A edição 2024 do Dakar chegou a meio e depois de uma etapa inédita com 48 horas e 549 km de prova especial de classificação, a Audi assumiu o controlo da prova. Carlos Sainz prova à saciedade que “velhos são so trapos” e aos 61 anos lidera, confortavelmente, uma prova que já venceu por três vezes (2010, VW Touareg, 2018, Peugeot 3008 DKR e 2020, Mini JCW Buggy).
Nas motos está na frente a Honda com Ricky Brabec, ao passo que nos camiões, com a ausência da Kamaz, lidera a Iveco com Martin Macik.
A primeira semana do Dakar 2024 ficou marcada pela luta entre a Audi e a Prodrive e pelos muitos abandonos. Com toda a certeza aquele que mais nos tocou foi o de Joaquim Rodrigues. Em primeiro lugar, o cunhado de Paulo Gonçalves queria fazer uma excelente prova para homenagear o excelente piloto falecido na prova em 2020. Em segundo lugar, uma queda anterior ao evento deixou-o algo limitado. Finalmente, uma queda logo na primeira etapa colocou-o fora da corrida demasiado cedo.
Entre os portugueses, mais alguns já abandonaram a prova. Só para ilustrar, Gonçalo Reis, navegador de Pau Navarro (Mini JCW Buggy) já veio para casa, o mesmo acontecendo ao alemão radicado em Portugal Sebastien Buhler (Hero). Enfim, uma prova que se revelou, até agora, muito dura.
Contenda nivelada entre os candidatos à vitória
Com toda a certeza que os concorrentes ao Dakar 2024 encaram a chegada do dia de descanso como uma bênção. David Castera, o responsável pela prova, tinha avisado que a edição deste ano seria dura e complicada. E foi exatamente isso que sucedeu.
Porém, há outras razões que levam a termos um Dakar 2024 muito mais disputado. Em primeiro lugar, as mudanças introduzidas no percurso e a estreia de uma especial inédita de 48 horas. Em segundo lugar, a saída de Nasser Al-Attiyah da equipa oficial da Toyota equilibrou o nível das forças em presença. Finalmente, o aparecimento de uma Audi muito mais fiável e com o objetivo, claro, de ganhar naquela que será a sua derradeira participação.
Com o vencedor das duas últimas edições a abandonar a Toyota Hilux T1+ para se juntar ao projeto da Dacia juntamente com Sebastien Loeb, o piloto do Qatar teve de encontrar um carro para 2024. Em virtude de não existirem muitas opções, a Prodrive acolheu o piloto árabe. Afinal, a Prodrive, Nasser Al-Attiyah e Sebastien Loeb vão estar juntos a partir de 2025.
Por outro lado, a Toyota não conseguiu pilotos de topo para este Dakar 2024 e foi à luta com o norte americano Seth Quintero (rápido mas jovem irreverente) e Lucas Moraes, o que acabou por arredar a casa japonesa dos primeiros lugares. Já na Audi, tudo igual com Sainz, Peterhansel e Ekstrom.
Nas motos, KTM e Honda lutaram pela primeira posição com a Hero à espreita. Juan Barreda Bort trocou a Honda pela Hero, onde já estava Ross Branch. Na KTM, o arranque foi com o pé esquerdo, pois Mathias Walkner teve de renunciar ao Dakar antes de começar devido a uma queda que lhe partiu uma perna. Ficaram Kevin Benavides e Toby Price. Finamente, na Honda, Pablo Quintanilla, Ricky Brabec, Skyler Howes, Adrien Van Beveren e Tosha Schareina, estão na prova às ordens de Ruben Faria, o ex-piloto português que lidera a formação de Hamamatsu.
Dakar 2024 com Audi na frente
A Audi tem estado, consistentemente, entre os primeiros. A formação alemã surgiu com os RS Q e-tron E2 muito mais fiáveis e com o claro objetivo de conquistar a vitória na derradeira tentativa. Stephane Peterhansel acabou por ser apoquentado por problemas mecânicos e já a mais de três horas da liderança, com toda a certeza está arredado da luta por aquela que seria a 15ª vitória no Dakar.
Por outro lado, Mattias Ekstrom tem estado em excelente nível e após uma vitória num dos primeiros dias de prova, está, agora no segundo lugar da geral atrás do piloto que, uma vez mais, não para de surpreender.
