

A desaceleração sentida em setembro, os comentários sombrios dos construtores e o arrefecimento do interesse dos consumidores parece indicar que a era do baixo crescimento está a chegar.

Por outro lado, construtores há que estão a adiar novos projetos porque os custos estão elevados, estão a perder dinheiro em cada carro vendido e com a fraca procura, precisam de equilibrar as contas. Um círculo vicioso e não virtuoso que não se vai desfazer até que algo mude nos preços.

Há dados que dizem que as intenções de compra se mantêm constantes no Velho Continente e as vendas crescem, mas o número de pessoas que desejam comprar um veículo elétrico não está a crescer.

Por outro lado, o aumento de vendas pode estar ligado à satisfação das encomendas estranguladas pelos condicionalismos das cadeiras de abastecimento e não por crescimento da procura. Por estas razões, há quem diga que entre 2024 e 2027 vamos atravessar o pior momento da mobilidade elétrica. Com baixos valores residuais, elevada oferta e pouca procura.