Lítio baixou de preço! Mas… serão boas notícias?

O preço do Lítio caiu a pique dos 80 mil para os 22 mil dólares e, agora, está cotado em cerca de 13 mil euros. Quais as consequências?

É verdade que durante 2023 o preço da tonelada de Lítio caiu a pique dos 80 mil para os 22 mil dólares e, agora, está cotado em cerca de 13 mil euros. Dito assim, são excelentes notícias porque, com toda a certeza, isso significará uma redução do preço por kWh das baterias. Porém… não é uma notícia assim tão boa como pode pensar e o Lítio baixou de preço, mas as baterias não. É que esta grande redução de preço só será oportunidade para os construtores reaverem algum do dinheiro já perdido. Por outro lado, a redução do preço traduz uma redução da procura de veículos 100% elétricos.

Naturalmente que o preço das baterias não se avalia, apenas, pelo lítio. Só para exemplificar, o Níquel está a cotar-se em 16.012 dólares a tonelada e o Cobalto é negociado a 22.135 dólares a tonelada!

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Salt Lake City, Utah landscape with desert salt mining factory at lake Bonneville with piles of white mineral and industrial equipment

Lítio baixou de preço… mas não só!

Porém, sendo o lítio e o hidróxido de lítio (que caiu de 53 mil para 30 mil dólares) responsáveis por grande fatia dos componentes de uma bateria, esta baixa de preços poderia ser uma boa notícia.

Por outro lado, o Cobalto, o Níquel e o Manganésio também caíram a pique nas mesas de negociação de futuros nas bolsas de metais. Ou seja, tudo a combinar para que o preço de 139 dólares o kWh das baterias possa baixar ainda mais.

As boas notícias acabam aqui, pois os preços finais não vão refletir estas baixas de preços das matérias-primas. Em primeiro lugar porque os materiais de terra rara continuam elevados. Em segundo lugar, os construtores querem recuperar o faraónico investimento feito. Finalmente, esta baixa de preços tem uma razão bem mais perversa e, sobretudo, preocupante.

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Preços baixam com a procura a desacelerar

Segundo dados da Bloomberg, a venda de veículos 100% elétricos deverá esfriar e entrar em estagnação nas contas finais de 2023. Segundo a consultora, serão menos 200 mil automóveis que o previsto.

Nessa medida, fica evidente que é a queda da procura dos veículos 100% elétricos que está a arrastar para baixo os preços dos metais. Só para exemplificar, o Grupo VW decidiu rever a estratégia do ID.2 de baixo custo, favorecendo os motores de combustão, favorecidos pela nova norma Euro7 mais benigna.

Lítio baixou de preço

Com toda a certeza, o mercado dos veículos 100% elétricos está estagnado. A culpa está na forte procura de anos anteriores, quando empresas e particulares endinheirados aderiram à mobilidade elétrica. Agora, que é preciso penetrar em estratos de mercado mais pobres e renitentes à mudança, tudo está mais complicado.

General Motors e Ford arrepiam caminho

Com armazéns cheios de metais e metais de terras raras, as empresas estão a desacelerar a mineração e tentam esvaziar stocks. Por outro lado, os construtores estão a rever estratégias e a arrepiar caminho.

Só para ilustrar, a General Motors está a deixar de lado o Chevrolet Bolt em favor de modelos com motor de combustão interna, muito mais rentáveis. A Ford entendeu que perder tanto dinheiro (30 mil dólares) em cada Mustang Mach E e em cada F150 Lightning que vende, é um disparate. Por outro lado, a Tesla está a ver a sua liderança do mercado a encolher. Não só pelo esfriar do mercado, mas também pela falta de novidades.

Lítio baixou de preço

Construtores vão reforçar margens

Com as empresas de comercialização de metais a ter de reduzir preços e alguns construtores a armazenar esses metais em grandes quantidades, o próximo par de anos pode trazer alívio nos preços. Porém, mesmo que os preços das matérias-primas baixem, e o Lítio baixe de preço acreditamos que os construtores vão aproveitar para reforçar margens e recuperar algum do investimento feito até agora.