Com toda a certeza, Carlos Sainz, aos 61 anos, mostrou ser um excelente estratega. Reservou-se ao longo das primeiras cinco etapas e na novidade da etapa maratona, desferiu um golpe que não teve resposta dos adversários. O espanhol chegou a estar na frente da prova e nunca se mostrou incomodado com o andamento de Yazeed Al-Rajhi (Toyota Hilux) e de Nasser Al-Attiyah.
Toyota perdeu Al-Rahji
Logo depois da entrada na especial de 48 horas – que viu os pilotos terem de dormir em tendas num dos seis pontos de acampamento disponíveis e sem assistência ao longo dos 549 km de especial – tudo se precipitou. Al-Rajhi capotou a Hilux e ficou fora de prova e Al-Attiyah perdeu mais de 2h40m para o primeiro.
Perdendo, apenas, 2m01s para Sebastien Loeb, Carlos Sainz saiu do “Empty Quarter” na liderança da prova com 20m21s se vantagem para o seu colega de equipa na Audi, Mattias Ekstrom. Sebastien Loeb está no terceiro lugar a 29m31s. Por outro lado, a Toyota tem como melhor representante o brasileiro Lucas Moraes, no final da sexta etapa a 1h04m de Sainz. O top 5 é fechado por Guillaume de Mevius (o filho de Gregoire de Mevius) ao volante de uma Toyota Hilux da Overdrive.
Registar que na estreia da Ford Ranger oficial da M-Sport, Nani Roma chegou ao final da primeira metade da prova em 12º a 2h07m07s, Lala Sanz é a melhor senhora num excelente 17º lugar com o protótipo Astara e que José Marques, ao lado de Gintas Petrus (MD Optimus) é o melhor português dos carros no 27º lugar.
Honda domina nas motos
Depois de alguns avanços e recuos, a Honda está a controlar a prova. José Ignacio Cornejo já passou pelo comando, o mesmo tendo feito Pablo Quintanilla. O primeiro conheceu alguns problemas, o segundo não acautelou o consumo da sua Honda CRF 450 Rally e perdeu a liderança estando, agora, a mais de duas horas da primeira posição.
Em virtude destes problemas dos seus colegas de equipa, Ricky Brabec é o líder da prova, mas com apenas 51 segundos de vantagem para o homem do Botswana, Ross Branch. O piloto oficial da Hero continua com uma janela aberta para a vitória. Brabec procura o segundo sucesso, Branch quer estrear-se a vencer a grande aventura.
Por outro lado, a Honda, liderada por Ruben Faria, tem um piloto em primeiro, outro em terceiro (Adrien van Beveren a 9m21s) e no quarto lugar (José Cornejo, a 14m14s). A ameaça da KTM continua patente com Toby Price e Kevin Benavides a menos de meia hora de diferença.
Portugueses assim-assim
Depois do abandono de Joaquim Rodrigues, a esperanças portuguesas estavam todas em Rui Gonçalves, piloto oficial da Sherco. Infelizmente, a prova não sorriu ao piloto luso e quedas e outros problemas atiraram-no para fora dos 15 primeiros (onde andou a maior parte dos dias) estando, agora, no 34º lugar a mais de seis horas do líder.
Contas feitas, António Maio (Yamaha) é o melhor português e segue no 20º lugar a pouco mais de três horas do líder. Seguem-se Mário Patrão (Honda) e Bruno Santos (Husqvarna) no 30º e 31º lugar respetivamente. Alexandre Azinhais (KTM) é 69º classificado e o israelita com nacionalidade e licença portuguesa, Gad Nachmani (KTM) sege no 102º posto.
Nos veículos de quatro rodas, José Marques é navegador de Gintus Petrus e segue no 27º posto. Nos Challenger (T3), Ricardo Porém segue num excelente 7º lugar, enquanto João Monteiro é 13º classificado e Mário Franco conheceu muitos problemas tendo deslizado até ao 22º posto. Com toda a certeza, quem tem feito um excelente Dakar é João Ferreira. O campeão de Portugal de Todo-o-Terreno já venceu uma etapa e segue num ótimo 4º lugar da geral dos SSV (T4). Fausto Mota é navegador do brasileiro Cristiano Batista e segue no sétimo posto.
Finalmente, destaque para a manutenção em prova dos dois UMM Alter na categoria Classic. Os problemas têm sido muitos, mas Paulo Oliveira e Arcélio Couto e João António Costa e Luís Calvão, continuam em prova a desfrutar do sonho de fazer o Dakar.